“A depender do que acontece no cenário internacional, qualquer soluço no mundo vira tsunami aqui no Brasil”, disse o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior
Isolado internacionalmente, o Brasil não conta com
as ferramentas de outrora para reagir a turbulências
no mercado internacional. Nesta quarta-feira (29),
as principais bolsas do planeta fecharam em queda,
arrastando também o mercado brasileiro. Diante das
incertezas em relação à recuperação da economia dos
Estados Unidos e com a alta dos derivados do
petróleo, que afetam todos os demais países, os
brasileiros sofrem com a alta generalizada dos
preços.
Para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto
Junior, falta ao Brasil um projeto autônomo de
desenvolvimento. Em entrevista a Glauco Faria, no
Jornal Brasil Atual, nesta quinta (30), ele
relacionou as flutuações nos mercados internacionais
ao receio de que as economias centrais cresçam menos
do que o esperado.
“No mundo, as coisas não estão correndo tão bem como
muita gente imaginava. A conta da pandemia não vai
sair barata. É um cenário internacional bastante
delicado, de muita insegurança ainda. No Brasil,
estamos bem longe de construir pontes efetivas para
sair deste momento”, afirmou.
“Ou seja, a depender do que acontece no cenário
internacional, qualquer soluço no mundo vira tsunami
aqui no Brasil. É o que nós estamos assistindo
agora”, acrescentou.
Custo da crise
Diante dessas incertezas, além da alta do petróleo, o Brasil enfrenta a desvalorização do real frente ao dólar. É o que explica a alta dos preços, principalmente dos combustíveis e dos alimentos. “Quem paga o preço, principalmente, são os mais pobres”, destacou Fausto.
Nesse sentido, ele afirmou que a decisão do Banco
Central de elevar a taxa básica de juros (a Selic)
contribui para o “esfriamento” ainda mais acentuado
da economia brasileira. A elevação dos juros não tem
o efeito pretendido sobre a inflação. Também não
serve para atrair investimentos externos, dada a
degradação da imagem do país no cenário
internacional. A principal consequência é o
encarecimento do crédito para famílias e empresas.
Debilidades
Para reagir à crise internacional de 2008/2009, o governo Lula apostou no fortalecimento do mercado interno. Bancos públicos baratearam o crédito para estimular o consumo, mantendo assim os níveis de emprego. Desde 2016, e principalmente agora, durante o governo Bolsonaro, a aposta é em reformas ultraliberais, que fragilizaram ainda mais o mercado de trabalho.
Além disso, no plano internacional, optou-se por um
maior alinhamento à economia estadunidense, em vez
do multilateralismo adotado no período anterior,
segundo Fausto. Com isso, o Brasil vem enfrentando
dificuldades, como nas negociações do Mercosul com a
União Europeia. Também perdeu protagonismo em
organismos internacionais como o G20, e enfraqueceu
as relações com o bloco dos Brics.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
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