Médico aponta que congelamento de gastos feito pelo governo
federal tirou dinheiro do serviço público. Pesquisadora alerta para a
expansão da rede privada de assistência
A
política neoliberal do governo Temer tem afetado e sucateado o Sistema
Único de Saúde (SUS). Para especialistas, a Emenda Constitucional 95,
que congela os investimentos públicos por 20 anos, somada à privatização
de serviços essenciais, resultam em menos assistência à população de
baixa renda.
O relatório Políticas Sociais e Austeridade Fiscal,
divulgado em maio pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes),
contradiz a promessa do governo de que a saúde não seria prejudicada
pelo congelamento de gastos. Na prática, os problemas já são visíveis.
"A
gente tem percebido no cotidiano do sistema público uma redução de
leitos de internação em hospitais, a redução da capacidade dos serviços
públicos de responder com exames e medicamentos", afirma Thiago dos
Santos Silva, que dirige uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em São
Bernardo do Campo, no ABC paulista, e é membro da Rede de Médicos
Populares.
O documento explica como a ideia de Estado mínimo do neoliberalismo afeta
a vida dos brasileiros. A cientista social Isabela Santos, uma das
responsáveis pelo estudo, afirma que a política neoliberal de
congelamento de gastos do governo Temer só piora a situação da saúde no
Brasil.
"Quando esse congelamento é feito, aumenta o que já estava
acontecendo com o SUS: desde sua criação, ele nunca foi aplicado como é
previsto na Constituição Federal. Agora, com essa Emenda será muito
pior", critica Isabela, em entrevista ao repórter Jô Myiagui, da TVT.
O
médico e a pesquisadora afirmam que a ideia de Temer é reduzir o
tamanho e a importância do SUS para que as empresas de medicina privada
possam se expandir.
"O
governo federal já tem há muito tempo um mecanismo de repasse indireto
de verba para a saúde suplementar. Esse repasse se dá através da isenção
fiscal. O cidadão de classe média tem um desconto no imposto de renda
de acordo com os gastos com plano de saúde, ou seja, é um repasse de
verba diretamente do setor público para o privado", explica Thiago.
O
programa Mais Médicos, criado em 2013 no governo Dilma Rousseff para
levar saúde às periferias, pequenas cidades e vilarejos isolados também é desmontado.
"A estratégia principal do governo Temer é tirar a maior quantidade de
médicos cooperados e colocar médicos brasileiros, só que a gente tem
visto muitos municípios que tinham os médicos cubanos antes. Agora
começaram a ser desassistidos, porque os (médicos) brasileiros passam um
ou dois meses na cidade e não ficam", lamenta.
Escrito por: Redação RBA
Ivan Baldivieso/AGECOM Bahia
FONTE: https://www.cut.org.br/noticias/austeridade-de-temer-sucateia-o-sus-e-privilegia-planos-privados-de-saude-ebfd