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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Brasil acumula desempregados, subocupados, informais e desalentados

 País supera marca de 14 milhões de desempregados. Ocupação cresceu no último trimestre, mas principalmente pela informalidade


A taxa média de desemprego foi de 14,1% no trimestre encerrado em novembro, estável em relação ao anterior (14,4%) e bem maior que o de igual período de 2019 (11,2%). A maior para o período na série histórica. O Brasil rompeu a marca dos 14 milhões de desempregados (14,023 milhões). São 2,160 milhões a mais em 12 meses, crescimento de 18,2%. Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, foram divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE.


Se na conta forem incluídos os subocupados, o total vai a 32,162 milhões, alta de 21% em um ano. E o número de desalentados subiu 22,9% nesse período, atingindo 5,723 milhões.


Mais gente à procura

 

O mercado de trabalho até aceitou mão de obra no trimestre setembro-novembro. O total de ocupados cresceu 4,8% (3,912 milhões a mais), para 85,578 milhões. Mas em relação a novembro de 2019, a ocupação cai 9,4% – menos 8,838 milhões.


A alta da ocupação, que se dá sobre uma base deprimida, foi a maior da série. Isso aponta que as pessoas estão voltando ao mercado, o que futuramente pode pressionar a taxa de desemprego. O IBGE, ao analisar a situação dos desempregados no Brasil, informa que “a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal”.


Informais são 33,5 milhões

 

O número de empregados no setor privado sem carteira, por exemplo, cresceu 11,2% de agosto para novembro, somando agora 9,735 milhões. “Com esse acréscimo, a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no país. No trimestre anterior, a taxa foi de 38%”, diz o instituto.

“Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado”, afirma a analista Adriana Beringuy. “A população informal nesse mês de novembro corresponde a cerca de 62% do crescimento da ocupação total e, no trimestre encerrado em outubro, respondia por quase 89% da reação da ocupação. Então, a informalidade passa a ter uma participação menor em função da reação da carteira de trabalho assinada.”


Os trabalhadores com carteira no setor privado somam 29,963 milhões, crescimento de 3,1% no trimestre. Em relação a novembro de 2019, a pesquisa mostra queda tanto dos com carteira (-10,3%) como dos sem carteira (-17,6%).


Menos dinheiro na economia

 

Já os trabalhadores por conta própria chegam a 22,937 milhões. Mais 6,6% no trimestre e menos 6,7% em 12 meses. O trabalho doméstico, por sua vez, inclui 4,791 milhões. Cresce 5,1% em três meses e despenca (-24,6%) em um ano.


Estimado em R$ 2.517, rendimento médio caiu 2,7% no trimestre e cresceu 4% em 12 meses. Já a massa de rendimentos totalizou R$ 210,049 bilhões, estável ante agosto e com queda de 5,9% em relação a novembro de 2019. Ou, como mostra a Pnad/IBGE, menos R$ 13,238 bilhões na economia.


“Novo” Caged

 

O país teve ligeiro saldo positivo no mercado formal em 2020. A diferença entre contratações e demissões foi de 142.690 vagas com carteira, segundo o “novo” Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O resultado foi divulgado também hoje pelo Ministério da Economia.


Segundo o governo, a construção abriu 112.174 vagas, a indústria teve 95.588 postos e agropecuária, 61.637 postos. Os serviços fecharam 132.584, enquanto comércio/reparação de veículos ficou mais próximo da estabilidade (8.130).

 

Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI

 

https://cnti.org.br/html/noticias.htm#Brasil_acumula_desempregados,_subocupados,_informais_e_desalentados 


 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Fechamento de fábrica da 3M revela que ‘indústria está ao deus-dará’, diz Dieese

 

Fausto Augusto Junior afirma que mudanças são reflexo do processo de desindustrialização do país


A multinacional 3M anunciou o fechamento de sua fábrica em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O local era responsável pela fabricação de itens odontológicos, que serão realocados para outra sede da empresa, em Sumaré (SP). Com isso, 120 funcionários deverão ser demitidos.


Recentemente, outras grandes empresas anunciaram sua saída do Brasil. A Ford concentrou-se na Argentina e a Sony, para a China. Na última semana, a Yoki também anunciou que mudará o local de sua fábrica, que sairá de Nova Prata (RS) para Pouso Alegre (MG). Trezentos funcionários também serão dispensados.


Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, afirma que essas mudanças, como a da fábrica da 3M, são reflexo do processo de desindustrialização do país e que se agravou, nos últimos cinco anos, após o impeachment de Dilma Rousseff. “O setor automotivo tem preferido importar produtos do México, os eletroeletrônicos estão vindo da China. Sem uma política industrial que incentive a produção local, vamos assistir a um país que encolhe sua produção industrial. A indústria está ao deus-dará”, disse à Rádio Brasil Atual.


Dinâmica econômica

Com a “reforma” trabalhista, realizada durante o governo de Michel Temer (MDB), o poder de compra do trabalhador foi reduzido. Fausto explica que o Brasil perdeu seu dinamismo econômico, reduziu a demanda e aumentou a concentração de renda. “É bom lembrar que, desde 2016, todas as políticas de proteção à indústria nacional foram desmontadas, o que acelerou a saída das empresas e caminhamos para ser um país apenas agroexportador”, acrescentou o especialista.


O diretor técnico do Dieese rebate o argumento das empresas, que justificam suas saídas por conta do “Custo Brasil” – termo usado para definir um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento da produção industrial.


“Sempre que o mercado fica frágil, o conjunto de empresários tenta recolocar a culpa no “Custo Brasil”, sem especificar o que é. Eles mesmos tentam reduzir os direitos dos trabalhadores cada vez mais. O fato é que quando há demanda, a produção nacional fica aquecida. O que puxa o investimento é seu mercado, a perspectiva de boas vendas, o que não há”, finalizou.

 

Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI

 

https://cnti.org.br/html/noticias




terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Com 11 milhões de postos de trabalho a menos, pandemia no Brasil teve impacto duas vezes superior que a média mundial


Informe anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que o Brasil perdeu 11,1 milhões de postos de trabalho devido à pandemia. O número é quase duas vezes superior à média mundial


O informe anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que o Brasil perdeu o equivalente a 11,1 milhões de postos de trabalho devido à pandemia do novo coronavírus, um impacto quase duas vezes superior à média mundial. Segundo a organização, a perda de renda foi de 21% no primeiro semestre de 2020.


Ainda segundo a OIT, “o continente americano é a região mais afetada pela crise da covid-19, registrando uma perda total de 13,7% em termos de horas de trabalho durante 2020". A informação é da coluna do jornalista Jamil Chade, no UOL.


As maiores perdas na região em relação as horas trabalhadas foram registradas no Caribe e na América Latina. Nesta linha, o Brasil perdeu 15%, contra 12% do México.


“As perdas no Brasil seriam equivalentes a 11,1 milhões de postos de trabalho, o quarto número mais elevado do mundo em termos absolutos”, destaca Chade no texto. O dado inclui os trabalhadores demitidos, os que abandonaram o mercado de trabalho e os que tiveram a carga horária reduzida.


Em nível global, a média de horas trabalhadas recuou 8,8% ao longo de 2020, correspondendo a 255 milhões de postos de trabalho em tempo integral. A reportagem destaca, ainda, que a estimativa da OIT “é de que 33 milhões de pessoas no mundo foram afetadas pela perda completa de emprego, elevando o desemprego global para 220 milhões de pessoas”.


No documento, a OIT também defende necessidade da manutenção de “pacotes de apoio a trabalhadores” para evitar o “risco de uma pressão ainda maior para a integridade do tecido social.

 

Fonte: Brasil247 - Do Blog de Notícias da CNTI -  cnti.org.br


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A urgência de uma política industrial para o Brasil em 2021

 

O ultraliberalismo de Bolsonaro e Paulo Guedes, que soma retirada acelerada de direitos trabalhistas e previdenciários, sucateamento dos serviços 

públicos e projetos de privatização, tem apenas confirmado sua incapacidade de gerar emprego e renda para trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. No âmbito estadual, o governo Dória em São Paulo atua no mesmo sentido, empenhando-se em acabar com a tarifa zero do transporte público para idosos, ameaçando elevar o ICMS de alimentos, etanol e medicamentos genéricos, cortando verba das Santas Casas, porém aumentando fortemente o gasto com publicidade e propaganda.

Enquanto isto a classe trabalhadora brasileira sofre com a perda de postos de emprego, precarização das condições de trabalho, queda na remuneração e aumento dos custos de vida, especialmente daqueles relacionados aos itens básicos de subsistência. A última taxa de desemprego apurada pelo IBGE atingiu 14,3%, o que corresponde a 14,1 milhões de pessoas desempregadas. A inflação medida pelo IPCA, por sua vez, fechou o ano de 2020 em 4,52%, acima das estimativas do governo e, portanto, já impondo uma perda real para o salário mínimo de 2021 fixado em R$ 1.100. A situação é ainda mais grave quando olhamos para o preço da cesta básica, em todas as capitais seu valor foi pelo menos três vezes maior que a inflação acima mencionada.

Fato é que todos os dados socioeconômicos apontam no sentido do agravamento das condições em que se encontra a sociedade brasileira, sobretudo em relação à situação das parcelas mais vulneráveis da população. Neste preocupante contexto político e econômico insistimos sobre a necessidade de uma política industrial voltada à promoção de empregos de qualidade e à geração de renda, capaz de retomar a atividade produtiva brasileira de forma sustentável. Em 2007, durante o governo Lula, tivemos o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que efetivou um volumoso gasto público em infraestrutura capaz de atrair investimentos produtivos e dinamizar a indústria nacional. No governo Dilma houve a implementação do Plano Brasil Maior (PBM), que conseguiu ampliar cadeias produtivas nacionais, também como produto de um diálogo tripartite articulado em câmaras setoriais.

O Brasil de hoje não conta com absolutamente nenhum planejamento industrial organizado estrategicamente em esfera nacional ou estadual. Tem-se como resultado desta ausência de política industrial uma massiva fuga de capitais e o fechamento de plantas produtivas, cujo caso da empresa Ford é apenas o mais recente e evidente exemplo. Veja que mesmo as desonerações fiscais conquistadas pelo lobby industrial, a enorme desvalorização cambial do real (moeda com o pior desempenho no mundo em 2020) estimulando a produção exportadora e a reduzida taxa básica de juros (hoje em 2% a.a., menor patamar histórico) – todas antigas pautas de reivindicação das entidades patronais industriais – não são capazes por si só de frear o processo de desindustrialização no Brasil.

Indústria não é sinônimo de desenvolvimento, mas não existe país desenvolvido no mundo sem uma indústria forte. A participação da indústria de transformação no PIB brasileiro alcançou em 2019 o pior nível histórico da série do IBGE que se iniciou em 1996, caindo de 16,8% para 11%. Uma cadeia produtiva industrial consolidada corresponde a um eixo dinâmico que se irradia para todos os demais setores econômicos, representa postos de trabalho com qualidade que exigem maior qualificação profissional e que pagam melhores salários, promovendo assim também investimentos na educação nacional.

Um país industrializado possui soberania nacional, algo que se mostra especialmente relevante em um contexto de pandemia, no qual as decisões sobre o quê, onde e quando produzir, são absolutamente essenciais à preservação da vida de toda a população. Uma indústria nacional verdadeiramente forte não deixaria o Brasil vulnerável à falta de oxigênio nos hospitais, não nos colocaria a necessidade urgente de importar agulhas e seringas para efetivação de uma campanha de vacinação em massa e, sobretudo, não se apresentaria estruturalmente dependente da importação de insumos farmoquímicos para produção em larga escala da vacina contra a Covid-19. O governo Bolsonaro compromete a soberania nacional, o desenvolvimento industrial brasileiro e a própria possibilidade do país ser abastecido com os produtos essenciais ao enfrentamento da pandemia.

Sergio Luiz Leite, Serginho

Serginho preside a Fequimfar e integra o Conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador 


Presidente da FEQUIMFAR e 1º secretário da Força Sindical

 

FONTE: Agência Sindical

https://agenciasindical.com.br/a-urgencia-de-uma-politica-industrial-para-o-brasil-em-2021/

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

RETOMAR A PRODUÇÃO NOS PARQUES INDUSTRIAIS COM OU SEM A FORD

Um país com as dimensões e a importância estratégica do Brasil não pode assistir impassível sua industrialização tardia, mas pujante, se desmanchar por falta de uma política nacional de desenvolvimento.

A industrialização do país evoluiu e se desenvolveu com os investimentos do Estado nas indústrias do aço e do petróleo. A destruição do parque produtivo industrial nacional, portanto, além de jogar fora todo esse investimento e esforço, representa graves consequências para a população e é um verdadeiro desastre para o país.

O governo federal, os governos estaduais e o Congresso Nacional precisam reagir e assumir uma postura ativa em prol da retomada de nosso processo de industrialização.

Podemos ser um celeiro na produção de alimentos, soja, minérios, água e fonte de energia, mas não podemos nos limitar a ser um país exportador de commodities, sob o risco de nos tornarmos uma nação pequena e pobre, apesar de nossas dimensões, riquezas e disposição de trabalho do povo brasileiro.

O maior país da América do Sul não pode ter um governo que fala grosso com seus vizinhos, mas que se cala diante de uma decisão extemporânea da Ford, que foi aqui recepcionada e sempre contou com o efetivo apoio, financiamento e concessões do Estado brasileiro.

A empresa que adquiriu uma indústria nacional de veículos – a Troller – que produzia Jipes com designer próprio em Horizonte (CE), quer cerrar suas portas e deixar seus trabalhadores abandonados.

A Ford, que até 2019 produzia em São Bernardo do Campo, produz em Taubaté (SP) e em Camaçari (BA), foi beneficiada por incentivos fiscais e assumiu o compromisso de permanecer até 2025 no país, porém, quatro anos antes, abandona o Brasil e seus trabalhadores, segura que manterá suas vendas de veículos inalteradas para nosso pujante mercado consumidor.

Segundo a Folha de S. Paulo, o Ministério da Economia teria montado um grupo de trabalho para avaliar o fechamento das fábricas da Ford no País e estaria entrando em contato com outras montadoras sobre a possibilidade de elas assumirem as unidades da marca.

Para que este caminho seja efetivo é preciso adotar uma postura firme no diálogo com a Ford, como apontado acima, e assumir uma postura condizente com o tamanho do Brasil e de seu mercado consumidor.

A Associação Americana de Juristas (AAJ), entidade fundada, em 1975, com status consultivo ante o Conselho Econômico e Social da ONU, lançou uma nota na qual afirma que “a Ford não é vítima do Brasil, do governo, ou do dito ‘custo Brasil’; durante seus mais de 100 anos de instalação no país, desde 1919, foi extremamente favorecida por inúmeras políticas públicas voltadas ao incentivo da produção; foram anos e anos de uma atividade altamente lucrativa, com relação à qual o tal ‘custo Brasil’ nunca constituiu empecilho.

Antes de partir, a Ford deve, no mínimo, levando em conta os pressupostos jurídicos constitucionais da função social da propriedade, entender que todo o seu patrimônio, situado no Brasil, não pode ser levado embora, devendo ser revertido aos trabalhadores e trabalhadoras que integraram suas unidades produtivas, para, caso queiram, desenvolvam nelas uma produção em modelo de autogestão ou, simplesmente, os leiloem.

Alertamos à sociedade brasileira para a necessária prestação de contas da multinacional que em nenhuma hipótese pode fechar suas fábricas e abandonar o país, deixando milhares de trabalhadores e trabalhadoras no desemprego e contribuindo de forma contundente para o caos social em nosso país”.

Neste sentido, o Ministério Público do Trabalho (MPT) criou um Grupo Especial de Atuação Finalística (Geaf) para monitorar os impactos do fechamento de três fábricas da companhia norte-americana, que podem afetar até 5 mil trabalhadores.

O Congresso Nacional precisa assumir suas responsabilidades e exigir que o governo tome as medidas necessárias para que o processo de desindustrialização do país não se intensifique ainda mais com a desativação destes parques industriais.

O governo deve se esforçar para manter a Ford e assegurar os empregos dos trabalhadores diretos e indiretos, explicitando que sua saída do Brasil implicará em grandes perdas neste imenso mercado consumidor.

Caso a Ford mantenha sua decisão, os governos federal e os estaduais devem encampar suas plantas industriais, com máquinas e equipamentos, como contrapartida dos bilhões de reais que deixaram de arrecadar em face dos incentivos fiscais e benefícios que recebeu no Brasil.

Garantida a permanência dos parques industriais, máquinas e equipamentos no país, as autoridades brasileiras devem buscar empresários dispostos a investirem na produção, adaptação e modernização, para que seja possível a produção de veículos e a manutenção dos empregos em cada planta industrial. Segundo cálculos da Receita Federal, quando da elaboração do orçamento, os incentivos tributários previstos para o setor automotivo foram R$ 5,9 bilhões para 2021.

Um país que desenvolveu o moderno parque industrial de aviões, por meio da Embraer, pode construir as parcerias necessárias para a produção de veículos competitivos, assegurando os empregos diretos e indiretos e o rendimento das famílias abandonadas pela Ford.

Setores do governo federal alegam que se trata de um reposicionamento global das marcas provocado pela tendência dos carros elétricos e que a baixa qualificação dos trabalhadores exige investimentos pagos pela empresa. Retoma os argumentos da carga tributária, deficiências na infraestrutura e insegurança jurídica. Todos argumentos discutíveis e de fácil superação, caso sejam estabelecidos diálogos efetivos com as entidades sindicais e com o Sistema S.

Em carta escrita para o presidente da Ford, o secretário-geral da Industriall Global Union, Valter Sanches, em nome de mais de cinquenta milhões de trabalhadores nos setores de mineração, energia e manufatura em todo o mundo, pediu para a Ford reconsiderar sua decisão e envolver os sindicatos na discussão de alternativas. Expressou sua indignação com a extrema decisão de deixar o Brasil após 102 anos de história de fabricação e vendas no país, com o fechamento das três fábricas restantes e levando a demissão de 5.000 trabalhadores, o que afetará cerca de 70.000 empregos adicionais no país.

As 11 Centrais Sindicais brasileiras atuam de forma unitária, realizam articulações com os governadores e parlamentares, governo federal e convocam manifestações em frente das concessionárias de revenda da Ford para o próximo dia 21 de janeiro, enfim, buscam compromissos efetivos para assegurar a retomada da produção nas plantas industriais e a manutenção dos empregos, com ou sem a Ford.

A vocação do Brasil, desde 1930, tem sido por se tornar um país industrializado. É preciso retomar e impulsionar nosso potencial industrial, transformando nosso aço, nossos minérios, e nossa produção agrícola e de proteína animal em produtos industrializados. Frente às adversidades é preciso coragem, senso de brasilidade e acreditar no potencial do Brasil e de sua classe trabalhadora.

Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT); Sérgio Nobre, presidente da CUT; e Vagner Freitas vice-presidente da CUT

Fonte: Agencia Sindical

https://agenciasindical.com.br/retomar-a-producao-nos-parques-industriais-com-ou-sem-a-ford/

 

 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Centrais realizam ato em solidariedade aos trabalhadores da Ford, nesta quinta (21)

 

O protesto visa denunciar os impactos do fechamento da fábrica e chamar a atenção da sociedade e dos governantes para que ajudem a reverter situação. Em Camaçari (BA) haverá assembleia.

Escrito por: Érica Aragão

 ADONIS GUERRA/ SMABC

 

Luta dos trabalhadores na Ford SBC

 

Nesta quinta-feira (21), a partir das 10 horas, representantes da CUT e demais centrais sindicais (Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB), da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e de diversos sindicatos, entre eles o dos Metalúrgicos do ABC, Taubaté e de Camaçari farão um ato de solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da Ford em frente às concessionárias da montadora norte-americana em diversas regiões do país.

O ato central, com a presença dos presidentes da CUT e das demais centrais, da IndustriALL-Brasil e de outras organizações apoiadoras, será na concessionária Ford da Avenida Doutor Ricardo Jafet, 1259, zona sul da capital de São Paulo .

Nas cidades de Taubaté e São José dos Campos, interior do estado, terá ato em frente à concessionária Econorte. Na Bahia, os trabalhadores e trabalhadoras da Ford farão uma assembleia em frente à empresa.

Cada entidade sindical estadual ou municipal tem autonomia para escolher a concessionária que irá fazer a mobilização, cujos locais não  foram divulgados.

O protesto também tem como objetivo denunciar os impactos negativos do fechamento das unidades de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), para os trabalhadores da Ford, à sociedade e ao país.

Segundo o Dieese, as demissões de aproximadamente 5 mil trabalhadores e trabalhadoras podem levar ao fechamento de quase 120 mil postos de trabalho, considerando a cadeia econômica. Além dos impactos econômicos na cidade, onde as empresas deixarão de funcionar, o país vai deixar de arrecadar em torno de R$ 3 bilhões, com a saída da Ford.  

Para o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, é um absurdo uma empresa que foi beneficiada com tanto incentivo e ganhou muito por muito tempo vai embora assim, sem se responsabilizar com os impactos que esta decisão trará. Segundo ele, a culpa desta intransigência da fábrica é do governo de Jair Bolsonaro ( ex-PSL), que está à beira do precipício, que não tem política econômica e nem um planejamento para garantir a manutenção dos empregos

“Exigimos que o governo faça seu papel de intervir nesta ação da Ford e garanta a manutenção dos empregos e dos direitos de milhares de trabalhadores. E se esse genocida não tem responsabilidade, que haja um iniciativa na Câmara Federal para que ajude nacionalizar a empresa, o maquinário e o terreno para que se pague os trabalhadores e mantenha os empregos ou então negocie uma alterativa. O que não pode é abandonar a classe trabalhadora”, disse Vagner, que confirmou presença na mobilização.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, o Paulão, disse que a orientação da entidade é que os representantes dos sindicatos e federações filiadas participem da mobilização em solidariedade aos companheiros e companheiras da Ford.

O dirigente ressalta que todos e todas que vão participar dos atos presenciais se protejam e mantenham os cuidados contra a Covid-19, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como uso da máscara, distanciamento social e usar o álcool em gel. Ele disse também que agora é a hora de reforçar a reivindicação do movimento sindical CUTista e construir de uma política industrial.

“Todos nós da CNM/CUT estamos solidários a esta luta e queremos demonstrar nossa indignação com a atitude da Ford. Esta empresa está destruindo empregos no meio de uma pandemia que está matando cada vez mais o nosso povo. É chegada a hora de articular conjuntamente, com todas as partes envolvidas, para que haja uma política nacional industrial decente para a classe trabalhadora”, ressaltou Paulão.

O presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, também confirmou presença e afirmou que é preciso cobrar ação das autoridades como um todo para conseguir reverter a situação.

“A gente quer chamar atenção tanto da Ford quanto dos governos federal, estadual e municipal sobre os impactos do fechamento da forte, inclusive na própria concessionária que faz parte da cadeia da Ford, assim como a área de serviço e comércio e outros setores. Precisamos dar visibilidade às atitudes da Ford e cobrar as autoridades brasileiras”, afirmou a dirigente.

E na Bahia

Os atos nas concessionárias da Ford na Bahia ainda não estão confirmados, mas já está marcada uma assembleia na porta da empresa em Camaçari. A partir das 6 horas da manhã, trabalhadores e trabalhadoras da fábrica e representantes da CUT , das centrais e dos nove sindicatos das categorias que serão impactadas com o fechamento da Ford estarão presentes.

“Estamos em diversas frentes de luta para reverter a situação de todos que serão impactados. A CUT Bahia se solidariza com os trabalhadores e trabalhadoras da Ford e de toda cadeia produtiva , mas também estamos buscando outras formas para reverter esta decisão da Ford. Que na verdade não é só da Ford,  temos nove sindicatos da Central atuando para reverter a situação. A gente tem reivindicado o direito ao emprego e dizendo não para as demissões em massa em plena pandemia. Não podemos aceitar estas demissões”, afirma a diretora executiva da CUT, Marize Souza Carvalho, que confirmou que toda direção CUTista na Bahia foi convocada para participar da assembleia.

A dirigente também contou que logo após a assembleia da Ford nesta quinta , representantes dos sindicatos e a direção da CUT Bahia se reunirão para intensificar e ampliar a mobilização, e a  luta em defesa dos empregos.

Reunião com Ford cancelada

O coordenador do Comissão Sindical de Empresa (CSE) da Ford Taubaté, Sinvaldo Cruz, que faz parte do grupo que está responsável pelos diálogos com a Ford, disse que desde o anuncio do fim da empresa no país a entidade tem conversado com a empresa, mas sem sucesso. Por isso existe a possibilidade do sindicato cancelar reunião marcada para esta quinta-feira, e o dirigente ir ao ato em Taubaté.

Segundo ele, a multinacional está irredutível e só fala em indenizações para a categoria demitida e não é isso que os trabalhadores e trabalhadoras querem. Além disso, aponta Sinvaldo, o calendário de negociação na Ford é autoritário e não prevê reversão da situação.

“A Ford impôs um calendário de negociação que só favorece à ela e a gente discorda duplamente. Uma porque é um processo diário e não dá para participar de reunião todos os dias porque temos outras frentes e precisamos envolver mais um monte de pessoas nesta luta. E segundo, é que a Ford só fala em indenização e não é isso que a gente quer. A gente não aceita outra coisa a não ser os empregos e o trabalho de volta. Amanhã estaremos nas ruas e vamos pressionar para que isso aconteça”, finalizou Sinvaldo.

*Edição: Rosely Rocha

 

Fonte: Página da CUT ( Central Única dos Trabalhadores)

https://www.cut.org.br/noticias/centrais-realizam-ato-em-solidariedade-aos-trabalhadores-da-ford-nesta-quinta-21-d01c