Em
texto longo e detalhado, o Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap) publica em seu site a Agenda Sindical do ano junto ao
governo federal, Ministérios e ao Congresso Nacional. “Engana-se quem
imagina que será ano curto e vazio”, alerta a abertura do texto.
Afora
as disputas naturais de uma democracia, o Diap lembra-nos que este é
ano de eleições municipais, o que eleva a temperatura política. Diz o
artigo: “Agenda vai exigir muita ação do sindicalismo. Não só porque é
ano eleitoral. Mas, sobretudo, por se tratar de ano com pauta
desafiadora, que recomenda muito discernimento e energia para tocá-la”.
Frentes
– O Diap aponta três frentes de ação: a econômica, com a regulamentação
da Reforma Tributária; a social, cuja agenda passa por vacinação contra
a dengue e a Covid; e os programas de transferência de renda, que
cobrem metade da população brasileira.
Segundo o Diap é a frente
política que comanda as demais, cuja agenda passa pela sucessão nas
presidências da Câmara e Senado, além das eleições municipais. A relação
com os partidos da base aliada, os Servidores, cujas demandas estão em
curso, a relação com a oposição de extrema-direita e sua pauta
reacionária, que ainda mobiliza os apoiadores do ex-presidente
inelegível, entre outras.
Quem é – Em termos de
comparação, o Diap realiza na articulação política para o sindicalismo o
que Dieese faz na assessoria econômica e formação de quadros para o
movimento.
Economia
O primeiro ano foi marcado pela aprovação de medidas pra garantir estabilidade democrática e confiança dos agentes econômicos.
Priorização
de financiamentos estratégicos, garantia de recursos para os entes
federativos, criação das condições para o crédito e a redução do
endividamento das famílias saírem do discurso e do papel.
Cumprir o
novo arcabouço fiscal será uma das grandes batalhas no ano. O combate à
inflação e a queda da taxa de juros Selic para melhorar o ambiente de
negócios devem reabrir o debate sobre o papel do Banco Central e a
autonomia que o Congresso lhe conferiu ainda no período pandêmico.
Social
Nesse
aspecto foi possível recuperar os programas sociais de transferência de
renda considerados essenciais para a população mais carente e
necessitada do País.
A volta da política de valorização do salário
mínimo e a geração de emprego registrada sinaliza nova realidade para
os trabalhadores.
O governo pretende, neste semestre, enviar mais
propostas para legislar sobre setores com ausência de regulamentação. O
trabalho em aplicativo ou plataforma e o fortalecimento da negociação
coletiva estão em negociação no governo.
Política
Talvez
o maior entrave vai ser a postura do governo frente ao chamado Centrão,
que ergueu a bandeira de “soberania do Legislativo”, na abertura dos
trabalhos no Congresso Nacional.
O grupo liberado pelo presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem o objetivo único de garantir a
sucessão de aliado a presidente da Casa.
O deputado Elmar
Nascimento (União Brasil-BA) larga na frente para manter o Centrão com
protagonismo perante o governo e o Senado. Mas outros nomes são fortes:
deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Britto (PSD-BA).
Ambos dialogam bem com o governo.
Nas urnas, ruas e redes sociais
também haverá muito movimento. As costuras de palanques nas eleições
municipais e de candidaturas anteciparão as tendências para as eleições
de 2026.
O principal partido de oposição no Brasil, o PL,
enfrenta, neste momento, muitos inquéritos e sucessivas operações.
Restará, diante disso, a chamada disputa de narrativas nas ruas, mas
também nas redes sociais, ambiente de maior influência do bolsonarismo.
Pesquisas
têm mostrado a discordância da população sobre a decisão que tornou
inelegível o ex-presidente da República e a ideia de perseguição
política do STF em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a
família dele.
Prioridades
Além das medidas
provisórias e projetos de lei em tramitação no Congresso, o governo deve
priorizar alguns temas que foram até previstos na entrega da mensagem
presidencial de abertura do ano legislativo, sendo:
1) Aprovar a regulamentação da Reforma Tributária;
2) Melhoria da governabilidade, com foco no Congresso, e a relação com o chamado Centrão;
3) Ampliar as relações diplomáticas;
4) Impulsionar a nova política industrial;
5) Aumentar a geração de emprego de qualidade com o novo PAC;
6) Eleger mais prefeitos aliados no pleito municipal de outubro; e
7) Melhorar a aprovação popular do governo.
Trabalhadores
Para
os trabalhadores, o movimento sindical precisa e deve acompanhar os
desdobramentos dos grupos de trabalho, no âmbito do Ministério do
Trabalho e Emprego, que devem transformar os resultados das discussões
em propostas que podem ser enviadas ao Congresso Nacional. Dentre os
temas, destacamos:
1) Regulamentação do trabalho em
aplicativo/plataforma. Tendência: dificuldade de consenso na proposta;
Congresso deve acatar pleitos do setor privado durante a tramitação;
2)
Fortalecimento da negociação coletiva no setor público e privado.
Tendência: consenso no governo, mas dependerá do ambiente no
Legislativo. Alguns pontos encontram resistência da bancada empresarial e
frentes parlamentares.
3) Transformação do Estado –
reestruturação de carreiras de Estado. Tendência: divergências nas
categorias e governo. O cumprimento de metas de déficit dificultará a
implementação da agenda de reivindicação das categorias.
4)
Reposição salarial e de pessoal na Administração Pública (mesa de
negociação e Concurso Nacional Unificado). Tendência: governo lançou o
primeiro concurso para reestruturação do Estado. Mas o cumprimento de
metas de déficit dificultará negociações salariais.
5) Reforma
Administrativa em tramitação (PEC 32/20). Tendência: mobilização na
Câmara para votar a proposta pronta para a pauta do plenário, em
primeiro turno. Governo deve encaminhar medidas infraconstitucionais
para construir a Reforma Administrativa com outro viés.
6)
Empresas públicas. Tendência: elaboração de proposta alternativa na mesa
de negociação instalada no Ministério da Gestão e Inovação para
garantir liberdade de negociação coletiva e revogação da CGPAR 42
(Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração
de Participações Societárias da União 42), de 2022.
Relação completa dos GTs em funcionamento no Poder Executivo:
Resolução
CCFGTS 1.082 – Grupo de Trabalho com o objetivo de avaliar indicadores e
ferramentas de gestão sustentável para incorporação ao processo de
elaboração dos orçamentos e gestão do FGTS.
Portaria SE/MTE 3.679 –
Grupo para Aprimoramento da Integração do Sistema de Escrituração
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial
nas bases de dados do Ministério do Trabalho e Emprego e seu emprego na
sistemática de pagamento de benefícios trabalhistas do
seguro-desemprego e abono salarial.
Portaria SE/TEM 3.662 – Grupo para revisão e consolidação dos atos normativos no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego.
Portaria
SE/MTE 3.636 – Grupo com o objetivo de elaborar proposta de texto de
pacto nacional sobre boas práticas para o trabalho decente no setor da
construção civil no Brasil.
Resolução Codefat 986 – GT Especial,
com o objetivo de avaliar o Funproger (Fundo de Aval para Geração de
Emprego e Renda) e alternativas de garantias para operações de crédito
com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Resolução Codefat
982 – Grupo Especial com o objetivo de avaliar metodologias de aferição
de empregos resultantes das aplicações financeiras do FAT.
Resolução
CCFGTS 1.076 – GT para avaliar metodologias de aferição de empregos
gerados/mantidos e de população beneficiada a partir das operações de
crédito financiadas com recursos do FGTS.
Portaria MTE 2.157 –
Grupo com o objetivo de elaborar proposta de texto do acordo nacional
sobre práticas para o trabalho decente na cafeicultura.
Portaria
MTE 2.014 – GT que designa representantes pra apreciar, deliberar e, no
que for aplicável, propor alterações dos dispositivos da Portaria/MTP
671, de 8 de novembro de 2021, no que se refere ao Capítulo XVIII – Da
Aprendizagem Profissional e do Cadastro Nacional de Aprendizagem
Profissional.
Portaria MTE 1.610 – Grupo para tratar de proposta de carreira para os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego
Portaria
MTE 378 – GT para subsidiar a apreciação das propostas orçamentárias
dos Serviços Nacionais de Aprendizagem do exercício de 2023 e para
formular instrumentos e mecanismos de avaliação da sinergia entre as
atividades e as políticas finalísticas de qualificação, de aprendizagem
profissional e de gestão informacional sob gerência do Ministério do
Trabalho e Emprego, nas propostas orçamentárias dos Serviços Nacionais
de Aprendizagem dos exercícios subsequentes.
Decreto 11.853 – Institui o Pacto Nacional pela Inclusão Produtiva das Juventudes e o seu Comitê Gestor.
Decreto
11.801 – Institui o GT Interministerial com a finalidade de propor
orientações para a elaboração e o desenvolvimento de programas de
aprendizagem profissional direcionados ao setor de vigilância privada e
ao segmento de transporte de valores.
Decreto 11.772 – Institui o
GT Interministerial para a elaboração de proposta da Política Nacional
de Direitos Humanos e Empresas.
Decreto 11.700 – Grupo de Trabalho do Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.
Decreto
11.671 – Institui o Grupo de Trabalho Interministerial sobre a
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
Decreto
11.669 – Institui Grupo de Trabalho para elaboração de proposta de
regulamentação da negociação das relações de trabalho no âmbito da
Administração Pública federal.
Decreto 11.656 – Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
Decreto 11.639 – Institui Grupo de Trabalho Interministerial para o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural.
Decreto 11.623 – Sobre o Conselho Nacional de Turismo.
Decreto
11.543 – Institui GT com a finalidade de elaborar propostas de revisão
da regulação do segmento fechado de previdência complementar.
Decreto
11.534 – Institui Grupo Interministerial, com a finalidade de elaborar
proposta do Plano de Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação na
Administração Pública federal.
Decreto 11.513 – Grupo com a
finalidade de elaborar proposta de regulamentação das atividades de
prestação de serviços, transporte de bens, transporte de pessoas e
outras atividades executadas por intermédio de plataformas tecnológicas.
Decreto 11.514 – GT para a elaboração de proposta de Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens.
Decreto
11.496 – Conselho Nacional do Trabalho, a Comissão Nacional de
Erradicação do Trabalho Infantil, a Comissão Tripartite Paritária
Permanente, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o
Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e o Fórum
Nacional de Microcrédito.
Decreto 11.483 – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.
Decreto 11.482 – Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
Decreto
11.477 – GT Interministerial para elaboração de proposta de
reestruturação das relações de trabalho e valorização da negociação
coletiva.
Decreto 11.471 – Conselho Nacional dos Direitos das
Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers,
Intersexos, Assexuais e Outras.
Decreto 11.460 – GT
Interministerial pra elaborar a proposta da Política Nacional de
Cuidados e a proposta do Plano Nacional de Cuidados.
Decreto 11.454 – Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República.
Decreto 11.451 – Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Decreto 11.444 – GT Interministerial para elaboração da proposta do Plano Juventude Negra Viva.
Decreto 11.442 – Grupo Interministerial para a elaboração da proposta do Plano Juventude Negra Viva.
Decreto 11.442 – Grupo Interministerial para a elaboração do Programa Nacional de Ações Afirmativas.
Decreto 11.422 – Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional.
Decreto 11.420 – Grupo de Trabalho para a elaboração de proposta de Política de Valorização do Salário Mínimo.
Decreto 11.833 – Dispõe sobre o Conselho Nacional da Juventude.
MAIS – Site do Diap e do Governo Federal.
FONTE: Agência Sindical