No ano passado, 209 mil pessoas se afastaram do emprego no Brasil por conta de problemas como depressão e ansiedade
Especialistas defenderam na quarta-feira (27) a
adoção no serviço público e na iniciativa privada de
medidas para prevenir a ocorrência de transtornos
mentais no ambiente de trabalho. Segundo o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 209 mil
pessoas se afastaram do emprego em 2022 no Brasil
por problemas como depressão, ansiedade e Alzheimer.
A prevenção aos chamados riscos psicossociais
(fatores que podem contribuir ou causar estresse e
adoecimento mental nos funcionários) foi tema de
debate na Comissão de Trabalho da Câmara dos
Deputados.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho
Cirlene Zimmermann ressaltou que o risco
psicossocial pode estar presente em qualquer órgão
ou empresa e necessita ser combatido. "Os superiores
hierárquicos devem estimular tratamento justo e
respeitoso nas relações no ambiente de trabalho",
disse.
Ela acrescentou que as normas trabalhistas precisam
funcionar, de fato, como um conjunto de regras que
orientam empregadores a tornarem seus espaços de
trabalho mais seguros e saudáveis. E isso tem de ser
adotado, ressaltou, independentemente do tamanho ou
faturamento da corporação.
Projeto de lei
A audiência pública foi uma iniciativa do deputado Carlos Veras (PT-PE). Ele lembrou que a Comissão de Trabalho analisa o Projeto de Lei 3588/20, do deputado licenciado Alexandre Padilha (SP), que obriga o governo federal a editar norma regulamentadora com medidas de prevenção e gestão de riscos no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde mental dos trabalhadores.
Veras acrescentou que, além de impactar a saúde
mental dos funcionários, os riscos psicossociais
prejudicam as relações interpessoais e a
produtividade.
Autonomia
A representante da Coordenação-geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Anne Caroline da Silva, destacou que o ambiente de trabalho deveria ser um local de proteção para a saúde mental, mas, muitas vezes, acaba tornando-se um fator de risco.
“A gente não tem autonomia. São diferentes formas de
assédio, de violência no ambiente de trabalho, de
exigências de resultados. Tudo isso isso afeta nossa
saúde mental”, comentou.
A profissional acrescentou que os gestores devem
atuar também como promotores de saúde nos locais de
trabalho. “Para isso, precisamos conhecer os fatores
de risco de cada processo e agir na prevenção.”
Setembro Amarelo
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam diagnóstico de depressão.
Cirlene Zimmermann reafirmou a importância de se
falar sobre os riscos psicossociais ainda em
setembro, mês que há uma série ações no País de
combate ao suicídio.
Carlos Veras destacou que o Setembro Amarelo é
importante para dar visibilidade ao tema, mas que é
preciso trabalhar também em todos os outros dias do
ano para que a população possa ter garantia nas leis
trabalhistas, e que o Estado faça com que elas sejam
cumpridas. “Os governos precisam cuidar do seu maior
patrimônio que é a sua população, o seu povo, a
classe trabalhadora.”
Importante: o Centro de Valorização da Vida (CVV)
realiza apoio emocional e é um aliado na prevenção
do suicídio. O CVV atende de forma voluntária e
gratuita todas as pessoas que querem e precisam
conversar, sob sigilo. É possível entrar em contato
pelo telefone 188, como também por e-mail e chat.
Não hesite em procurar ajuda!
Fonte: Agência Câmara - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br
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