Em um país marcado pela desigualdade racial, um segmento demonstra a real situação do mercado de trabalho brasileiro. O desemprego é maior entre os negros (16,3%) e pardos (15%) que entre brancos (10,8%), considerando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

Entre os trabalhadores informais, a taxa também é maior. Pardos, com 52,9% e pretos (49,4%), estão proporcionalmente acima dos brancos (43,8%). O índice mede a proporção das vagas informais em relação ao total de postos de trabalho.

Levando em conta a renda, o desnível é ainda maior. O rendimento do trabalhador preto em 2021 foi, em média, de R$ 1.907,00, enquanto do branco foi R$ 3.310,00, ou seja, 43% mais alto. “Se compararmos a mulher negra com o homem branco, esse abismo é ainda maior”, declara Cleonice Caetano Souza (Cléo), diretora de Assistência Social e Previdência do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.

Medidas – Para tentar amenizar essa diferença, os Comerciários de São Paulo têm um acordo com empresas para a contratação de não brancos. Cléo explica: “Está na nossa Convenção Coletiva desde 2003, foi o primeiro acordo do tipo no Brasil. Mas, mesmo assim, a discriminação é muito grande, principalmente no comércio”.

Segundo a dirigente, a grande dificuldade ainda é fazer os comércios abrirem as portas aos trabalhadores negros. “O problema é que boa parte da população ainda é racista, e não querem ser atendidos por negros”, esclarece a diretora dos Comerciários SP.

Cotas – A Lei de Cotas completa 10 anos em 2022. Ela foi importante para a mudança no quadro de universitários. A parcela de jovens pretos e pardos entre 18 e 24 anos em universidades públicas, que era de 32% em 2001, subiu para 40% em 2012 e depois para 52% em 2021.

Cléo avalia: “É um avanço. A Lei de Cotas ajudou a diminuir a desigualdade. Mas se temos uma vaga e dois candidatos com currículo semelhante: um negro e um branco. Na grande maioria dos casos, o negro vai continuar sem o emprego”.

Solução – Para a diretora de Assistência Social e Previdência do Sindicato dos Comerciários, o que pode ajudar a diminuir essa drástica diferença é a volta de políticas públicas de conscientização. “E o respeito, que as pessoas respeitem seus semelhantes, e entendam que somos todos iguais, independentemente da cor da pele, gênero, opção sexual etc”, completa Cléo.

MAIS – Acesse aqui a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE.

 

FONTE:Agência Sindical