De 721 paralisações, 65% foram no setor privado. E a maioria terminou no mesmo dia, segundo o Dieese
As greves realizadas no Brasil em 2021 – analisadas
pelo Dieese – tiveram entre as principais
características a curta duração e o caráter
defensivo, isto é, em defesa de direitos. Mais de um
terço das paralisações, por exemplo, foi por atraso
no pagamento de salários e férias, segundo balanço
divulgado nesta segunda-feira (4).
O instituto registrou 721 paralisações no ano
passado, sendo quase dois terços (65%) no setor
privado. A maioria (56%) terminou no mesmo dia,
enquanto apenas 13% duraram mais de 10 dias. As
chamadas greves de advertência corresponderam a 38%
do total. Aquelas por tempo indeterminado foram mais
comuns: 60%.
Reajuste salarial
Assim, as paralisações com pautas de caráter defensivo somaram 88% do total, com equilíbrio entre manutenção e descumprimento de direitos. As mais frequentes pediam regularização do pagamento de salário e férias (35%). As greves propositivas, por ampliação de direitos, foram 33%. “A reivindicação por reajuste nos salários esteve presente em 28% das greves; e as demandas relacionadas à alimentação (implementação, reajuste ou regularização dos vales/cesta básica), em 26%”, informa ainda o Dieese.
Das 196 paralisações no setor público, 129 (66%)
foram em nível municipal, 59 (30%) foram estaduais e
seis (3%), federais, com outras duas em mais de um
nível. Mais da metade (58%) também terminou no mesmo
dia, e 16% superaram os 10 dias de duração. Quase
dois terços (62%) foram de advertência. E 78%
tiveram caráter defensivo. Houve 53 greves em
empresas estatais, 33 no setor de serviços e 20 no
segmento industrial, com maior predominância de
pautas “políticas”.
Setor privado
Já na iniciativa privada, das 468 greves acompanhadas pelo Dieese, 81% foram na área de serviços e 19% na indústria. Assim como no setor público, a maioria (55%) durou apenas um dia, enquanto 10% tiveram duração acima de 10.
De acordo com o instituto, 70% foram por tempo
indeterminado, 83% foram por empresa (ou unidade) e
92% tiveram caráter defensivo.
Transporte e funcionalismo
No primeiro semestre de 2021, grande parte das paralisações foi associada aos trabalhadores no transporte coletivo urbano. Na segunda metade do ano, o destaque foram as mobilizações dos servidores públicos.
“A demanda pelo pagamento dos salários em atraso – a
principal entre janeiro e abril – foi relativizada,
mas ocupou um importante segundo lugar, de julho a
dezembro”, afirma o Dieese. “Reivindicações ligadas
à segurança contra a contaminação pelo novo
coronavírus, que chegaram a ocupar o lugar de
proeminência em maio – em meio a um forte surto de
Covid-19 –, progressivamente foram saindo da pauta
grevista, até se estabilizarem, ao longo de todo o
segundo semestre, em um distante terceiro lugar. Já
a reivindicação pelo pagamento de reajustes
salariais, partindo de um baixo patamar, tornou-se,
em maio, a segunda reivindicação mais frequente e, a
partir de junho, retomou sua usual posição de
proeminência na pauta reivindicatória das greves dos
trabalhadores.”
FONTE: Rede Brasil Atual - Do Blog de Noticias da CNTI
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