Barroso afirmou que a vacina é fundamental para reduzir o contágio e que a presença de não vacinados representaria perigo aos demais. Governo vai recorrer
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal (STF), suspendeu nesta sexta-feira (12)
alguns itens da Portaria 620, do Ministério do
Trabalho e Previdência, que proíbem demissão de
trabalhadores que recusaram a vacina contra a covid-19.
Com a decisão, que é provisória, empresas podem
exigir o comprovante de vacinação dos empregados.
Em sua decisão, o ministro citou pesquisas que
apontam a vacinação como fundamental para reduzir o
contágio de covid-19. Por isso, a presença de não
vacinados no ambiente de trabalho poderia
representar riscos aos demais empregados. Ele
concedeu liminar relativa a quatro Arguições de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 898,
900, 901 e 904. As ADPFs foram apresentadas no
Supremo pela Rede, pelo PSB, PT e Novo,
respectivamente. Neste sábado (13), o ministro do
Trabalho, Onyx Lorenzoni, disse que o governo irá
recorrer.
Segurança e saúde
De acordo com a liminar, a presença de não vacinados “enseja ameaça para a saúde dos demais trabalhadores, risco de danos à segurança e à saúde do meio ambiente laboral e de comprometimento da saúde do público com o qual a empresa interage”. Barroso fez ressalva a pessoas que tenham contraindicação médica. Nesses casos específicos, deve haver testagem periódica, “de forma a evitar a discriminação laboral em razão de condição particular de saúde do empregado”.
Além disso, o ministro pediu que a rescisão do
contrato de trabalho por justa causa de quem se
recusar a entregar comprovante deve ser adotada com
proporcionalidade. Seria, segundo ele, a última
medida a ser adotada pelo empregador.
Discriminação
Barroso também suspendeu dispositivo da portaria que considerava prática discriminatória a exigência de certificado de vacinação em processos seletivos. E a extinção do contrato de trabalho por justa causa pela não apresentação do documento. “Não há comparação possível entre a exigência de vacinação contra a Covid-19 e a discriminação por sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade ou gravidez”, afirmou o ministro do STF. “Esses últimos fatores não interferem sobre o direito à saúde ou à vida dos demais empregados da companhia ou de terceiros. A falta de vacinação interfere.”
Barroso citou ainda princípios da livre iniciativa,
segundo os quais o poder de direção do empregador e
a subordinação jurídica do empregado são elementos
essenciais da relação de emprego. Mas acrescentou
que esse poder deve ser exercido com moderação e
proporcionalidade. Segundo ele, a portaria não
poderia criar direitos e obrigações trabalhistas ao
empregador.
Leia a
íntegra da decisão.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
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