Estudo do IPEA sobre desigualdade de acesso a oportunidades nas
maiores cidades do país mostra que, como têm mais atividade comercial e
transporte público, regiões centrais têm mais oportunidades de emprego
Escrito por: Redação CUT
Alex Capuano/CUT
Os
especialistas e gestores se preocupam muito redução de
congestionamentos e o tempo que as pessoas gastam no trânsito ao invés
de melhorar o transporte público que prejudica a vida de milhares de
trabalhadores e trabalhadoras que moram longe das regiões centrais e têm
dificuldade para conseguir empregos e ter acesso a serviços de saúde e
educação.
É isso que mostra o estudo Desigualdades socioespaciais de acesso a oportunidades nas cidades brasileiras - 2019,
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o
Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), que fez
um retrato das desigualdades de acesso a oportunidades nas maiores
cidades brasileiras no ano de 2019. O estudo inclui estimativas de
acessibilidade a pé e de bicicleta das vinte maiores cidades do país, e
por transporte público para sete grandes cidades (São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba).
Em
todas as vinte cidades estudadas, os pesquisadores constaram
concentração de atividades nas áreas urbanas centrais, ou seja, mais
chance de conseguir uma vaga no mercado de trabalho, além de redes de
transporte acessíveis próximas ao centro das cidades.
Já as
regiões das periferias dessas cidades, são marcadas pelo que os
pesquisadores chamam de ‘desertos de oportunidades’, falta emprego e a
rede de transporte é ruim.
São Paulo, a mais rica do país, é
também a cidade mais desigual: os mais ricos têm 9,5 vezes mais chance
de encontrar oportunidades de trabalho que podem ser acessadas a pé em
até 30 minutos, segundo a Razão de Palma, indicador que mede a diferença
de oportunidades entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres.
“Isso
pode ser explicado, em parte, pela distribuição socioespacial de
renda e oportunidades e a dimensão da cidade, o que faz com que os
pobres estejam concentrados longe das principais zonas de empregos,
acontecendo o contrário para os ricos”, diz o estudo.
“Temos uma
desigualdade muito marcada dentro de cada cidade. No geral, as zonas
centrais são muito bem servidas de transporte público, ao passo que nas
periferias a oferta é menor”, disse o pesquisador Rafael Pereira, do
Ipea, ao El País.
Como nas zonas centrais também se concentra a maior parte dos postos de
trabalho, assim como serviços essenciais de saúde e educação, as
oportunidades para aqueles que moram longe acabam sendo menores,
complementou.
O estudo faz parte do Projeto Acesso a Oportunidades
e, faltando nove meses para as eleições municipais, busca influenciar a
elaboração de políticas públicas que reduzam as desigualdades dentro
das cidades, diz a reportagem do El País.
Em todas as cidades
pesquisadas, a população mais rica e branca tem, em média, mais acesso a
oportunidades do que a população pobre e negra, independentemente do
meio de transporte analisado. Em São Paulo, por exemplo, os brancos tem
um acesso 80% maior a hospitais de alta complexidade.
DO SITE DA CUT (CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES)
https://www.cut.org.br/noticias/periferias-sao-desertos-de-oportunidades-falta-emprego-e-transporte-e-ru-dd7b
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