Neste 1º de Maio, trabalhadores voltam às ruas contra a reforma trabalhista e da Previdência
Dois dias após a Greve Geral, atos em todo o país protestam contra a retirada de direitos
Escrito por: RBA Rede Brasil Atual • Publicado em: 01/05/2017 - 09:07 • Última modificação: 01/05/2017
DINO SANTOS / CUT 1º de Maio da CUT, em 2016, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo
Passados
dois dias da greve geral que contou com a adesão de mais de 35 milhões
de trabalhadores, as centrais sindicais, sindicatos e movimentos
populares, do campo e da cidade, voltam a se unir para ocupar as ruas
nesse 1º de Maio contra as reformas trabalhistas e da Previdência que conduzidas pelo governo de Michel Temer.
De acordo com as entidades, em todos os atos que serão realizados ao
longo do dia, com a participação de lideranças e artistas, as palavras
de ordem são "nenhum direito a menos".
São Paulo
Depois de uma disputa na Justiça, em que derrubou uma liminar
concedida ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), a CUT, garantiu o
direito de fazer o ato político na Avenida Paulista. Com a central
estarão ainda a CTB, Intersindical, a Frente Brasil Popular e a Frente
Povo sem Medo. Após o ato político de resistência, que começa às 12h, os
manifestantes seguirão em passeata até a Praça da República, no centro
da cidade, onde haverá programação artística, com shows de Leci Brandão,
Ilú Obá de Min, MC Guimê, As Baianas e a Cozinha Mineira, Bixiga 70,
Mistura Popular, Marquinhos Jaca e Sinhá Flor.
Além da capital, outras regiões do interior paulista também farão
atos do 1º de Maio. Em Campinas, a atividade unificada será na Avenida
Francisco Glicério, s/n, em frente à Catedral de Campinas, com início às
10h. Já em Araraquara, a militância irá se encontrar a partir das 14h,
na Praça Deputado Scalamandré Sobrinho, s/n, na Vila Ferroviária.
Rio de Janeiro
Após a forte repressão aos atos no dia da greve geral, as centrais
sindicais e as frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Esquerda
Socialista farão ato contra as reformas e também para denunciar a ação
policial contra o direito de manifestação.
O evento, que contará com ato ecumênico, está sendo convocado para
início às 11 horas, na Praça da Cinelândia, onde os manifestantes que
vinham da Assembleia Legislativa foram atacados pela polícia com bombas
de gás lacrimogêneo ainda na saída do ato. A PM chegou a atirar contra o
deputado estadual Flávio Serafini (PSol) enquanto discursava,
transformando a região central do Rio em uma praça de guerra.
Distrito Federal
A CUT Brasília e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam o
1º de Maio da Classe Trabalhadora a partir das 9 horas, na Torre de TV.
Segundo a direção da central, além de uma celebração, o evento será "de
resistência na defesa dos direitos duramente ameaçados pelas medidas
que tramitam no Congresso Nacional e ferem, de morte, a Constituição
Federal, a legislação trabalhista e a CLT".
O ato de conscientização, mobilização e repúdio aos ataques aos
direitos e à democracia será também de revigorar a unidade e pressão na
defesa das nossas conquistas. Além de debates políticos, haverá shows
com as bandas Bossa Greve e Samba de Tapera, além de tendas do Coletivo
de Mulheres e a das Frentes, além de brincadeiras dirigidas para as
crianças.
Rio Grande do Sul
CUT, CTB, UGT, Nova Central, CGTB, Intersindical, CSP-Conlutas, Força
Sindical e Pública, partidos progressistas e movimentos sociais vão se
reunir a partir das 10 horas, em ato de resistência junto ao Monumento
do Expedicionário, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. A direção da
CUT gaúcha destaca que, se no início do século passado a classe
trabalhadora lutava por direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários, hoje a luta continua pela manutenção dos direitos
conquistados.
Como a destruição dos direitos adquiridos afetam também a saúde e o
meio ambiente, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, com
apoio com a Associação Nacional de Catadores de Recicláveis, Rede
Nacional de Advogados e Advogados Populares, Clube de Cultura, Radio na
Rua e A Cidade que Queremos, entre outros coletivos, também estarão no
Parque da Redenção para o ato em defesa do trabalho, da natureza e da
saúde.
Pará
O ato político e cultural está previsto para início às 9 horas, na
Praça da República, em Belém. CUT, CTB, Intersindical, Nova Central e
Força Sindical e diversos movimentos sociais farão do encontro um ato
político e cultural contra as reformas do presidente Michel Temer.
Conforme a direção da CUT paraense, jovens sairão em passeata a rumo ao
local do ato às 8h30.
Goiás
O 1º de Maio será celebrado pela CUT Goiás com a realização de um ato
festivo-político e cultural, que contará com a presença de lideranças
religiosas e políticas progressistas e muitos artistas com shows ao
vivo. O palco será a Praça do Trabalhador, em Goiânia. E o objetivo,
segundo a organização, será a união, o fortalecimento e a consciência da
classe trabalhadora acerca de seus direitos fundamentais, como acesso à
terra, moradia, trabalho, educação, saúde, cultura e aposentadoria.
Com o lema "100 Anos Depois, a Luta Continua - Nem Um Direito a
Menos!", o ato começa às 16 horas, com shows de artistas locais. Haverá
sorteio de brindes.
CNBB divulga apoio aos trabalhadores
Reunida em Aparecida do Norte (SP), a direção da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) divulou uma nota em apoio à classe
trabalhadora. Leia a seguir.
AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª
Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras,
da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso
coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus
direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui
uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa
participa da obra da criação, contribui para a construção de uma
sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha
sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser
coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se
mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à
qualidade de vida digna.
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e
trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção
de uma nação com ideais republicanos e democráticos.
O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de
2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos
conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e
absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito
economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos
parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de
maio de 2013).
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e
Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e
trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os
Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma
Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16
(Reforma da Previdência).
É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das
pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no
Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da
precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas
oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum
trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é
um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco,
Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas,
em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e
trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida, 27 de abril de 2017.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNB
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