Ministros do TST contrariam seu presidente e defendem CLT
“A desconstrução do Direito do Trabalho será nefasta sob qualquer aspecto”, diz manifesto. Presidente do tribunal defende flexibilização
Ministros
do Tribunal Superior do Trabalho divulgaram nesta segunda, 13,
manifesto em que defendem a manutenção das regras trabalhistas e
criticam o uso da crise para a defesa da retirada de direitos.
Assim, contrariam o presidente do Tribunal, Ives Gandra da Silva
Martins Filho, empossado em fevereiro, que tem defendido a mudança e a
flexibilização das regras. Gandra cita a crise como uma razão para isso.
É possível notar, em determinado trecho do documento, que os
ministros reivindicam também um melhor orçamento para o Tribunal. Mas as
afirmações vão além de uma pauta corporativa. Eles lembram a
importância das regras, e portanto, da CLT (sem citá-la diretamente)
para a reparação de trabalhadores e trabalhadoras:
“A Justiça do Trabalho (...) é reconhecida por sua atuação célere,
moderna e efetiva, qualidades que muitas vezes atraem críticas. Nos
últimos dois anos (2014-2015), foram entregues aos trabalhadores mais de
33 bilhões de reais em créditos trabalhistas decorrentes do
descumprimento da legislação, além da arrecadação para o Estado
Brasileiro (entre custas e créditos previdenciários) de mais de 5
bilhões de reais”.
Em seguida, os ministros reconhecem que a realidade produtiva
brasileira mudou bastante desde que as atuais regras foram criadas. Mas
ressaltam que a miséria, o trabalho escravo e explorações de todo o tipo
permanecem, a despeito dos avanços tecnológicos. E atacam:
“Muitos aproveitam a fragilidade em que são jogados os trabalhadores
em tempos de crise para desconstruir direitos, desregulamentar a
legislação trabalhista, possibilitar a dispensa em massa, reduzir
benefícios sociais, terceirizar e mitigar a responsabilidade social das
empresas”.
Em outro trecho, criticam a proposta de abolir as regras hoje
existentes e delegar as relações capital-trabalho para o campo puro e
simples da negociação. O texto afirma que a proposta deturpa o princípio
constitucional da negociação, consagrado no caput do artigo 7 da
Constituição, “que é o de ampliar e melhorar as condições de trabalho”. E
não, portanto, de reduzir direitos.
O mesmo trecho lembra que a relação entre os dois campos é
extremamente desigual – e na citação não se deixa de entrever uma
crítica ao movimento sindical: “É importante lembrar que apenas 17% dos
trabalhadores são sindicalizados e que o salário mínimo no Brasil (7ª
economia do mundo) é o menor entre os 20 países mais desenvolvidos,
sendo baixa, portanto, a base salarial sobre a qual incidem a maioria
dos direitos”.
Partindo para a conclusão, o manifesto alerta: “O momento em que
vivemos não tolera omissão! É chegada a hora de esclarecer a sociedade
que a desconstrução do Direito do Trabalho será nefasta sob qualquer
aspecto: econômico (com diminuição dos valores monetários circulantes e
menos consumidores para adquirir os produtos oferecidos pelas empresas,
em seus diversos ramos,); social (com o aumento da precarização e da
pauperização); previdenciário (...); segurança (...); político (pela
instabilidade causada e consequente repercussão nos movimentos sociais);
saúde pública, entre tantos outros aspectos”.
O secretário nacional de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle,
destaca que os 19 ministros que assinam esse manifesto são os mesmos que
se posicionaram contra o projeto da terceirização total. Lembra que, em
março, as centrais se reuniram com Gandra e refutaram a tese da
prevalência do negociado sobre o legislado, proposta pelo presidente do
TST. “Ele é um aliado do Temer, e quer ajudar a encaminhar a visão do
empresariado e passar a conta para os trabalhadores”, analisa.
Para ler o manifesto: http://www.cut.org.br/system/uploads/ck/files/justicatrabalho.pdf
Escrito por: Isaías Dalle • Publicado em: 13/06/2016 - 14:10 • Última modificação: 13/06/2016 - 14:26 - do site da Central ùnica dos Trabalhadores (http://www.cut.org.br/noticias/ministros-do-tst-contrariam-seu-presidente-e-defendem-clt-1331/)
Para ler o manifesto: http://www.cut.org.br/system/uploads/ck/files/justicatrabalho.pdf
"Nos últimos dois anos (2014-2015), foram entregues aos trabalhadores mais de 33 bilhões de reais em créditos trabalhistas decorrentes do descumprimento da legislação, além da arrecadação para o Estado Brasileiro (entre custas e créditos previdenciários) de mais de 5 bilhões de reais."
Manifesto dos ministros do TST
Escrito por: Isaías Dalle • Publicado em: 13/06/2016 - 14:10 • Última modificação: 13/06/2016 - 14:26 - do site da Central ùnica dos Trabalhadores (http://www.cut.org.br/noticias/ministros-do-tst-contrariam-seu-presidente-e-defendem-clt-1331/)
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