Com a cesta básica estimada em R$ 802,36 neste mês de janeiro, o salário mínimo atual equivale a 1,62 cesta básica. Em 2017, um salário mínimo correspondia a 2,16 cestas básicas.
O destino do salário mínimo está em disputa. Para
debater o tema, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) vai instalar uma Mesa Nacional, formada
por representantes dos trabalhadores, dos
empresários e do próprio governo federal. A luta
para valorizar o mínimo é a primeira grande batalha
dos sindicalistas sob o novo governo.
Na quinta-feira (12), durante a posse da nova
presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano,
Lula defendeu a retomada da política de valorização
permanente do salário mínimo. De acordo com o
presidente, há hipocrisia nas críticas do mercado à
medida.
“Tudo que a gente faz é gasto”, ironizou. “Se eu
compro comida é gasto, se compro para o pobre é
gasto, se coloco dinheiro na saúde é gasto, na
educação é gasto. A única coisa que não é tratada
como gasto neste país é o dinheiro que a gente paga
de juros para o sistema financeiro.” Para Lula, “o
mercado não tem coração, não tem sensibilidade, não
tem humanismo”.
Além de tratar do salário mínimo, caberá à Mesa
Nacional abordar outros dois tópicos: a regulação do
trabalho por aplicativos e a negociação coletiva.
Como esse fórum terá duração de 90 dias, suas
deliberações, uma vez avalizadas por Lula, podem ser
anunciadas pelo governo até 1º de Maio, Dia do
Trabalhador.
A Mesa é uma das pautas da reunião de Lula e do
ministro do Trabalho, Luiz Marinho, com o movimento
sindical, nesta quarta-feira (18), no Palácio do
Planalto, em Brasília. Já na reunião, os
sindicalistas devem cobrar a valorização do salário
mínimo. Hoje, cerca de 60,3 milhões de brasileiros –
entre trabalhadores, aposentados e pensionistas –
têm rendimento referenciado no piso salarial
nacional.
No primeiro dia de 2023, o mínimo passou de R$ 1.212
para R$ 1.302 – um reajuste nominal de 7,42%. Porém,
como a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor) foi de 5,93% no ano passado, o
aumento real (acima da inflação) ficou em apenas
1,41%.
Um novo reajuste está previsto para este ano.
Enquanto a equipe econômica propõe que o piso do
trabalhador brasileiro chegue a R$ 1.320, as
centrais sindicais defendem o valor de R$ 1.342.
Na visão dos sindicalistas, o mínimo sofre com uma
grave defasagem acumulada desde o golpe de 2016, que
levou o governo federal a abandonar a política de
valorização. De volta ao Planalto, Lula se
comprometeu em retomar os reajustes reais anuais,
mas sem fixar, ainda, uma fórmula para os aumentos.
Nota técnica divulgada na semana passada pelo Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos) aponta que “em uma conjuntura de
inflação alta, nos últimos anos, o salário mínimo
estagnou”, comprometendo a renda dos brasileiros:
“Enquanto a inflação aumenta mensalmente, o SM real
vai ficando menor, o que reduz o poder de compra –
que somente será recuperado lá na frente, na
reposição da inflação. O aumento real ameniza essa
situação”.
Ainda segundo o Diesse, “mesmo com a reposição da
inflação, houve perda de poder de compra em relação
aos preços dos alimentos, que tiveram aumento
considerável e pesam muito no orçamento familiar da
classe trabalhadora”. Com a cesta básica estimada em
R$ 802,36 neste mês de janeiro, o salário mínimo
atual equivale a 1,62 cesta básica. Em 2017, um
salário mínimo correspondia a 2,16 cestas básicas.
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos
Trabalhadores), afirmou que o objetivo das centrais,
no encontro com o presidente, é ir além do reajuste
em 2023. O mais importante, segundo o dirigente, é
viabilizar a volta da política de valorização dos
salários. “Irão 600 pessoas (na reunião). Cada
central vai falar um minuto, e o Lula vai nos
comentar sobre a política do salário mínimo e sobre
a democracia. Não dá para ser reunião para
especificar temas”, declarou Patah ao Poder360.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do
Brasil) avalia que a busca de consensos deve
orientar a discussão a respeito do novo salário
mínimo, bem como de outros pontos de debate entre os
setores patronal, trabalhista e governamental.
Conforme destaca o presidente da CTB, Adilson
Araújo, “a unidade das centrais sindicais e dos
movimentos sociais e a construção da frente ampla
foram fundamentais para êxito da vitória política
eleitoral”. É preciso, diz Adilson, manter essa
unidade.
“Preservada a nossa autonomia e independência de
governos e patrões, teremos a responsabilidade de
lutar pela governabilidade do projeto que ajudamos
eleger, ao tempo que reforçamos a unidade, a
mobilização e a luta por mudanças emergenciais. Um
grande pacto com o povo e um pacto entre a produção
e o trabalho sinalizam uma condição necessária para
retomada da reindustrialização do País”, afirma o
sindicalista. “Essa tarefa demandará grande
capacidade de articulação política, centralidade e
atenção da nossa parte.”
Fonte: Portal Vermelho - Do Blog de Noticias da CNTI - cnti.org.br
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