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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

"Cortar direitos trabalhistas não gera emprego"


Para o chefe do Ministério Público do Trabalho, novas flexibilizações de direitos, como previstas por Bolsonaro, seriam desastrosas

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O chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury, afirmou que, com base na experiência internacional e com os resultados iniciais da reforma trabalhista no Brasil, o problema do desemprego não será solucionado com a flexibilização de direitos dos trabalhadores.

O programa de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro prevê medidas para que as normas trabalhistas sejam menos "engessadas", mantendo, porém, os direitos constitucionais, como férias remuneradas, 13° salário e o Fundo de Garantia (FGTS). O símbolo dessas propostas é a chamada "Carteira [de Trabalho] Verde e Amarela", promessa de campanha de Bolsonaro.

"A flexibilização dos direitos trabalhistas não gera empregos, não traz desenvolvimento econômico", disse Fleury, em entrevista à DW Brasil. "Só com o aumento da demanda vai se gerar empregos."

A reforma trabalhista aprovada no governo do presidente Michel Temer completou um ano em novembro. Mesmo na base aliada do presidente há críticas a "excessos" da nova legislação.

Grávidas e lactantes, por exemplo, só serão obrigatoriamente afastadas do local de trabalho em casos de grau máximo de insalubridade. Também há regras mais flexíveis para negociar uma jornada de 12 horas de trabalho seguida de 36 horas de descanso.

Temer tentou fazer ajustes na reforma por meio de uma medida provisória, que não foi analisada pelo Congresso Nacional. Nem o atual governo nem a equipe de Bolsonaro falam numa nova tentativa de fazer essas alterações.

Prevalece, portanto, a legislação da Reforma Trabalhista, que, na avaliação do procurador-geral do Trabalho, cria uma "situação absolutamente nefasta para os trabalhadores".

Procurado, o Ministério do Trabalho afirmou que os ajustes na reforma trabalhista seriam de responsabilidade da Casa Civil. Por sua vez, a Casa Civil afirmou que "a pauta está com o Poder Legislativo", onde tramita um projeto de lei sobre o assunto.

DW: O programa do novo governo aponta para a continuidade das flexibilizações das leis trabalhistas. Qual a sua avaliação sobre essas propostas, como a carteira verde-amarela?

Ronaldo Fleury: Isso seria uma mudança desastrosa para os trabalhadores em relação a perda de direitos, pois se manteriam apenas aqueles previstos na Constituição. E isso abriria uma brecha para que não seja aplicada a convenção coletiva [acordo entre sindicatos e empregadores estabelecendo regras para a categoria], o que coloca o trabalhador em condições de risco.

Isso seria uma mudança desastrosa para os trabalhadores em relação a perda de direitos, pois se manteriam apenas aqueles previstos na Constituição.- Ronaldo Fleury

DW: O argumento da equipe de Bolsonaro é que, com regras menos "engessadas", mais empregos serão criados. O Ministério Público do Trabalho está de acordo?

Ronaldo Fleury: Os estudos sobre países onde houve flexibilização trabalhista e também o resultado registrado neste um ano de reforma trabalhista no Brasil mostram que a flexibilização dos direitos trabalhistas não gera empregos, não traz desenvolvimento econômico. Só com o aumento da demanda vai se gerar empregos. Espero que essas propostas já divulgadas sejam revistas. Estamos dispostos a conversar.

Queremos um desenvolvimento sustentável, com garantia dos direitos sociais, direitos humanos, concorrência saudável entre as empresas, e que nossas empresas não percam mercados no exterior, que não sejamos vistos como um país que permite a precarização das normas trabalhistas, o que poderia resultar em embargos econômicos, o que não interessa a ninguém.

DW: Quando o governo de Michel Temer aprovou a Reforma Trabalhista, prometeu fazer ajustes no mesmo ano. Mas a estratégia falhou. Quais as consequências disso para o trabalhador?

Ronaldo Fleury: Os próprios articuladores da reforma trabalhista apontaram vários trechos a serem corrigidos ou até mesmo excluídos, por exemplo a questão do trabalho insalubre para gestantes e lactantes. Além disso, há, até hoje, questões pendentes e que carecem de nova regulamentação legal, como é o caso dos trabalhadores intermitentes, cujo tempo de serviço não é contado para a aposentadoria. Como consequência dessa reforma, a situação atual, em razão de o governo não ter conseguido ajustar alguns pontos da reforma trabalhista, é absolutamente nefasta para os trabalhadores.

DW: Esses ajustes poderiam ser feitos por decreto, como chegou a considerar o governo Temer?

Ronaldo Fleury: Algumas questões que o governo disse que poderia ajustar por decreto só poderiam, na verdade, serem alteradas por lei, como nesse caso das gestantes. A reforma trabalhista é danosa aos trabalhadores em diversos pontos. Ela permite que se ganhe abaixo do salário mínimo, e há normas que não encontram paralelo em qualquer outro país.

DW: O Ministério Público do Trabalho já recebeu relatos de grávidas que trabalham em lugares insalubres?

Ronaldo Fleury: Ainda não temos nenhuma denúncia feita nesse sentido. De qualquer forma, algumas empresas estão procurando e conversando com procuradores para saber qual a melhor opção e o que fazer diante da nova legislação. Fizemos um material para esclarecer a todos. Falamos, por exemplo, que essa questão das grávidas e outros pontos são inconstitucionais. Isso tem servido para balizar o modo de agir das empresas e evitado que as trabalhadoras e os fetos sejam expostos a condições insalubres.

DW: Quais são outras consequências da reforma trabalhista? Há insegurança jurídica?

Ronaldo Fleury: A insegurança jurídica é natural porque tivemos mais de 250 dispositivos da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] alterados. Isso já está sendo maturado. Um dos maiores problemas tem sido o aumento da informalidade, que agrava ainda mais a perda de arrecadação previdenciária. Além disso, nos casos das novas formas alternativas de contratação, não há segurança sobre a renda, então esses trabalhadores não fazem crediário para compra de apartamento, carro, geladeira, etc. Não teremos, de fato, um desenvolvimento econômico. E o sistema sindical saiu enfraquecido após a reforma. Isso gera perda de representatividade e até dificuldades para as empresas evitarem greves.
 
Escrito por: Deutsche Welle - Carta Capital
 
FONTE: https://www.cut.org.br/noticias/cortar-direitos-trabalhistas-nao-gera-emprego-16c9 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Anamatra diz que reforma trabalhista não cumpriu promessas



O presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Feliciano, afirmou que a reforma trabalhista – que alterou mais de cem pontos da CLT – não cumpriu as principais promessas que sustentaram a aprovação da proposta, imposta a toque de caixa pelo governo Temer no ano passado.

A Lei 13.467/2017 completou domingo (11) um ano de vigência. Segundo a entidade da magistratura, ela não gerou os empregos que prometia e trouxe insegurança jurídica.

“Os dados refletem aquilo para o que a Anamatra alertara: o projeto engendraria o fomento ao trabalho precário, com políticas de direitos mínimos, e a prática da terceirização indiscriminada na atividade-fim das empresas”, diz Feliciano.

Ele explica que, até mesmo a diminuição no volume de novas ações – comemorado pelos próceres da nova lei, não significa que direitos sociais e trabalhistas passaram a ser rigorosamente respeitados pelos empregadores. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), novas ações caíram 36,5%, quando comparado o volume de casos apresentados de janeiro a agosto de 2018 com o mesmo período em 2017.

“A redução deve-se, em especial, a aspectos processuais. O trabalhador hoje teme exigir todos os seus direitos na Justiça”, comenta.

Balanço - Segundo dados do IBGE, o número de empregos com Carteira assinada encolheu 1%, para 32,9 milhões – embora tenham sido criadas cerca de 372 mil vagas formais –, e o número de trabalhadores informais atingiu 35 milhões em setembro. Segundo o Instituto, 43% da força de trabalho já é informal, o que equivale a quase 40 milhões de trabalhadores.

Ministério do Trabalho - A Anamatra, o Ministério Público do Trabalho, o Colégio de Presidentes e Corregedores de Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat) divulgaram quinta (8) uma nota técnica sobre a extinção do órgão, ler em https://www.anamatra.org.br/images/DOCUMENTOS/20181108.notatecnicaextincao0.pdf


  Segundo o texto, a iniciativa gerará irreversível desequilíbrio nas relações capital-trabalho, com evidente risco de violação a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na promoção do trabalho decente e na não regressividade dos direitos sociais.

Fonte: Agência Sindical - do blog de notícias da CNTI (cnti.org.br)

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA JUNTA GOVERNATIVA

EDITAL DE CONVOCAÇÃO: O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Joalheria e Lapidação de Pedras Preciosas de Extração Mármores Calcários e Pedreiras de Petrópolis, inscrito no CNPJ sob o nº  30.202.733/0001 -70, convoca a todos os seus associados, a comparecerem na Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada, na Rua Dezesseis de Março, nº 114, sala 102, Centro, Petrópolis, RJ,  no dia 09 de novembro de 2018, às 18:00 horas, em primeira convocação, no quorum estatutário e às 18:30 horas, em segunda convocação, onde, com qualquer número de presentes se deliberará a seguinte ordem do dia: 1) Constituição, dentre os associados, de Junta Governativa Provisória, composta por um Presidente, um Secretário Geral e um Secretário de Finanças, tendo em vista que, a chapa apresentada para concorrer no pleito eleitoral do dia 19 de abril de 2018,  não ter sido registrada, estando o Sindicato sem  uma diretoria formalmente constituída, para que, no prazo de 90 dias, ou outro prazo definido em Assembleia Geral, a partir de 09/11/2018, proceda às diligências necessárias à realização de novas eleições para a investidura dos cargos da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal; 2) Concessão de poderes a esta Junta Governativa Provisória, para praticar, no prazo definido em Assembleia Geral,  todos os atos inerentes a administração, condução e representação do Sindicato. 3) Assuntos Gerais. Petrópolis, RJ, 01º de novembro de 2018. Sebastião Braz de Souza. O presente edital foi mandado publicar no jornal Tribuna de Petrópolis, do dia 02 de novembro de 2018 e também encontra – se afixado no quadro de avisos na sede do Sindicato.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

No país da reforma, o único emprego que cresce é o informal

Taxa de desemprego caiu no trimestre encerrado em setembro, mas vagas são preenchidas por trabalhadores sem carteira ou autônomos. Desempregados somam 12,5 milhões. Desalento continua aumentando

A taxa de desemprego caiu e a ocupação aumentou no trimestre encerrado em setembro, mas isso aconteceu praticamente sem criação de vagas formais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. "O problema maior desse avanço é que isso se deu em emprego sem carteira e por conta própria. É um resultado favorável, mas voltado para a informalidade e o aumento da subocupação", comenta o coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto, Cimar Azeredo.

Mesmo com essa "melhora", o IBGE informa que os chamados "subutilizados" aumentaram em 2,1% em um ano e somam agora 27,3 milhões. E os desalentados cresceram 12,6%, chegando a 4,8 milhões de pessoas, 4,3% da força de trabalho. Esses resultados contrastam com os argumentos dos defensores da "reforma" trabalhista, que falavam em ampla criação de empregos com as mudanças. A Lei 13.467 completará um ano de vigência em 11 de novembro.

No mês passado, a taxa média no país ficou em 11,9%, o que corresponde a uma estimativa de 12,494 milhões de desempregados. São 474 mil a menos (-3,7%) em relação a junho e menos 469 mil (-3,6%) na comparação com setembro de 2017.

O nível de ocupação cresceu 1,5% no trimestre, com acréscimo de 1,384 milhão de pessoas no mercado de trabalho, para um total de 92,622 milhões. Mas desse contingente a mais, 522 mil são empregados sem carteira no setor privado (4,7%), 432 mil são trabalhadores por conta própria (1,9%) e 88 mil, sem carteira no setor público (3,6%). O emprego com carteira assinada fica praticamente estável.

Se a comparação é com setembro do ano passado, a ocupação cresce 1,5%, com mais 1,325 milhão de pessoas. Apenas os empregados sem carteira no setor privado têm aumento de 601 mil (5,5%). E os trabalhadores por conta própria são mais 586 mil (2,6%). A categoria de empregadores, na qual se pode considerar o empreendedorismo, também cresce, 4,3% (184 mil).

Sem carteira
Assim, o país passou de 33,3 milhões de empregados com carteira assinada no setor privado, um ano atrás, para 32,9792, menos 327 mil. Os sem carteira aumentaram de 10,910 milhões para 11,511 milhões. E os trabalhadores por conta própria foram de 22,911 milhões para 23,496 milhões.

Em 12 meses, a participação dos empregados com carteira no total de ocupados caiu de 36,5% para 35,6%. Os sem carteira foram de 11,9% para 12,4% e os autônomos, de 25,1% para 25,4%.

Entre os setores de atividade, o IBGE apurou crescimento no trimestre em agricultura/pecuária, construção civil e algumas áreas de serviços. Indústria, comércio e trabalho doméstico ficaram estáveis. Em relação a setembro de 2017, também houve alta em parte dos serviços.

Estimado em R$ 2.222, o rendimento médio ficou estável tanto na comparação trimestral como na anual. 

Fonte: Rede Brasil Atual - do blog de noticias da CNTI - http://cnti.org.br/html/noticias.htm#No_pa%C3%ADs_da_reforma,_o_%C3%BAnico_emprego_que_cresce_%C3%A9_o_informal