Na crise sanitária, o total de brasileiros sem
essa renda registrou aumento de 9,5 milhões de
pessoas
Com o governo Jair Bolsonaro e a pandemia de
Covid-19, cresceu o percentual de lares sem renda do
trabalho no Brasil. Mesmo com o arrefecimento da
crise sanitária, a recuperação do quadro ainda não
ocorreu de maneira completa. É o que indica estudo
divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
No segundo trimestre de 2021, a proporção de
domicílios sem renda do trabalho foi estimada em
28,5% – quase três em cada dez. Na prática, o
percentual significa que 46 milhões de pessoas
sobreviviam em residências sem dinheiro obtido por
meio de atividades profissionais, estima o
pesquisador do Ipea Sandro Sacchet, autor do estudo.
O sustento, nesses casos, pode vir de programas de
transferência de recursos, como o auxílio
emergencial, aposentadorias e pensões.
No quarto trimestre de 2019, antes da pandemia, a
proporção era menor, de 23,54%, o equivalente a 36,5
milhões de pessoas. Ou seja, na crise, o total de
brasileiros nessa situação registra aumento
aproximado de 9,5 milhões de pessoas. A proporção de
famílias sem renda do trabalho chegou a alcançar, no
segundo trimestre de 2020, a marca de 31,56%. O
percentual perdeu fôlego em seguida, embora ainda
continue em patamar alto.
“As contratações devem aumentar com a movimentação
deste final de ano. A questão é ver em qual patamar
o percentual vai se estabilizar depois ou não”,
indica Sacchet. Seu estudo foi produzido com base em
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (Pnad Contínua). A Pnad é feita pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Em linhas gerais, o Ipea conclui que houve no
mercado de trabalho “um forte impacto inicial da
pandemia e uma lenta recuperação, que ainda se
encontrava incompleta” até o período de análise.
Conforme o estudo, o rendimento habitual médio dos
trabalhadores ocupados, em termos reais, apresentou
uma queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021, na
comparação com o mesmo período de 2020.
O movimento, contudo, é “apenas o inverso” do
observado no início da pandemia, “quando os
rendimentos habituais apresentaram um crescimento
acelerado”, diz o levantamento. Isso ocorreu porque,
no começo da crise sanitária, a perda de ocupações
se concentrou em vagas com remuneração menor, em
setores como construção, comércio e alojamento e
alimentação, além de afetar os empregados sem
carteira assinada e principalmente os trabalhadores
por conta própria.
Os profissionais que permaneceram ocupados à época
foram aqueles com renda relativamente mais alta,
segundo o levantamento. A situação acabou levando
para cima os ganhos médios com o trabalho. O cenário
agora apresenta diferenças. Com a volta de informais
e trabalhadores por conta própria ao mercado, o
rendimento habitual, em média, passa a cair.
Com informações do Valor Econômico
Fonte: Portal Vermelho - Do Blog de Notícias da CNTI
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