Além de contrariar posicionamento do STF, temas incluídos na MP aprofundam redução de direitos
que não enfrentam problema do desemprego, diz Dieese
O Senado já recebeu a medida provisória que renova o
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda. A MP 1.045 foi aprovada pela Câmara na semana
passada, com todas as propostas apresentadas pelo
relator, deputado Christino Áureo (PP-RJ). Mas de
tantos anexos recebidos, vem sendo chamada de
“minirreforma” trabalhista. O projeto de conversão (PLV
17) recriou o contrato de trabalho verde e amarelo
que o governo não conseguiu aprovar em 2020.
Além de “ressuscitar” esse contrato, reduzindo
direitos de jovens de 18 a 29 anos e adultos acima
de 55, o Dieese cita o “programa de trabalho
subsidiado para formação e qualificação
profissional” e um programa de trabalho voluntário.
Assim, aprofunda a “reforma” trabalhista de 2017,
alterando vários itens da CLT.
Minirreforma trabalhista e sem debate
A MP deveria se restringir à questão emergencial, lembra o instituto. “Além de contrariar um posicionamento do Supremo Tribunal Federal em relação à inserção de questões não pertinentes à matéria da proposição, os temas incluídos são da maior importância para os trabalhadores e deveriam ser tratados em projeto específico, de modo a promover o debate e a reflexão necessários, não possíveis no ritmo de tramitação de uma MP”, afirma ainda o Dieese, em nota técnica sobre a “minirreforma” trabalhista.
O segundo ponto, como acrescenta o Dieese, é a
insistência na ideia de que reduzindo direitos e
flexibilizando regras trabalhistas será possível
enfrentar o problema do desemprego. Seja geral ou
específico de alguns grupos sociais (como os jovens
e adultos com 55 anos ou mais): “Após quatro anos da
aprovação da reforma trabalhista, essa aposta não
deveria mais fazer sentido. Segundo reitera o
instituto, é inegável a piora nos indicadores de
desemprego, de subutilização da força de trabalho e
de precarização da ocupação.
Emprego precarizado
Pelo contrário, diz o instituto no documento: “A proposta permite a contratação de até 45% do atual número de empregados, com contratos precarizados e sem a proteção integral ou parcial da legislação trabalhista”. Aa medida oferece aos empregadores redução de custos e compromete recursos públicos, mas sem a garantia de que não provocará mera substituição entre trabalhadores. O Dieese observa que hoje muitos empregadores já contratam jovens sem esses subsídios.
“A preocupação com a inserção ocupacional no
primeiro emprego, presente em propostas que estão em
debate no Congresso Nacional, deveria perseguir a
qualidade dos postos de trabalho. De forma a gerar
efeitos positivos de longo prazo, que seriam
determinantes da trajetória ocupacional ao longo da
vida”, reforça o estudo. Assim, as oportunidades
oferecidas aos jovens resumem-se a postos de
trabalho de baixa qualidade. “Empregos informais,
temporários e/ou instáveis, baixos salários, longas
jornadas e possibilidades reduzidas de ascensão
profissional. Esse quadro de precarização pode
contribuir para a interrupção e desestímulo em
relação aos estudos por parte das pessoas nessa
faixa etária.”
Confira aqui a íntegra da nota técnica do Dieese. E
aqui o texto aprovado pela Câmara. O projeto do
contrato “verde e amarelo” passou na Casa, mas parou
no Senado.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
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