Sindicalistas lançam movimento e abaixo-assinado pela prorrogação do auxílio emergencial sem redução de valor. E apontam consequências econômicas e sociais graves
Enquanto o governo fala em reduzir pela metade o
valor do auxílio emergencial, as centrais sindicais
lançaram campanha pela prorrogação, pelo menos até
dezembro, sem cortes. Alertam para consequências
econômicas e sociais graves. Além disso, as
entidades pretendem demonstrar que a criação do
auxílio ocorreu não por causa de Jair Bolsonaro, mas
apesar dele.
Ao divulgarem a campanha, nesta quinta-feira (17),
as centrais lançaram ainda um abaixo-assinado pela
manutenção do auxílio de R$ 600 – e de R$ 1.200 para
mães chefes de família. A mobilização deverá se
concentrar no Congresso. No último dia 2, o governo
editou a Medida Provisória (MP) 1.000, que prevê
quatro parcelas “residuais” de apenas R$ 300.
Efeito no consumo
Um dos slogans da campanha é “Bota pra votar já, Maia!”, referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os dirigentes sindicais também pediram audiência com o parlamentar. Mas isso terá de esperar: ontem (16), Maia testou positivo para covid-19. Segundo sua assessoria, “ele manifestou sintomas brandos da doença e está se tratando na residência oficial, onde seguirá em isolamento, respeitando as recomendações médicas”.
Em notas, as centrais afirmam que a redução do
auxílio “compromete gravemente a capacidade das
famílias adquirem a alimentação, moradia, transporte
e outros bens de consumo básicos, além de todas as
outras necessidades”. E lembram que o benefício
“garantiu o consumo básico de mais de 50 milhões de
pessoas”. Inicialmente, o governo falava em R$ 200,
mas a pressão no Congresso elevou o valor para R$
600.
Redução é “crime”
“No início da pandemia, em março, o auxílio emergencial foi uma conquista do movimento sindical. O governo dizia que não tinha orçamento”, lembrou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, durante entrevista coletiva para veículos alternativos. Para ele, “é um crime” propor a redução. “E agora, com a inflação de alimentos, 300 reais não compra sequer a cesta básica.”
A consequência, acrescentou o dirigente, seria “uma
crise social sem precedentes”. Ele criticou a equipe
econômica: “Não podemos trabalhar com a lógica Paulo
Guedes, cabeça de planilha”. O presidente da CUT
observou que as centrais também pretendem discutir
um programa de renda básica permanente.
Emendas à MP
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, lembrou também do aumento de preços de gêneros de primeira necessidade, o que prejudica, principalmente, os mais vulneráveis. Ele lembrou que vários parlamentares já apresentaram emendas à MP.
“A ideia do abaixo-assinado é envolver a maioria dos
municípios do país. As pequenas prefeituras sabem o
efeito desses 600 reais. Isso é bom pra os
trabalhadores, para a economia, para o Brasil”,
acrescentou Miguel.
Já o presidente da UGT, Ricardo Patah, lembrou que a
central tem forte representação no comércio e nos
serviços, setores em que o auxílio ajudou a manter
certo equilíbrio de atividade e emprego. Mas ele
lembrou que são necessárias “medidas econômicas de
impacto”, com retomada de obras de infra-estrutura.
Os sindicatos também precisam reagir, emendou,
apontando para o risco de uma “situação
insustentável.”
“Desmascarar o Bolsonaro”
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, a campanha pela manutenção do auxílio será importante também para mostrar que o presidente da República – que se beneficiou do auxílio em termos de popularidade – é, na verdade, empecilho em temas sociais. “Precisamos desmascarar o Bolsonaro”, afirmou.
“Ele foi contra o auxílio emergencial, a ajuda aos
estados e municípios, à micro e pequena empresa,
contra o Fundeb, contra tudo. Índios, LGTB,
movimentos sociais, é contra o sindicalismo”, disse
Adilson. Além disso, segundo ele, Paulo Guedes quer
acabar com o Estado no momento em que “tudo que nós
deveríamos estar discutindo era a universalização
dos serviços públicos”.
Destruição do Estado
O presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, afirmou que não apenas os trabalhadores, mas todo o país será prejudicado com a redução. Ele lembrou que o governo, no início, dificultou o acesso ao crédito e o pagamento efetivo do auxílio. O objetivo, diz, é a “destruição” do Estado. “A reforma administrativa tem o objetivo central de destruir o Estado brasileiro, o serviço público. Com esse governo, a gente não vê perspectiva”, afirmou Bira.
Integrante da executiva da CSP-Conlutas, Atnágoras
Lopes chamou a atenção para dados divulgados pelo
IBGE que mostram um quadro “catastrófico” de
insegurança alimentar, atingindo principalmente
mulheres e negros. O “novo normal” da pandemia, com
800 a mil mortos por dia, também tem “corte de raça
e classe”, acrescentou.
Também participaram da entrevista o presidente da
Nova Central, José Calixto, e o presidente interino
da CSB, Álvaro Egea.
Confira nota das centrais
Campanha Nacional
Pela manutenção do auxílio emergencial de 600 reais
até dezembro
É bom para o povo, para a economia e para o Brasil
As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB,
CSB, NCST, CGTB, Intersindical, CSP-Conlutas,
Intersindical e Pública, seus sindicatos e
entidades, iniciam de forma unitária nesta
quinta-feira (17) uma mobilização nacional para
conclamar ao Congresso Nacional para votar a MP 1000
e restituir o valor de R$ 600 para o Auxílio
Emergencial (R# 1.200 para mãe chefe de família).
Essa iniciativa fundamental depende inicialmente da
decisão do presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, de encaminhar o processo legislativo e
pautar a votação na Câmara dos Deputados.
Nosso o objetivo é impedir que o governo federal
cometa mais uma injustiça contra a classe
trabalhadora e, principalmente, contra a população
vulnerável, as mais atingidas pela pandemia de
Covid-19 e a recessão.
A Medida Provisória 1000 corta o Auxílio Emergencial
pela metade, reduzindo-o a R$ 300,00, restringindo
ainda mais a capacidade de milhões de famílias
brasileiras enfrentarem as consequências da crise
sanitária causada pela pandemia do coronovírus, em
especial o desemprego e a perda de renda do
trabalho. A redução do Auxílio compromete gravemente
a capacidade das famílias adquirem a alimentação,
moradia, transporte e outros bens de consumo
básicos, além de todas as outras necessidades.
O Auxílio Emergencial de R$ 600,00 garantiu o
consumo básico de mais de 50 milhões de pessoas,
fomentou a atividade nas empresas e protegeu milhões
de empregos, fazendo a roda da economia girar,
impedindo, assim, que uma crise econômica ainda
maior se instalasse no país. Estudos estimam que os
mais de R$ 320 bilhões mobilizados para financiar
esse Auxílio teve um impacto positivo na massa de
rendimentos das famílias que, transformada em
consumo, foi capaz de sustentar mais de 2% do PIB
brasileiro em 2020.
Sairemos dessa grave crise sanitária e econômica se
formos ousados e tivermos capacidade efetiva de
cooperação. Cabe ao governo federal articular e
coordenar os esforços de enfrentamento da crise
sanitária, contudo o governo atua no sentido
contrário, o que significa milhares de vidas
perdidas que seriam evitáveis.
Cabe ao governo mobilizar os recursos públicos, com
impostos progressivos e taxando os ricos, para
garantir renda básica para todos que necessitem, bem
como mobilizar investimentos para a retomada das
milhares de obras paradas, para a expansão da nossa
infraestrutura econômica e social, orientando para
um desenvolvimento produtivo ambientalmente
sustentável, justo e cooperado.
Convidamos as organizações, entidades e movimentos
para que façamos um grande esforço de articulação
das nossas iniciativas. Conclamamos parlamentares e
partidos para um amplo diálogo social compromissado
com a nação brasileira, com o desenvolvimento
econômico sustentável, com a justiça social, diálogo
esse que deve agora materializar-se na manutenção do
Auxílio Emergencial de R$ 600 até dezembro.
Sérgio Nobre - Presidente da CUT – Central
Única dos Trabalhadores
Miguel Torres - Presidente da Força Sindical
Adilson Araújo - Presidente da CTB – Central
dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
José Calixto Ramos - Presidente da NCST –
Nova Central Sindical de Trabalhadores
Alvaro Egea - Secretário Geral da CSB –
Central dos Sindicatos Brasileiros
Ricardo Patah - Presidente da UGT – União
Geral dos Trabalhadores
Ubiraci Dantas Oliveira - Presidente da CGTB
– Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
Joaninha de Oliveira - Secretaria Executiva
Nacional da CSP – Conlutas
Nilza Pereira de Almeida - Secretaria de
Finanças – Intersindical – Central da Classe
Trabalhadora
Emanuel Melato - Coordenação da Intersindical
– Instrumento de Luta e Organização da Classe
Trabalhadora
José Gozze - Presidente – Pública Central do
Servidor
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog e Noícias da CNTI
http://cnti.org.br/html/noticias.htm#Campanha_das_centrais_mostra_que_aux%C3%ADlio_de_R$_600_existe_n%C3%A3o_pelo_governo,_mas_apesar_dele
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