A
existência do sindicalismo está diretamente ligada
ao processo de industrialização ocorrida a partir do
século XVIII, pois com a migração dos camponeses
para os crescentes centros urbanos em busca de
melhores condições de vida, as relações entre os
donos dos meios de produção e dos que vendiam sua
força de trabalho ganhou destaque, mas também
aprofundou as práticas de exploração da mão de obra.
Cansados de receber minguados “salários”, de
trabalhar até 16 horas por dia em condições
degradantes e nocivas à saúde, os operários, dentre
eles crianças e indivíduos de idade avançada,
começaram a se organizar para defender seus
interesses, assim começam a surgir os primeiros
Sindicatos.
A luta por melhores salários, jornadas menos
exaustivas, condições mínimas de segurança e higiene
e por uma proteção social até então inexistente,
implicava em mudanças nas relações entre patrões e
empregados; estas mudanças eram vistas pelos patrões
como perda do seu poder, redução da margem de lucros
e maiores gastos com, os até então, indefesos
empregados. Esta mentalidade levou aos patrões a
considerar o sindicalismo como uma enorme ameaça aos
seus interesses e, portanto, deveriam ser combatidos
e aniquilados. Este contexto de confronto de
interesses entre patrões e empregados perdura até os
dias de hoje.
Não por acaso existem pessoas que defendem o
trabalho intermitente, o fim do 13º Salário, a
redução dos valores pagos nas férias, novas formas
de contrato de trabalho, fim das normas
regulamentadoras (NR’s), fim da aposentadoria
especial, etc.
Esta movimentação do capitalismo fica ainda mais
evidente e agressiva a partir de 2017 no Brasil, com
a escandalosa reforma trabalhista, com o
enfraquecimento da Justiça do Trabalho, com o fim do
imposto sindical.
É fundamental que o sindicalismo faça uma reflexão
sobre sua forma de atuar na organização da classe
trabalhadora e na elaboração de suas estratégias de
luta, sob pena de continuar a perder seu poder de
mobilização social, ainda mais em um contexto
adverso criado pela atuação neoliberal que, ao se
colocar como defensor das liberdades individuais
enfraquece a classe trabalhadora, ameaçando e
intimidando individualmente os empregados, que se
sentem inseguros e lutam pela sobrevivência em seus
empregos, aceitando salários injustos, perda de
benefícios e direitos.
A classe operária está insegura e não vislumbra
razões para se lançar as ruas e protestar contra a
eterna exploração capitalista.
A comunicação sindical tem que acompanhar as novas
formas de interação entre pessoas, grupos e
instituições que surgiram com as novas tecnologias
da informação. O discurso sindical precisa
sensibilizar de forma efetiva os jovens. As
mensagens direcionadas aos desempregados e informais
também. A batalha entre o individualismo e a
solidariedade no mundo do trabalho está sendo
vencida pelas empresas, que falam muito de
liberdades individuais, de meritocracia, de
empreendedorismo, mas, não tocam em pontos chaves
das relações laborais, tais como trabalho decente,
salário digno, saúde e segurança, desenvolvimento
profissional e proteção social.
O sindicalismo continua sua trajetória histórica da
defesa de uma sociedade mais justa, onde o trabalho
volte a ocupar um lugar de destaque como instrumento
de distribuição de riqueza, de inclusão social e
igualdade de oportunidades.
Por mais críticas que possa receber, o sindicalismo
continua a se contrapor às injustiças e à exploração
do capitalismo. Por esta razão, é que continua a
sofrer ataques que objetivam a sua derrocada e
facilitar ainda mais a exploração da classe
trabalhadora.
Eduardo Annunciato – Chicão
Diretor de Educação da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria (CNTI)
Presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (STIEESP) e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA
Vice-presidente da Força Sindical
Fonte: Rádio Peão Brasil - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br
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