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terça-feira, 31 de maio de 2022

Tudo está caro ao mesmo tempo

 
Pedro Afonso Gomes é presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo. Ele conversou com a Agência Sindical sobre a situação econômica nacional, que não tem perspectivas de melhora a curto prazo.

Principais trechos:

CARESTIA – “Tudo está caro ao mesmo tempo. A pessoa passa a comprar outra marca de sabão em pó, de leite, de suco. Mas essas outras marcas também subiram de preço”.

RENDA – “Há uma perda generalizada por causa dos aumentos. A renda dos pobres e da classe média liberal caiu. Não temos inflação de demanda, e sim de custo”.

PREÇOS – “O mais sentido é nos alimentos. Então, o produtor está ganhando mais? Não. Essa inflação decorre do custo dos combustíveis, dos insumos e de outros itens do preço final”.

JUROS – “Não impactam tanto na inflação, mas travam a produção. Se a produção cai, há menos negócios, menor circulação de dinheiro, mais desemprego e arrocho nos salários”.

FINANCEIRAÇÃO – “O poder do capital financeiro é muito grande. E os outros setores funcionam como que agregados a ele”.

ESTOQUES – “Durante um século, o Brasil teve estoques reguladores. Mas decreto de Bolsonaro, em 2019, acabou com os estoques, deixando tudo nas mãos do mercado. Um erro inaceitável”.

PERSPECTIVAS – “A insegurança no País inibe investimentos estrangeiros. Sem um governo que dê segurança e mostre clareza na economia, não vamos sair do atoleiro”.

TV DOS ECONOMISTAS – Acesse no YouTube o Canal do Corecon-SP. Conteúdo renovado a cada semana.

FONTE: Agência Sindical

 

Entenda como veto do STF à ultratividade prejudica os trabalhadores

  Ministros do Supremo Tribunal Federal decidem que, após 24 meses, acordo coletivo de trabalho perde validade e direitos conquistados podem ser cancelados até novo acordo ser assinado


Seis dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram contra a manutenção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) vencidos até a fixação de novo. O mecanismo, que tem o nome técnico de ultratividade, garantia que, enquanto um novo acordo era negociado valiam as cláusulas com conquistas relacionadas as condições de trabalho, benefícios, reajustes salariais, piso salarial, jornada de trabalho, vale-refeição, vale-transporte e plano de saúde, entre outros benefícios.


A aprovação da ultratividade era uma luta da CUT e demais centrais para que os trabalhadores mantivessem esses e outros benefícios.


Mas, o STF concluiu na sexta-feira (27) o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323, que discute ​a ultratividade ​de normas coletivas e votou contra os trabalhadores.


“Apesar de o conjunto normativo negociado coletivamente, em acordos e convenções coletivas de trabalho, constituírem patrimônio jurídico dos trabalhadores (§ 2º do artigo 114 da Constituição), sem a ultratividade, as condições negociadas valerão apenas no período de vigência das normas”, explica o advogado Ricardo Carneiro, do escritório LBS, que atende a CUT Nacional.


“Isto demandará forte mobilização dos trabalhadores em torno dos seus sindicatos, pela defesa dos seus acordos e convenções coletivas, muitas delas, inclusive, históricas e de âmbito nacional, como a dos bancários”, ressaltou Carneiro.


A decisão do STF contra a ultratividade vai interferir em cerca de 4,65 milhões de processos que têm como palavras chaves nas iniciais norma coletiva, acordo coletivo ou convenção coletiva e supressão ou prevalência ou limites de direitos trabalhistas. Os dados são do Data Lawyer Insights, plataforma de aplicação de métodos estatísticos no Direito, a “jurimetria”.


Desde 2016 os direitos dos trabalhadores estão sob ataque e a declaração da inconstitucionalidade da ultratividade, conforme prevista na Súmula nº 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), é mais uma batalha perdida na trincheira do STF, afirma Ricardo Carneiro.


O TST havia julgado que as conquistas em convenções ou acordos poderiam ser mantidas até que um novo acordo fosse negociado.


Embora a ultratividade nunca tenha existido na prática, era comum nas proximidades da data-base os sindicatos entrarem na Justiça com pedido de dissídio coletivo, enquanto não havia o julgamento do novo acordo. Isso garantia a manutenção dos direitos, mas desde a reforma Trabalhista de 2017, de Michel Temer (MDB-SP) a ultratividade foi totalmente vetada.


Em 2020, o Congresso Nacional havia incluído no texto da Medida Provisória (MP) nº 936 que os ACTs poderiam ser prorrogados enquanto não houvesse um novo acordo. No entanto, Jair Bolsonaro (PL) vetou esse item da MP.


O pedido contrário à ultratividade veio, previsivelmente, de uma entidade patronal, a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323.


Votaram pelo fim da ultratividade os ministros do STF Gilmar Mendes (relator) , Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Cármen Lúcia.

 

Fonte: CUT - Do Blog de Noticias da CNTI

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Sindicalistas, ativistas e parlamentares pedem votação de projeto que concede 14º salário para aposentados

  Já aprovada em duas comissões, proposta aguarda votação na CCJ


Sindicalistas, ativistas e parlamentares defenderam o pagamento do 14º salário a aposentados e pensionistas em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados.


Um projeto em análise na Câmara trata da concessão em dobro do abono anual, que é o 13º salário pago a segurados e dependentes da Previdência Social que recebem aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão (PL 4367/20).


O pagamento do 14º salário estava previsto inicialmente para os anos de 2020 e 2021. O objetivo é compensar os efeitos da crise provocada pela pandemia de Covid-19 na vida de aposentados e pensionistas.


Especialista em direito tributário, o advogado Sandro Lúcio Gonçalves lembrou que, nos momentos mais difíceis da pandemia, muitas vezes, os aposentados foram os únicos responsáveis pelo sustento das famílias.


“Os filhos que perderam os empregos no momento que tudo parou foram para a casa do pai, da mãe, do avô e da avó. E aumentou a despesa dele, mas ele não teve ajuda durante a pandemia”, lembrou Gonçalves.


Reforma da Previdência

 

Além da questão do sustento da família durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a presidente da Federação das Associação dos Aposentados do Estado do Rio de Janeiro, Yedda Gaspar, reclamou que a renda dos aposentados já vem se deteriorando desde a reforma da Previdência, em 2019.


“A pandemia do aposentado não começou em março de 2020, não. A pandemia do aposentado começou com a reforma da Previdência em 2019. Aí a gente já começou a ver o empobrecimento das viúvas. O marido morria, ela já não recebia 100%, era 60%. Por quê? Por causa da reforma da Previdência”, criticou.

 

Investimento

Para a deputada Flávia Morais (PDT-GO), a aprovação do projeto não vai representar um gasto, mas sim um investimento para o governo. A parlamentar foi relatora do PL 4367/20 na Comissão de Seguridade Social e Família, onde o texto foi aprovado no ano passado.


Flávia Morais argumentou que o dinheiro a mais pago ao aposentado vai servir para fomentar a economia neste momento de crise. “O aposentado que receber esse dinheiro não vai investir, não vai mandar para o exterior, não vai comprar lote, ele vai comprar comida, ele vai gastar, ele vai fazer nossa economia girar", afirmou a deputada. "É um investimento na nossa economia, que se faz muito necessário neste momento de carestia que nós estamos vivendo”, disse.


Respeito

 

Para o deputado Delegado Antônio Furtado (União-RJ), que propôs a realização do debate nesta quarta, o idoso que trabalhou a vida toda e contribuiu para o crescimento do Brasil precisa ser respeitado, como acontece em nações com maior grau de desenvolvimento.


“O Japão é um país que dá valor ao idoso, onde o idoso é respeitado, ele é ouvido, ele é o esteio, ele é uma casa. A família dá importância ao idoso. Infelizmente, o Brasil não chegou a esse nível de evolução, mas precisa chegar e vai chegar”, acredita Furtado.


O projeto do 14º salário para aposentados e pensionistas também já foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação, e previa o pagamento do abono, até o limite de dois salários mínimos, no mês de março dos anos de 2022 e 2023. O texto ainda aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça.

 

Fonte: Agência Câmara - Do Blog de Noticias da CNTI


Carestia, desmonte, estagnação e pandemia mostram um país à deriva

 

Para o Dieese, governo mostra preocupação apenas com o processo eleitoral e tem gestão “desastrosa” na economia

Roberto Parizotti/CUT 
 
Preços
Inflação está acumulada em 12%, comprometendo a renda e os acordos salariais

São Paulo – “O país está à deriva e a única ação executada pelo governo é entregar o que o dinheiro estrangeiro quer comprar: das riquezas minerais aos produtos agrícolas de exportação; de empresas de saneamento básico e distribuição de eletricidade a ações de empresas e títulos da dívida pública”, afirma o Dieese em boletim divulgado nesta sexta-feira (27). Para o instituto, a hegemonia neoliberal no país, “acelerada com golpe e fúria após 2016″, mostrou ” incompatibilidade entre gerir a economia pela lógica do arrocho fiscal, monetário e de salários e alcançar níveis de crescimento econômico que permitam reduzir o desemprego, a miséria e a exclusão”.

No Brasil, a inflação crescente “é um dos aspectos mais devastadores para as condições de vida da classe trabalhadora”, segundo o Dieese. O IPCA, indicador oficial da inflação, soma 12,13% em 12 meses, maior taxa acumulada desde outubro de 2003. “As expectativas são de que o IPCA-IBGE acumule alta próxima de 8% em 2022, e que atinja 4% em 2023, sinalizando que os impactos da elevação de custos, que atingem a economia global, por aqui será sentido de forma ainda mais intensa, sobretudo pelos que vivem da remuneração do próprio trabalho.”

Acordos salariais

Além disso, a inflação compromete os resultados das negociações coletivas. Apenas no primeiro trimestre, 40% dos acordos e convenções coletivas pesquisados tiveram reajuste abaixo da inflação. Acima, apenas 29%. A variação média dos reajustes foi de -0,49%. “Os pisos salariais também estão em patamar cada vez mais insuficiente para garantir sobrevivência diante da inflação galopante”, acrescenta o Dieese. No mesmo período, o valor médio dos pisos foi de R$ 1.387,82. Só 14,5% acima do salário mínimo oficial (R$ 1.212).

Mesmo com postura “irresponsável” do governo em relação à pandemia, o avanço da vacinação ajudou a fazer com que a atividade econômica voltasse ao nível anterior a março de 2020. Assim, há certa melhora nos indicadores do emprego no país. “Embora com maior precariedade e informalidade”, ressalva o Dieese. Agora, são aproximadamente 11,9 milhões de desempregados. A taxa de informalidade chega 40,1% dos ocupados, enquanto o rendimento médio cai 8,7% em um ano.

Ações de desmonte

“A situação é agravada pela desregulamentação financeira mundial e pela estagnação econômica verificada nos países centrais do capitalismo”, diz ainda o instituto, listando iniciativas oficiais que contribuíram para o desmonte interno. “Como planejado e executado, o conjunto de ações da chamada “ponte para o futuro” resultou, desde 2016, no rebaixamento progressivo do padrão de vida da classe trabalhadora no Brasil. Entre os instrumentos usados com esse propósito estão a Emenda Constitucional nº 95/2016 (Teto de gastos), a contrarreforma trabalhista (Lei 13.467/2017), a liberação geral da terceirização (Lei 13.429/2017), a contrarreforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103/2019), o desmonte do aparato estatal de fiscalização ambiental, entre outros. Esse cenário de destruição se tornou ainda pior com a persistente pandemia e o morticínio decorrente da atuação (ou falta de atuação) do governo federal, e com a escalada inflacionária, impulsionada pela guerra na Ucrânia.”

Dessa forma, para o Dieese, o governo mostra preocupação apenas com o processo eleitoral e a busca da reeleição. Com isso, “opera a gestão desastrosa da economia, que mantém o crescimento do país em patamares inferiores aos dos vizinhos da América do Sul”.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

Por Redação RBA

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Programa de serviço civil voluntário é mais um passo rumo à precarização do trabalho

MP aprovada pelo Senado vai no mesmo sentido de mudanças promovidas desde 2017, aponta diretor do Dieese


O Senado aprovou nesta quarta-feira (25) a Medida Provisória (MP) n° 1099, que cria o Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário. Direcionado a jovens de 18 a 29 anos, àqueles com 50 anos ou mais sem emprego formal há mais de 24 meses e a pessoas com deficiência, a proposta aprovada permite aos municípios contratar os trabalhadores para atividades consideradas de interesse público, que não sejam de atribuição dos servidores municipais.


Os contratos preveem jornada máxima de 22 horas semanais, com limite de 8 horas diárias. O valor da bolsa que será paga deverá ser calculado com base no total de horas dos serviços executados e do curso de formação técnico-profissional realizado, tomando como base o valor equivalente do salário mínimo dividido por hora.


Na prática, os participantes do programa terão como teto de remuneração mensal menos da metade do piso nacional, R$ 572, sem direitos previdenciários e trabalhistas.


Durante a votação em plenário, a proposta foi criticada por parlamentares. “Esse projeto pega os que estão vulneráveis. Eles não têm direito a afastamento por doenças, não se recolhe nada para a Previdência Social. Não têm direito à licença-maternidade ou paternidade, nem à folga semanal. Eu digo que não é por aí”, apontou a senadora Zenaide Maia (Pros-RN).


Na mesma sessão, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) alertou que a proposta poderá criar um “trem da alegria” em período eleitoral, já que permite a contratação sem a realização de concurso público. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que há manifestações contra a medida provisória vindas de diversas entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público do Trabalho (MPT).


Precarização e menos direitos

Pelo projeto, terão prioridade de contratação os beneficiários de programas de renda e os integrantes de famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico. O programa terá duração de 24 meses e também será aplicável ao Distrito Federal.


“Esse processo de criação de novas formas de contratação vem desde 2017, com a criação do trabalho intermitente, e o governo tenta empurrar uma nova modalidade”, aponta o diretor-técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, em entrevista ao Jornal Brasil Atual. “Mais uma vez, uma forma de contratação precária que limita a jornada e tem como arremedo de compensação a colocação dos cursos, que podem inclusive ser executados de forma virtual, e quando vamos observando são modalidades, nesse caso, no setor público, que precarizam o mercado de trabalho.”


Fausto Augusto aponta que é necessário avançar no processo de formalização e ampliação dos direitos trabalhistas e não na sua redução, ainda mais quando atinge segmentos específicos da população. “Vemos de novo a ideia de categorizar trabalhadores de modo diferente. Isso é muito perigoso, em especial quando vem do próprio Estado, que se propõe a fazer contratações precárias e de alguma forma se aproveitar desse movimento de alta taxa de desemprego e elevada vulnerabilidade”, pontua. “As pessoas têm dificuldade para entrar no mercado de trabalho, com a inflação corroendo o poder de compra das famílias. É neste momento que deveríamos ampliar uma discussão sobre renda básica, sobre como aumentar a proteção social e se caminha num processo de interferência no mercado de trabalho com redução de direitos trabalhistas.”


“O sistema público de emprego tem um tripé, se baseia no seguro-desemprego, na qualificação profissional e no processo de intermediação de mão de obra, algo que vem sendo desmontado neste governo, principalmente quando se fez a extinção do Ministério do Trabalho.


O que se vê é um arremedo da qualificação, da intermediação, buscando uma aceleração de um tipo de contratação que dá muito pouca oportunidade para quem entra nesse programa de avançar depois para uma condição melhor”, pondera o diretor do Dieese.

 

Com informações da Agência Senado

 

Fonte: Brasil de Fato - Do Blog de Notícias da CNTI


 

Fome avança e chega a 36% das famílias brasileiras

Ação da CNTEEC combate a fome


Estudo da FGV Social, centro de pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, conduzido pelo economista Marcelo Neri, aponta que, em 2021, 36% das famílias brasileiras foram ameaçadas pela fome. Os resultados foram publicados no jornal O Globo desta quinta (26).

Segundo os dados coletados, em algum período do ano essas famílias não tiveram dinheiro pra colocar comida na mesa. Esse é o maior patamar da pesquisa, iniciada em 2006, além de ser a primeira vez que a insegurança alimentar no Brasil ultrapassa a média mundial, de 35%.

De acordo com Marcelo Neri, a insegurança alimentar aumentou quatro vezes mais no Brasil do que na média mundial. Ele explica que essa situação de fome se agravou durante a pandemia, combinado com a crise econômica que provocou recessão entre 2014 e 2019, quando a desigualdade de renda aumentou.

Além da recessão, outros fatores contribuíram para esse quadro. A inflação, que estava alta no começo do período, com o Banco Central aumentando a taxa básica de juros, e a falta de reajuste no Bolsa Família.

Para o consultor da Action Aid, Francisco Menezes, o cenário deste ano é ainda mais dramático para as famílias. “A inflação foi aumentando de 2020 pra cá. Para as famílias mais pobres, significa comer menos ou pior”, afirma.

Mulher – Ainda de acordo com Marcelo Neri, as mulheres foram as que mais sofreram pela fome. Entre os homens, a insegurança alimentar caiu de 27% para 26%. Já para as mulheres, deu um salto de 33% para 47%. Esse aumento afetou também as crianças.

“Vimos a volta das crianças mais novas à escola, a subnutrição já deixou uma marca. Estamos falando de educação e nutrição, a base do desenvolvimento da pessoa. Isso tem um efeito estrutural, que precisa ser atacado o quanto antes”, ressalta o economista da FGV Social.

Merenda – Francisco Menezes explica que há cerca de 4 milhões de pessoas cadastradas para receber o Auxílio Brasil, mas é preciso uma medida urgente pra atender a população com fome, que hoje é estimada entre 25 milhões e 30 milhões de brasileiros.

“Vai ser preciso rever os R$ 400,00 repassados pelo Auxílio Brasil, porque já foram superados diante da elevação dos preços. O Programa Nacional de Alimentação Escolar é outro ponto de atenção. Muitas vezes a merenda pode se tornar a refeição principal dos alunos. Será preciso aumentar o valor per capita que é repassado aos municípios para merenda”, conclui Menezes.

MAIS – Clique aqui e veja reportagem completa do jornal O Globo.

 

FONTE: AGÊNCIA SINDICAL

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Dieese constata queda nos aumentos reais

 

Caiu para 8% o índice de aumentos reais na data-base de abril. A informação é do Boletim “De olho nas negociações”, número 20, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em março, os aumentos acima do INPC foram da ordem de 17,7%.

Números – Embora ainda parcial, o levantamento aponta 163 casos com reajustes iguais ou acima da inflação. Segundo o Boletim, 46% obtiveram reajustes iguais a esse índice. Os dados praticamente repetem a data-base março, quando 53,7% das negociações conseguiram reajustes iguais ou superiores ao INPC.

Arrocho – O percentual de reajustes inferiores à inflação segue alto: 46% do total, em abril (março, 46,2%). Abril apresenta a menor proporção de reajustes com ganhos reais em 2022 e a segunda menor nas últimas 15 datas-bases. O boletim do Dieese ainda mostra que, em todas as últimas 15 datas-bases, a variação dos reajustes foi negativa.

Razões – Segundo Luís Ribeiro, responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais do Dieese, os reajustes que não repõem a inflação seguem um padrão dos últimos meses. “Esse número está dentro de um patamar bem elevado”, explica.

Para ele, há três razões que explicam as perdas dos trabalhadores. “Primeiro, a inflação que já está alta e continua subindo; segundo, a economia desaquecida, que não dá sinais de retomada; a terceira é o desemprego, que segue alto. Tudo isso leva a um resultado negativo”, avalia Luís.

Expectativa – No próximo semestre, há negociações de categorias mais fortes, como bancários e metalúrgicos. Embora a economia não dê sinal de melhora, Luís Ribeiro obswerva que, “com essas categorias de peso, pode ser que melhore”.

MAIS – Clique aqui e acesse o boletim De Olho nas Negociações.

FONTE: Agência Sindical

 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

‘Prévia’ da inflação tem maior alta para maio desde 2016 e se mantém acima dos 12%


Alimentos, combustíveis e remédios foram alguns dos itens com aumento neste mês

 

A “prévia” da inflação oficial subiu menos do que em abril, mas teve a maior taxa para meses de maio desde 2016. Assim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) atingiu 0,59% – e agora soma 4,93% no ano e 12,20% em 12 meses. Oito dos nove grupos tiveram alta neste mês, segundo o IBGE, que divulgou os resultados na manhã desta terça-feira (24).


De acordo com o instituto, entre os itens que causaram maior impacto no índice geral estão produtos farmacêuticos (alta de 5,24% e impacto de 0,17 ponto percentual), higiene pessoal (3,03% e 0,11 ponto), passagens aéreas (18,40% e 0,09 ponto), gasolina (1,24% e 0,08) e etanol (7,79% e 0,07 ponto). Por outro lado, o custo da energia elétrica caiu 14,09%, após a entrada em vigor da bandeira verde.


Alimentos e remédios

 

Também nesse grupo (Habitação, o único com queda em maio), o IBGE apurou aumento médio de 0,81% no gás encanado, com reajuste no Rio de Janeiro. Já a taxa de água e esgoto subiu 0,55%, após reajuste aplicado em São Paulo.


O grupo Saúde e Cuidados Pessoais (alta de 2,19%) teve a influência dos remédios e itens de higiene pessoal, enquanto Transportes registrou elevação de 1,80%, com aumento dos combustíveis. Também subiu o seguro de veículo: 3,84%, já somando 18,24% no ano. Com reajustes em vários municípios, o custo com táxi aumentou 5,94%, o metrô subiu 2,17% e o ônibus urbano, 0,17%.


Em Alimentação e Bebidas (1,52% em maio), o IBGE destaca a influência dos alimentos para consumo na domicílio, com alta de 1,71%. Subiram, por exemplo,, itens como leite longa vida (7,99%) e batata inglesa (16,78%), com impactos de 0,06 e 0,04 ponto, respectivamente. Além desses, “também foram registradas altas em outros alimentos importantes na cesta de consumo dos brasileiros”, como cebola (14,87%) e pão francês (3,84%). Caíram os preços médios de fruta (-2,47%), tomate (-11%) e cenoura (-16,19%, após alta de 15,02% em abril).


Alta em todas as regiões

 

A alimentação fora do domicílio subiu mais: de 0,28%, no mês passado, para 1,02%. O lanche teve alta de 1,89%, ante 0,07% em abril, enquanto o custo com refeição foi de 0,45% para 0,52%. No grupo Comunicação, o IBGE cita ainda aumentos da TV por assinatura (4%), plano de telefonia móvel (0,36%) e correio (2,41%).


Entre as áreas pesquisadas, o menor resultado do IPCA-15 foi apurado na Grande Curitiba (0,12%) e o maior, na região metropolitana de Fortaleza (1,29%). No acumulado em 12 meses, a taxa vai de 10,38% (Belém) a 13,24% (Salvador). Na Grande São Paulo, ficou em 12,03%.


O IPCA e o INPC deste mês serão divulgados em 9 de junho.

 

Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Noticias da CNTI


terça-feira, 24 de maio de 2022

Homeschooling é um absurdo, afirma professor

 

pressao-contra-projeto-homeschooling

A Câmara dos Deputados deu um duro golpe na Educação brasileira. Isso porque na quarta (18), no período da tarde, foi votado o requerimento de urgência e, à noite, por 264 votos favoráveis e 144 contrários, foi aprovado o Projeto de Lei 2.401/2019, que concede aos pais a possibilidade de educar os próprios filhos, sem a necessidade de escolas e instituições de ensino – o chamado homeschooling.

Para o presidente da Federação dos Professores do Estado de SP (Fepesp), Celso Napolitano, esse projeto é o absurdo dos absurdos. “Esse PL é patrocinado e defendido pelas pessoas e entidades obscuras, que não têm nenhum compromisso com a Educação”, afirma o dirigente.

Após o resultado na Câmara, a Fepesp, entidades sindicais, entidades patronais, associações e mais assinaram um Manifesto, em repúdio ao homeschooling. Segundo o Professor Celso, esse foi o primeiro passo de uma grande mobilização em defesa da Educação.

“Estamos nos juntando a todas essas entidades pra tentar salvar a Educação e a juventude no Senado. Pra que o projeto não passe na Casa, que tem sido a revisora mais sensata no Congresso. O Manifesto é a primeira ação de todas essas entidades. Queremos pressionar senadores e senadoras a se posicionar contra”, explica.

Além de prejudicar o desenvolvimento de relações com outros alunos, as crianças também terão prejuízo de sua liberdade de expressão. “Vai reproduzir o que a família pedir. A família criacionista fará a criança acreditar que Adão e Eva quem iniciaram a espécie humana”, critica Celso Napolitano.

Mobilização – Segundo o presidente da Fepesp, todas as 427 entidades que assinam o Manifesto irão articular e pressionar senadores para que reprovem de imediato o PL do homeschooling. Ele ressalta: “Se alterar, corre o risco de voltar pra Câmara e ser aprovado a toque de caixa. O  Senado tem sido a Casa mais sensata pra impedir a concepção de ações do bolsonarismo”.

Manifesto – Clique aqui e leia o documento na íntegra.

MAIS – Acesse o site da Fepesp.

 


 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

O que não indígenas deveriam aprender com os povos originários para impedir a queda do céu?

 

Retomando terras e roças tradicionais, Guaranis apontam caminhos para mudar a rota de devastação do planeta


Segundo a plataforma Agro é Fogo, só no ano passado 37 mil famílias foram afetadas pelo uso do fogo como arma para os conflitos no campo
Segundo a plataforma Agro é Fogo, só no ano passado 37 mil famílias foram afetadas pelo uso do fogo como arma para os conflitos no campo - Carl de Souza / AFP

“Gente do céu... Esse pessoal branco tem que parar. Ficam passando veneno, destruindo tudo. O dia que acabar a natureza, os seres humanos vão se acabar também. Parece que os brancos são cegos. Parece que são surdos”. 

Leila Rocha toma chimarrão olhando o rio todas as manhãs. Com 59 anos de idade, a liderança Guarani Ñandeva do município de Japorã, no Mato Grosso do Sul (quase fronteira com o Paraguai), diz ter de suportar ver, a cada dia, o mato desaparecer e as águas do rio diminuírem.  

Foi ali, na Terra Indígena (TI) Yvy Katu, que Leila cresceu. Ela se lembra quando, aos 8 anos, sua comunidade foi expulsa, encaminhada “na marra” pela Funai para uma reserva “apertada” e viu sua terra ser tomada por fazendeiros. Na ocasião, ela prometeu ao pai que voltaria. Décadas depois, cumpriu.  

Leila faz parte do Conselho da Aty Guasu (Grande Assembleia Kaiowá e Guarani) e da Kuñangue Aty Guasu (Grande Assembleia das Mulehres Kaiowá e Guarani). Participou da retomada da TI Yvy Katu em 2003 e, depois de serem despejados, esteve também na outra retomada, feita em 2013. Ali vive desde então. Mas a terra – que está demarcada e com a homologação pendente - não é mais a mesma. Está no meio de um estado tomado pela pecuária, por plantações de cana, milho e soja transgênica. 

Segundo o MapBiomas, só as plantações de soja ocupam 36 milhões de hectares no Brasil, o equivalente a 4,3% do território nacional. É uma área maior do que países como a Itália ou o Vietnã.  

Pouco menos que a metade (42%) dessa monocultura está na região do Cerrado, onde Leila vive. Entre 1985 e 2020, a soja se expandiu 464% no bioma.  

Um ser que produz seu próprio fim 

O veneno no rio mencionado por Leila vem da pulverização de agrotóxicos do agronegócio que, de tão sistemáticas no Mato Grosso do Sul, foram definidas como “agressões químicas” pelo procurador Marco Antônio Delfino, do Ministério Público Federal, em denúncias que levou adiante contra a prática.  

O Cerrado é também uma das regiões do país que ganhou destaque no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, divulgado em abril. Se houver o aumento previsto da temperatura média da Terra de 4ºC a 5ºC, a previsão é que as chuvas nessa área do Brasil reduzam em 20%. 

:: Novo relatório do IPCC destaca que mundo teria aumento de 3,2ºC com políticas climáticas atuais ::

Ainda segundo o relatório da ONU, feito a partir de cerca de 18 mil publicações científicas, se o planeta não reduzir quase pela metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030, uma catástrofe global será inevitável. 

E o Brasil vem dando sua contribuição para que o planeta avance rapidamente nesse rumo. Dados da ONG Global Forest Watch divulgados no fim de abril apontam que o país foi responsável por 40% do desmatamento mundial em 2021.  

No livro A queda do céu, o xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa descreve que “os brancos não pensam muito adiante no futuro. Estão sempre preocupados demais com as coisas do momento”.  

“A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la”, profetiza Kopenawa: “Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar”.  

Kopenawa explica que escreveu aquelas palavras em coautoria com o antropólogo Bruce Albert para que os brancos as compreendam e possam dizer “os Yanomami são diferentes de nós, (...) o pensamento deles segue caminhos outros que o da mercadoria”. 

“Ruralista bebe água também”  

E a mercadoria, diz Leila Rocha - com um tom de voz calmo, quase destoante com aquele que se esperaria de alguém que há tanto tempo tem de explicar o óbvio -, é inútil se a vida não puder existir. 

“As pessoas não entendem a luta dos indígenas. Pensam que é por causa da terra. Não é isso. A gente luta pela natureza, pelo rio, pelos remédios tradicionais, para que as árvores possam ficar no lugar em que elas estão”, elenca. “A natureza também sente dor, igual o ser humano”, diz. 

“É difícil colocar isso na cabeça das pessoas brancas. Quando você diz, parece que a pessoa entende tudo. Mas na verdade não entende né? Só pensa em destruir, passar o trator, queimar a beira do rio. Mas nós seres humanos precisamos dessa água. Nunca vamos viver sem água”, afirma Leila Rocha. 

“Os ruralistas, fazendeiros, são devoradores da natureza. E não conseguem pensar que estão matando a própria vida deles. Se um dia a água acabar, nós seres humanos não sobrevivemos. Mesmo ruralista com toda a riqueza que tem. Ruralista bebe água também”, ressalta.   

Retomadas de terra e de roças tradicionais 

Mas enquanto uns insistem em destruir a natureza, outros se esforçam para salvá-la. Depois de décadas vivendo em duas aldeias de 26 hectares cada, os Guarani Mbya da TI Tenondé Porã, localizada na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo, começaram, desde 2013, um processo de retomada de suas terras. 

:: Retomadas em todo o país: indígenas ocupam suas terras ancestrais, ainda que sob ataque ::

Atualmente são 14 aldeias. Seis delas - Nhamandu Mirῖ, Yporã,  Ikatu Mirῖ, Takua Ju Mirĩ, Ka’aguy Hovy e Kuaray Oua – foram retomadas de 2020 para cá.  

A dispersão por um território mais amplo permitiu que, nos últimos anos, os indígenas retomassem também aspectos do nhandereko, o modo de viver Guarani. Uma parte desse conjunto de práticas e conhecimentos é a agricultura tradicional, antes impossibilitada pela falta de espaço.  


Em 2020, 35% da população da Terra Indígena Tenondé Porã estava envolvida nos trabalhos das roças tradicionais / Clarisse Jaxuka

Segundo levantamento do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) em seis das aldeias, em 2020 já havia 80 roças indígenas, cultivando 190 variedades agrícolas. Entre elas, diferentes espécies de milho, mandioca, batata, feijão, abóbora e banana.  

As roças foram desenvolvidas a partir do uso de sementes trocadas e também guardadas como tesouro pelos anciãos e anciãs Guarani, os xeramoĩ e as xejariy

Juxuka Mirῖ, chamada de Clarisse em português, trabalha na roça da aldeia Kalipety (retomada em 2013) e é também coordenadora da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY).  

“Temos vários tipos de batata: roxa, branca, amarela. E milhos também. Tem preto, vermelho, branquinho, amarelo, colorido. A gente conseguiu resgatar os milhos de antigamente. Eu estou muito feliz. Quando eu era criança era bem difícil ver esse milho”, conta Jaxuka, que atualmente tem 37 anos. “Às vezes eu penso... Tem alguns mais velhos que já não estão mais junto conosco, que lutaram tanto para ver isso... Sabe?” 

“O mundo não acaba, mas a gente acaba” 

Jaxuka tem uma lembrança de, aos 12 anos, ouvir pela primeira vez os xeramoĩ’ kuery, os mais velhos, falando sobre a importância da manutenção das práticas e saberes indígenas para impedir que a ganância capitalista destrua a vida humana.  

“Isso se fala desde antigamente. Não só juruá [não indígenas] né, mas mesmo nós Guarani: se não soubermos cuidar da natureza, das nossas rezas, se a gente começar a esquecer dos nossos, das nossas línguas...”, diz Jaxuka: “O mundo não acaba. Mas a gente acaba”.  

“Hoje em dia esse mundo está louco mesmo. A natureza vive, a natureza chora, a natureza grita – e ninguém ouve mais”, resume Leila Rocha. “Eu espero que um dia os brancos entendam que os indígenas são guardiões. A gente não luta só pela terra. A gente luta por todos nós”. 

Edição: Raquel Setz

 
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 https://www.brasildefato.com.br/2022/05/22/o-que-nao-indigenas-deveriam-aprender-com-os-povos-originarios-para-impedir-a-queda-do-ceu

 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Brasil tem 2,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos do que no início da Lava Jato

 A reforma trabalhista aprovada após o golpe contra Dilma Rousseff deteriorou ainda mais o ambiente, aumentando a informalidade


A formalidade vem perdendo seu espaço no mercado de trabalho desde o início da operação Lava Jato. Levantamento da LCA Consultores mostra que o número bruto de empregados com carteira assinada diminuiu em 2,8 milhões em relação a 2014.


Já o número de pessoas que trabalham sem registro ou por conta própria cresceu em 6,3 milhões nos últimos oito anos. No primeiro semestre de 2022, 38,1% dos trabalhadores tiveram suas carteiras assinadas. O pico para os empregados com carteira assinada foi de 43%, porcentagem alcançada em 2014.

 

O Dieese aponta a Lava Jato de Curitiba como responsável pela destruição de 4,4 milhões de empregos, ao quebrar grandes empregadores, como a indústria naval e praticamente todas as maiores construtoras brasileiras. A reforma trabalhista aprovada após o golpe contra Dilma Rousseff deteriorou ainda mais o ambiente., aumentando a informalidade.


Calculado a partir dos dados do setor provado no regime CLT e domésticos com carteira assinada, o estudo mostra que eventuais melhoras na taxa de desemprego podem não traduzir a realidade, na prática.

 

Fonte: Brasil247- Do Blog de Noticias da CNTI



quinta-feira, 19 de maio de 2022

Nota das Centrais: Contra a carestia e em defesa da democracia

Tendo em vista as carências da classe trabalhadora em meio a uma conjuntura marcada pela carestia, aumento da fome e da pobreza, aumento da inflação, redução da renda e alta taxa de desemprego, as Centrais Sindicais, após reunião realizada em São Paulo em 17 de maio de 2022, apontam que a luta contra a carestia e a defesa da democracia deverão nortear as ações do movimento sindical brasileiro ao longo deste ano.


Já está claro que o atual governo não tem capacidade ou interesse em debelar as causas da crise econômica e social. O governo até agora, depois de mais de três anos no poder, não apresentou nenhuma política consistente de desenvolvimento e geração de empregos. Ao contrário, implementa uma gestão voltada ao receituário de privatizações, cortes orçamentários e aumento da taxa de juros.


Como se não bastasse, não resolver a crise buscando caminhos que só a aprofundam, o governo ainda cria problemas de outra ordem, ameaçando, frequentemente, a estabilidade da democracia brasileira e o retorno do golpismo e da ditadura.


Conclamamos aos trabalhadores brasileiros reforçar a mobilização contra a fome, a miséria e em defesa da democracia:


- reforçando a unidade das centrais sindicais como forma de intensificar a luta;


- ampliando a resistência sobre as investidas aos direitos trabalhistas no legislativo e judiciário;


- apoiando e processo eleitoral que acontecerá em outubro;


- fortalecendo as campanhas salariais das diversas categorias como uma forma de luta unitária contra a carestia;


- convocando atos nacionais, regionais e locais contra a carestia, a miséria, o desemprego e a defesa da democracia.


Esperamos com tais ações e mobilizações suscitar o debate entre a população acerca da necessidade de mudança da atual rota política e econômica que só beneficia os mais ricos e de apoiar um projeto de desenvolvimento econômico baseado na industrialização, geração de empregos de qualidade, valorização do salário mínimo e da renda do trabalhador, justiça social e soberania.

 

Está mais do que na hora de dar um basta! Por isso, convocamos todas as instituições democráticas a se unirem pela melhoria das condições da população, na defesa da democracia e contra o golpismo.


São Paulo, 17 de maio de 2022


Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Antonio Neto, Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Oswaldo Augusto de Barros, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores

Atnágoras Lopes, Secretário executivo nacional da Central Sindical CSP-Conlutas

Nilza Pereira, Secretário Geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

José Gozze, Presidente da Pública Central do Servidor

 

Fonte: Brasil de Fato - Do Blog de Notícias da CNTI


Pesquisa da USP mostra que reforma precarizou


Estudo publicado terça (17), pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, detalha que a reforma trabalhista de Michel Temer, aprovada em 2017, não apresentou efeito estatisticamente significante sobre a taxa de desemprego. Isto é, a reforma que geraria milhões de empregos, como amplamente divulgado à época, não gerou empregos.

Segundo os pesquisadores Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega e Marina da Silva Sanches, o estudo levou em conta a taxa de desemprego do Brasil com a de outros 11 países da América Latina e Caribe, que não passaram por mudanças nas leis trabalhistas neste mesmo período.

Na combinação da taxa de desemprego com outras variáveis econômicas destes países, como o crescimento do PIB, inflação, câmbio e juros, eles chegaram ao que chamaram de “Brasil sintético”.

O resultado mostra que, entre 2018 e 2020, as taxas de desemprego no Brasil real e no sintético tiveram comportamento similar. “Os resultados não nos permitem afirmar que a reforma trabalhista de 2017 teve impacto significativo para o menor ou maior crescimento da taxa de desemprego no Brasil”, dizem os pesquisadores.

Ainda segundo eles, o discurso político em torno dos resultados da reforma na época da sua proposta não se realizou. As taxas de desemprego em 2018 e 2019 foram relativamente maiores no Brasil real em comparação com o Brasil sintético.

No ano seguinte, porém, as trajetórias de alta foram equivalentes. Desta forma, o Brasil real acabou ficando com desemprego levemente acima, na comparação com o país simulado, que não passou pelo processo de reforma trabalhista.

Além de não ter apresentado melhora nos indicadores, a reforma também afetou diversos outros aspectos trabalhistas. “O mercado de trabalho brasileiro é marcado por problemas de informalidade e rotatividade que geram baixa produtividade, além de uma grande desigualdade da renda do trabalho”, concluem os pesquisadores.

Estudo – Clique aqui e acesse na íntegra.

 

FONTE: AGÊNCIA SINDICAL