O “caos” criado no INSS, com filas virtuais que
chegam a cerca de 2 milhões de pessoas, não vai ser
resolvido com a mudança do presidente do instituto.
A avaliação é do ex-ministro da Previdência Carlos
Gabas, que é funcionário de carreira e já dirigiu a
superintendência do INSS em São Paulo (2003-2005).
Nesta terça-feira (28), o governo anunciou o
secretário de Previdência do Ministério da Economia,
Leonardo Rolim, como novo chefe do órgão, em
substituição a Renato Vieira, que pediu demissão.
Mas a relação de Rolim com seus comandados também
não deve ser das mais fáceis, já que em março de
2019 ele afirmou em entrevista que os “servidores só
querem privilégios”.
A situação deve piorar, segundo o ex-ministro,
devido a redução no número de trabalhadores no INSS
e a privatização da Dataprev, com servidores em
greve por tempo indeterminado em mais de 20 estados
contra a medida. A convocação de militares da
reserva também não resolve, já que não contam com
qualificação adequada para a função, e sua atuação
deve ser apenas para “intimidar” aqueles que tentam
se aposentar e não conseguem.
Segundo dados do próprio INSS enviados ao antigo
ministério do Planejamento, ainda antes do início da
atual gestão, o órgão precisaria contratar 16.548
pessoas para suprir os trabalhadores que se
aposentaram.
Das 1.316 agências do país, 321 têm de 50% a 100% do
quadro dos servidores com pedidos de aposentadoria.
E com a aprovação da reforma da Previdência,
promulgada em novembro do ano passado, houve uma
corrida, tanto de servidores quanto dos
trabalhadores da iniciativa privada, para se
aposentarem.
“Nós tínhamos um plano de reposição da força de
trabalho. No nosso período, implementamos a inversão
do ônus da prova, certificamos o cadastro CNIS e
preparamos os servidores. Tínhamos o programa de
aposentadoria em 30 minutos. Hoje está demorando
mais de ano. É reflexo do abandono da gestão. Os
governos depois do golpe abandonaram tudo e estão
acabando com a Previdência como era antes, fechando
agências, reduzindo as agendas. Você não consegue
mais ligar 135 e agendar atendimento para o mesmo
dia, como era antes”, afirmou em entrevista à Rádio
Brasil Atual, nesta quarta-feira (29). Atualmente, o
prazo para o primeiro atendimento chega a até oito
meses.
Segundo o ex-ministro, a nova versão do aplicativo
Meu INSS não é de simples compreensão e manuseio. E
não são todos os trabalhadores que têm acesso a
smartphones com internet. “Nós investimos em
tecnologia, mas ampliamos as agências. As pessoas
ainda precisam ir nas agências. É um serviço que
muitas vezes necessita de um esclarecimento, da
presença do cidadão para entregar algum documento”,
explicou.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
http://cnti.org.br/html/noticias.htm#Caos_no_INSS_ainda_deve_piorar,_avalia_ex-ministro_da_Previd%C3%AAncia
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