O
tempo médio em que os trabalhadores e trabalhadoras ficam desempregados
no Brasil é de 24 meses e as perspectivas futuras não são nada boas.
Enquanto o país corre o risco de entrar novamente em recessão, com a
projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em menos de 1% este ano, ao invés de projetos para gerar emprego e renda, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) se preocupa com tomada de três pinos.
De
acordo com estudo sobre o Mercado de Trabalho no primeiro trimestre de
2019, divulgado nesta terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o tempo médio de recolocação no mercado de
trabalho é de dois anos para 3,3 milhões de trabalhadores e
trabalhadoras – um aumento de 17,4% para 24,8% entre o primeiro
trimestre de 2015 e o mesmo período de 2019. Em quatro anos, cresceu
42,4% o total de brasileiros que ficam 24 meses sem emprego.
Segundo
o Ipea, que utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad), a crise econômica mantém a taxa de
desemprego elevada e também contribui para permanência no desemprego. No
trimestre encerrado em abril, a taxa de desemprego atingiu 12,5% dos
brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD-Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Isso significa que 13,2 milhões de brasileiros estão desempregados.
Mulheres - E
as mulheres são as que mais têm dificuldade de conseguir um novo
emprego (28,8%). Na sequência vêm os adultos com mais de 40 anos (27,%) e
os trabalhadores com ensino médio completo (27,4%).
Norte e Nordeste - As
Regiões Norte, com 28,6%, e a Nordeste, com 27,6%, registram os maiores
percentuais de desempregados há pelo menos dois anos no país.
Impacto na renda familiar - Além
do aumento no tempo de permanência no desemprego, o estudo do Ipea
mostra que os efeitos da crise econômica sobre o mercado de trabalho
também vêm impactando a renda domiciliar. Apesar de algum ganho real, os
dados da Pnad mostram que, no 1º trimestre de 2019, 22,7% dos
domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de renda proveniente do
trabalho, e que os domicílios de renda mais baixa foram os que
apresentaram menores ganhos salarias. A análise mostra, ainda, que a
renda dos domicílios mais ricos é 30 vezes maior que a dos domicílios
mais pobres.
Desalento - Sem
conseguir emprego há dois anos, trabalhadores e trabalhadoras de 18 a
24 anos estão entre os grupos mais atingidos e, portanto, desalentados,
desiludidos - grupo que, segundo o IBGE para de procurar emprego, depois
de muito tentar e não conseguir uma recolocação.
Com
baixo crescimento da ocupação e queda no rendimento real, os jovens são
27,3% do total de desempregados. Pelo quinto trimestre consecutivo, os
mais jovens e com ensino fundamental incompleto tiveram a maior queda de
rendimento (-2,4%).
Reforma de Temer gerou precariedade - Como
vem acontecendo desde a aprovação da reforma Trabalhista do ilegítimo
Michel Temer (MDB-SP), o mercado vem criando mais emprego informal, sem
direitos. A taxa de crescimento anual do emprego, considerando-se apenas
trabalhadores com carteira assinada, permanece negativa e com variação
quase nula, segundo o Ipea que, além da PNAD se baseou em dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A
análise sobre os efeitos da reforma Trabalhista revela que de novembro
de 2017 a abril de 2019, foram abertas 507.140 novas vagas de trabalho,
das quais 58.630 de contratos de trabalho intermitente, quando a empresa
paga por hora trabalhada, chama o trabalhador nos dias e horários em
que precisa e, portanto, pode pagar por mês até menos de um salário
minimo, dependendo de quantas horas o empregado foi requisitado a
prestar serviços; e 19.765 de trabalho parcial, em sua maioria no setor
de comércio e serviços.
Apesar
da geração de emprego, os dados mostram que cerca de 7 milhões faziam
parte da população de trabalhadores que se ocupam menos de quarenta
horas semanais. A chamada subocupação por insuficiência de horas
trabalhadas combinada com a desocupação atingiu em abril deste ano
19,1%, índice acima dos três anos anteriores.
Das
vagas de emprego intermitentes e parciais, a maioria foi ocupada por
jovens de até 29 anos e trabalhadores com ensino médio completo.
Fonte: CUT
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