José Reginaldo Inácio – presidente da CNTI
O Brasil vive um momento decisivo em sua trajetória política e
econômica. De um lado, seguimos avançando na luta pela defesa de avanços
sociais, como a política isenção de impostos para trabalhadores que
ganham até R$5.000,00 – aprovada recentemente em uma Comissão Especial
da Câmara dos Deputados - e a taxação justa dos super-ricos por meio do
IOF com aval do STF. De outro, enfrentamos uma ofensiva internacional
que busca minar nossa soberania, como os ataques ao PIX e as pressões do
governo norte-americano, inclusive com uma proposta desqualificada,
chantagista e absurda de taxação de 50% às exportações brasileiras
encampada por Donald Trump, que revelou a subserviência de parte da
elite política brasileira, notadamente da extrema direita.
A batalha pela soberania e a resistência popular
É importante lembrar que a ruptura das proteções sociais e a perseguição à organização da classe trabalhadora são os primeiros sinais e instrumentos clássicos de erosão da soberania popular e do próprio Estado democrático de direito, principalmente em países de dimensões e riquezas estratégicas como o Brasil.
Como destacado em minhas reflexões recentes, a desorganização do
movimento sindical e popular, desde 2013, agravada pelo golpe contra a
presidenta Dilma Rousseff e pela ascensão do governo Bolsonaro, limitou
nossa capacidade de resistência. Parlamentares entreguistas e um
Executivo alinhado a interesses estrangeiros facilitaram a pilhagem de
nossas riquezas. Hoje, o desafio é reconstruir a unidade sindical e
popular e fortalecer instrumentos como o Plebiscito Popular, que coloca
nas mãos do povo a decisão sobre os rumos do país.
A recente decisão do ministro Alexandre de Moraes quanto ao IOF, que
fortalece a política de isenção do Imposto de Renda, é um passo
importante, mas não suficiente. É preciso ir além: barrar a ingerência
externa no nosso sistema financeiro (como os ataques ao PIX) e enfrentar
as sanções absurdas propostas pelo governo dos EUA e seus aliados
internos.
O PIX e a guerra financeira contra o Brasil
O PIX se tornou um símbolo da inovação brasileira e da inclusão financeira, mas justamente por isso é alvo de ataques. A tentativa do governo norte-americano e de conglomerados financeiros de controlar ou sabotar este valioso sistema nacional, revela uma disputa geopolítica pela soberania monetária do nosso país. Não podemos permitir que interesses escusos, muitas vezes apoiados por políticos brasileiros, transformem o PIX em mais uma ferramenta de dominação estrangeira.
A reconstrução da luta popular
Na semana que vem, na quarta-feira (23/07), teremos uma live para debater esses temas, com um olhar setorial sobre possíveis riscos dessas medidas na indústria e na classe trabalhadora. Precisamos reerguer a organização popular, corroída por anos de ataques, e mostrar ao mundo que o Brasil não é um território aberto à pilhagem. A soberania nacional só será plena com justiça fiscal, defesa das empresas nacionais e um projeto de desenvolvimento que priorize o povo, e não as elites locais e globais.
O momento exige coragem e união. Ou avançamos na defesa intransigente da
soberania, ou seremos engolidos por um projeto neoliberal que só
beneficia os mais ricos – dentro e fora do país. A CNTI está na linha de
frente dessa batalha e convocamos todos(as) os(as) trabalhadores(as),
entidades sindicais e movimentos sociais a se somarem à essa luta.
O Brasil é nosso. Das brasileiras e dos brasileiros. E só será
soberano se o povo estiver no comando.
FONTE: CNTI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA
https://cnti.org.br/html/noticias/2025/SoberaniaPopulareDesenvolvimentoNacional.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário