É urgente que se estabeleça no Brasil uma política efetiva de valorização do trabalho e incentivo à produção, visando à geração de riqueza para a prosperidade de todos. Para tanto, é essencial baixar a taxa de juros a patamares compatíveis com a economia brasileira e acabar com a supremacia do mercado financeiro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central conseguiu, com a decisão de elevar a Selic a 15% em sua reunião de junho, fazer com que o Brasil tenha a segunda maior taxa de juros real do planeta. Conforme levantamento do MoneyYou, o País fica atrás apenas da Turquia e à frente da Argentina, que ainda tenta vencer níveis inflacionários da ordem de 47% ao ano.
Nada explica tal medida, cujo efeito imediato é desacelerar a economia com impactos para todos, conforme reiterado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) após mais essa alta dos juros. A recuperação no setor é uma demanda urgente para assegurar o salto necessário ao desenvolvimento nacional e a geração de empregos de qualidade com melhor remuneração – dinâmica fundamental para aprimorar de forma consistente as condições de vida da população brasileira.
Inúmeros especialistas já demonstraram que o remédio aplicado pelo Banco Central é inadequado mesmo se o objetivo for perseguir o cumprimento da meta inflacionária estabelecida em 4,5% ao ano, tendo em vista o aumento do custo de vida causado principalmente pelas contas administradas, e não pela demanda. Por exemplo, a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para junho ficou em 0,26%, confirmando a tendência de declínio após a redução dos preços dos alimentos. O resultado não foi melhor devido ao aumento nas contas de energia.
Além disso, o aumento dos juros eleva a dívida pública, minando todos os esforços de equacionar as contas do governo federal, impasse que está hoje no centro do debate nacional. Não é possível que o órgão responsável pela política monetária atue sem olhar para as demandas reais do Brasil.
É necessário e urgente dar fim à primazia do setor financeiro, cujos interesses são colocados acima das necessidades mais básicas do povo brasileiro. Precisam ser estabelecidas políticas econômica e monetária que visem o crescimento econômico e o bem-estar da população, que incentivem os investimentos produtivos, a inovação, a ciência, a tecnologia e a engenharia.
O programa Nova Indústria Brasil (NIB), que está alinhado com os desafios do século XXI, não terá sucesso se o País não for capaz de aprimorar sua infraestrutura, garantir formação e qualificação continuada de seus profissionais e lhes oferecer oportunidades para atuar.
Essas devem ser as prioridades das lideranças políticas, no governo e no Congresso, eleitas para atuar em benefício do conjunto dos brasileiros, e não da ínfima parcela de privilegiados que lucram mesmo em meio ao atraso socioeconômico. É mais que tempo de trabalharmos coletivamente para construir uma nação justa, próspera e desenvolvida, que assegure condições dignas de vida a todos.
A engenharia brasileira segue comprometida com esse desafio.
Murilo Pinheiro. Preside o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e a Federação Nacional da categoria.
FONTE: Agência Sindical
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