Enquanto o custo de vida sobe, a renda do trabalhador cai. Cesta básica equivale a mais de 60% do salário mínimo
A inflação, que sobe desde meados de 2020, já
corroeu um terço o poder de compra dos salários se
considerado o período a partir de 2017, no pós
impeachment. O INPC-IBGE (índice usado como
referência nas negociações salariais) soma 32,5% de
janeiro de 2017 a março deste ano. As estimativas
são de que, pelo menos por enquanto, os preços
continuem aumentando.
Visível na prateleiras de supermercados e nas
plaquinhas das feiras livres, a alta dos preços se
associa à redução do poder aquisitivo. Apenas no
período de pandemia, entre o final de 2019 e igual
período de 2021, o rendimento médio calculado pelo
IBGE caiu em torno de 8%, para R$ 2.377. Mas o
Dieese lembra que mais da metade dos ocupados (54%)
ganhava R$ 1.500 ou menos. Só nos últimos 12 meses,
até março, o rendimento caiu 8,7%.
Produtos da cesta básica
“A queda no poder de compra dos trabalhadores é agravada porque os preços dos produtos da cesta básica subiram ainda mais do que a inflação geral”, informa o Dieese. “Desde o começo da pandemia, o custo do conjunto de alimentos básicos teve acréscimo de R$ 243 em São Paulo, aumento de 47% entre março de 2020 e março de 2022.” Assim, o valor estava em R$ 761 no terceiro mês do ano. Isso corresponde a 63% do salário mínimo oficial (R$ 1.212).
Assim, alguns dos produtos do dia a dia mais que
dobraram de preço neste período, também com base na
cesta básica paulistana. O café, por exemplo, saltou
de R$ 18,48 para R$ 39,08 nestes dois anos –
variação de 111,5%. Já o óleo foi de R$ 3,88 para R$
9,41 (142,5%). O preço da carne aumentou 50%, para
R$ 45,74, o que ajuda a explicar por que o consumo
desse item foi o menor em duas décadas e meia,
segundo a Embrapa.
Preço do botijão dispara
O litro da gasolina aumentou 53%, para R$ 7,01. E o preço médio do botijão de gás subiu 57% em dois anos, para R$ 109. Em alguns locais do país, chega a R$ 160. “Essa elevação tem obrigado muitos brasileiros a procurarem combustíveis alternativos e, muitas vezes, perigosos, como lenha e álcool”, observa o Dieese.
O instituto deverá divulgar nesta sexta-feira (6) os
dados da cesta básica em abril. Na próxima quarta
(11), saem o IPCA e o INPC do mês passado. A
“prévia” já mostrou a maior inflação mensal em 27
anos. Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom)
deve anunciar nova alta dos juros, para o maior
nível em cinco anos, medida que não tem ajudado no
combate à inflação.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
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