Você pode pegar uma lupa e analisar quadros e pinturas da Proclamação da Independência: não encontrará nenhum trabalhador. Estão lá membros da corte, serviçais e escravos. Nenhum era remunerado. Claro, naquele período ainda não havia o trabalho formal.
A classe trabalhadora nasceu e se desenvolveu
durante estes 200 anos de Independência a partir da
crise da economia escravista e da emergência do
regime assalariado. Apesar de tudo o que fez para a
construção do Brasil independente, não foi
reconhecida.
Na esteira da industrialização, contribuíram para o
desenvolvimento social, tecnológico e econômico, mas
não conseguiram usufruir desses benefícios nem
conquistar sua própria independência. Os
trabalhadores não têm o que comemorar.
Neste ano, as solenidades dos 200 anos da
Independência serão abertas pelo príncipe Bertrand
de Orleans e Bragança, herdeiro da família real, em
mais uma festa das elites. Mas aqui vai uma boa
notícia: pela primeira vez, os trabalhadores serão
homenageados em uma exposição do artista popular
Eduardo Kobra, que pintará 30 quadros de
profissionais de várias categorias. As telas serão
expostas na avenida Paulista, durante o mês de maio,
na 8ª exposição da UGT (União Geral dos
Trabalhadores), evento já tradicional em São Paulo.
Três séculos e meio de escravidão tiveram um impacto
profundo na cultura, na sociedade e no nosso sistema
político. O Brasil trouxe 5 milhões de africanos
para cá. Foi o último país do Novo Mundo a abolir o
cativeiro, em 1888, por meio da Lei Áurea. Os
movimentos sociais (os trabalhadores), até o fim da
República Velha (1889-1930), eram considerados
“casos de polícia”. Com a chegada de Getúlio Vargas
(1930-1945; 1951-54), anarquistas e imigrantes
europeus já agitavam o mundo do trabalho com greves,
como a de 1917, que resultou em cerca de 200 mortos.
O governo criou uma legislação trabalhista, que
protegeu os trabalhadores, mas deixou suas entidades
ligadas ao Estado.
No golpe militar de 1964, os trabalhadores foram
massacrados, muitos sindicatos, fechados, e mais de
400 sindicalistas, presos. O salário mínimo foi
congelado, aumentando ainda mais a desigualdade. Com
a eleição de Lula (PT), em 2003, os trabalhadores
tiveram uma grande chance de fazer uma reforma
trabalhista adequada, mas as condições políticas não
despertaram essa possibilidade.
Vieram Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), e
os trabalhadores foram jogados ao lixo da história.
O então deputado tucano Rogério Marinho acabou com a
CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Os
trabalhadores perderam todos os seus direitos. Temer
disse que seriam criados mais empregos. Nada disso
aconteceu. Rodrigo Maia (sem partido-RJ),
ex-presidente da Câmara que liderou as reformas
trabalhistas, faz mea-culpa e afirma que os
“sindicatos são fundamentais para defender o
trabalhador e a democracia”.
Temer e Bolsonaro aumentaram a fome, a desigualdade,
a informalidade e enfraqueceram a democracia. Os
trabalhadores sabem que têm de batalhar por sua
independência, com cursos de qualificação
profissional para enfrentar a revolução 4.0 e o 5G.
Sem a valorização dos trabalhadores, o Brasil não
será independente!
Fonte: Agência Sindical - Do Blog de Notícias da CNTI
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