Sindicalista aponta as origens do desequilíbrio nas contas da Previdência
A última participação do secretário nacional de Relações
Institucionais da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Miguel Salaberry
Filho, na condição de conselheiro do Conselho Nacional da Previdência
(CNP), realizada no dia 7 de agosto, demonstrou porque o governo federal
apresenta propostas de reformas que passam longe da causa dos
problemas.
Entre os itens da pauta da 240ª reunião ordinária do CNP, a
apresentação da Proposta Orçamentária da Previdência relativa ao Projeto
de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2018), na qual foi exposta somente a
previsão das despesas, sem constar a previsão de receitas e arrecadação.
Também não o montante da dívida de inadimplentes e sonegadores, que
deveria ser cobrado. O ugetista questionou a exibição de demonstrativo
parcial e cobrou a apresentação completa na próxima do Conselho, em que
figurassem não apenas os pagadores, mas também os devedores.
Para Salaberry, é injusto que o governo proponha que o brasileiro
trabalhe por mais tempo para se aposentar, a reforma da Previdência
Social ignora os R$ 426 bilhões que não são repassados pelas empresas ao
INSS. O valor da dívida equivale a três vezes o chamado déficit da
Previdência em 2016. Esses números, levantados pela Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional (PGFN), não são levados em conta na reforma do
governo Michel Temer.
FRAUDE EM DOBRO
O sindicalista considera os devedores da Previdência duplamente
fraudulentos, pela apropriação dos valores pagos pelo trabalhador e por
não pagar a parte que lhes cabe. Na opinião do conselheiro, o relatório
deveria incluir a previsão do não foi arrecadado e de que forma seria
feita a cobrança, da mesma forma que a Receita Federal age com relação
ao cidadão, que é cobrado e está sujeito a bloqueio de contas e inclusão
em cadastro negativo.
Ao invés de refinanciar as dívidas, por meio do Refis, o governo
deveria fazer o mesmo com as empresas e bancos”, reclamou Miguel
Salaberry, que não aceita o discurso do governo sobre as contas
deficitárias da Previdência, mas não leva em conta que o problema da
inadimplência e falta de repasse das contribuições previdenciárias
ajudam a aumentar o prejuízo.
“As contribuições não pagas ou questionadas na Justiça deveriam ser
consideradas na proposta da reforma”, afirma Salaberry, que denuncia o
fato de a maior parte dessa dívida estar concentrada na mão de poucas
empresas que estão ativas. Somente 3% das companhias respondem por mais
de 63% da dívida previdenciária. A procuradoria estudou e classificou as
32.224 empresas que mais devem, das quais apenas 18% são extintas,
enquanto a maioria (82%) são ativas.
CONFLITO DE NÚMEROS OFICIAIS
As Informações sobre beneficiários que continuam exercendo atividade
remunerada após a aposentadoria foi outro ponto que motivou
questionamento. A solicitação encaminhada por Salaberry para a
Coordenadora da Coordenação-Geral de Estudos Previdenciários da
Subsecretaria de Regime Geral da Previdência Social, Avelina Alves Lima
Neta, teve como resposta dados relativos baseados na Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS), bem diferentes daqueles informados em 2013
pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a cargo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresenta
número próximo de 300 mil aposentados, ao invés dos 75 mil apresentados
pelo INSS.
A partir da contestação, foi apontada para a próxima reunião do CNP a
apresentação de números atualizados, cujo acompanhamento será feito por
Gilberto Torres Laurindo, conselheiro que substituiu Miguel Salaberry
Filho como representante da UGT.
FONTE: site da UGT - União Geral dos Trabalahdores (http://www.ugt.org.br/post/17328-Sindicalista-aponta-as-origens-do-desequilibrio-nas-contas-da-Previdencia-)
Nenhum comentário:
Postar um comentário