Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (17)
revelou aumento do desemprego em todas as regiões do
país de abril a junho deste ano, em comparação com o
segundo trimestre de 2015. Hoje são cerca de 12
milhões de trabalhadores que perderam os postos de
trabalho. Na opinião das mais representativas
centrais de trabalhadores, o governo interino de
Michel Temer contribuiu para o agravamento do
desemprego.
“Apesar da importância do emprego para a sociedade, o governo não tem atuado para a solução desse grave problema. Ao contrário, na contramão do que deseja toda a sociedade, tem proposto medidas que aprofundam cada vez mais o drama dos/as trabalhadores/as”, diz trecho do documento “Assembleia Nacional dos Trabalhadores pelo Emprego e Garantia de Direitos”, divulgado no dia 26 de julho.
Nesta terça-feira (16) os trabalhadores realizaram atos em cerca de 12 estados brasileiros denunciando o desemprego e contra as propostas de Temer que “agravam o drama”.
Perda do emprego e de direitos
Entre as medidas que decretaram a união das principais
centrais estão propostas de reforma da Previdência
como o aumento da idade mínima e do tempo de
contribuição, além da equiparação de regras de
aposentadoria para homens e mulheres e desvinculação
da aposentadoria do reajuste do salário mínimo.
Na área trabalhista, o governo Temer propõe mais prejuízos ao trabalhador quando sinaliza que a reforma que virá privilegiará a negociação coletiva. É o que os dirigentes chamam de prevalecer o negociado sobre o legislado.
Direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias e 13º, entre outros, podem ser reduzidos se a negociação, que virá com a força de lei, assim decidir.
Nas costas do trabalhador
Matéria publicada no Brasil 247 desta quarta-feira
revela que Temer prepara o anúncio para setembro de
um plano para preservar empregos.
De acordo com a matéria, a proposta reduziria o salário do trabalhador em 30% assim como reduziria também a jornada.
Na opinião do diretor técnico do Departamento de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, medidas que tentem preservar o emprego sempre são importantes, porém, o cenário de alto desemprego deixa o trabalhador sem opção.
“É uma medida muito pesada em um momento de crise como o que vivemos. O drama do desemprego acaba obrigando o trabalhador a aceitar propostas que reduzem a sua renda”, analisou.
Clemente lembrou ainda que o custo dessa medida também deve ser compartilhado para que não fique tudo “nas costas do trabalhador”.
De acordo com o que é descrito na reportagem do Brasil 247, a atual proposta prevê que empregados e empregadores abram mão do salário e da produção mas o governo não entra com nenhum subsídio.
No Programa de Proteção ao Emprego (PPE) criado pelo governo Dilma Rousseff em 2015, que preservou cerca de 53 mil empregos, a redução do salário era compensada por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, assim denominado naquele período.
Precarização das relações de trabalho
Adilson Araújo, presidente da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
afirmou que, se concretizada, a medida de Temer
promove a flexibilização e precarização das relações
de trabalho.
Na opinião do dirigente, o governo é despreparado e incapaz de indicar um rumo para a economia do país. “Esse programa é paliativo que não vai resolver o desemprego no país. É uma gota no meio de um oceano”, opinou.
Reduzir os juros
O sindicalista voltou a citar as proposições do
documento aprovado pelas centrais como medidas para
a retomada do crescimento e geração de empregos.
“É preciso romper com a política de juros altos, que demonstrou que não combate a inflação, e retomar um novo caminho na política macroeconômica”, defendeu Adilson.
Os trabalhadores sugeriram um conjunto de medidas para a retomada do crescimento e combate ao desemprego, entre elas o destravamento do setor de construção, através de instrumentos institucionais adequados, que garantam a manutenção das atividades produtivas e dos empregos nas empresas do setor.
Privatização
Clemente reconheceu que há dificuldade de que as
medidas propostas pelas centrais surtam efeitos em
curto prazo, no entanto, afirmou que a retomada das
obras públicas paralisadas podem desenhar um novo
cenário no combate ao desemprego.
Segundo ele, o governo Temer deve realizar um grande processo de transferência do setor público para o privado para executar a visão de retomada do crescimento deste governo.
“O problema é que isso possa comprometer no médio e longo prazo a nossa perspectiva de desenvolvimento”, completou Clemente.
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