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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Receita paga nesta sexta lote da malha fina do Imposto de Renda


Cerca de 249 mil contribuintes recebem R$ 602,96 milhões
 
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
 
Brasília (DF), 20/03/2025 - Quem precisa declarar o Imposto de Renda
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
© Joédson Alves/Agência Brasil
Versão em áudio

Cerca de 249 mil contribuintes que caíram na malha fina e regularizaram as pendências com o Fisco vão acertar as contas com o Leão. A Receita Federal paga nesta sexta-feira (31) o lote da malha fina de outubro.

O pagamento também contempla restituições residuais de anos anteriores. Ao todo, 248.894 contribuintes receberão R$ 602,96 milhões. Desse total, R$ 349,31 milhões irão para contribuintes com prioridade no reembolso.

As restituições estão distribuídas da seguinte forma:

  • 158.775 contribuintes que usaram a declaração pré-preenchida e/ou optaram simultaneamente por receber a restituição via Pix;
  • 36.714 contribuintes de 60 a 79 anos;
  • 30.867 contribuintes sem prioridade;
  • 10.871 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério;
  • 5.040 contribuintes com deficiência física ou mental ou doença grave;
  • 6.627 contribuintes acima de 80 anos.

Aberta desde o último dia 24, a consulta pode ser feita na página da Receita Federal na internet. Basta o contribuinte clicar em Meu Imposto de Renda e, em seguida, no botão Consultar a Restituição. Também é possível fazer a consulta no aplicativo da Receita Federal para tablets e smartphones.

O pagamento será feito na conta ou na chave Pix do tipo CPF informada na declaração do Imposto de Renda.

Caso o contribuinte não esteja na lista, deverá entrar no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) e tirar o extrato da declaração. Se verificar uma pendência, pode enviar uma declaração retificadora e esperar os próximos lotes da malha fina.

Resgate

Se, por algum motivo, a restituição não for depositada na conta informada na declaração, como no caso de conta desativada, os valores ficarão disponíveis para resgate por até um ano no Banco do Brasil.

Nesse caso, o cidadão poderá agendar o crédito em qualquer conta bancária em seu nome, por meio do Portal BB ou ligando para a Central de Relacionamento do banco, nos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição depois de um ano, deverá requerer o valor no Portal e-CAC. Ao entrar na página, o cidadão deve acessando o menu Declarações e Demonstrativos, clicar em Meu Imposto de Renda e, em seguida, no campo Solicitar Restituição Não Resgatada na Rede Bancária.

Caged: Brasil abre 213.002 vagas formais de trabalho em setembro e supera projeções


O resultado do mês passado foi fruto de 2.292.492 admissões e 2.079.490 desligamentos


O Brasil abriu 213.002 vagas formais de trabalho em setembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego.


O resultado do mês passado foi fruto de 2.292.492 admissões e 2.079.490 desligamentos e ficou acima da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de criação líquida de 180.750 vagas.


O saldo de setembro ficou abaixo do número registrado no mesmo mês em 2024, com saldo positivo de 252.237 vagas. No acumulado do ano, foram abertos 1.716.600 postos de trabalho, nível menor do que o registrado no mesmo período no ano passado, de 1.995.164 vagas.


Os cinco grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos de vagas em setembro, com o setor de serviços na liderança, com 106.606 postos. Em seguida, ficou o setor industrial, com 43.095 vagas, enquanto o setor agropecuário teve o desempenho mais fraco, com abertura de 3.167 postos.

 

Fonte: Reuters - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Isenção do IR deverá ser votada até a próxima semana, diz Renan


Senador espera votar o texto em plenário logo após aprovação na CCJ.


O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do projeto de lei 1.087/2025, que prevê a isenção total do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, afirmou nesta terça-feira (28) que o texto deverá ser votado até a próxima semana no Senado. Ele reforçou o objetivo de assegurar o mínimo de mudanças no texto, para evitar o retorno do projeto à Câmara.


"Eu estou dedicado ao relatório e vou avaliar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e com os líderes partidários se é melhor apresentarmos o relatório nesta semana, (...) ou se deixamos para votar na próxima semana. As sessões desta semana são semi-presenciais, e na próxima semana serão sessões presenciais", anunciou.


O relator trabalha com a possibilidade de, assim que for concluída a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), levar o texto ao mesmo dia ao plenário. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que, após a aprovação, o governo também espera dar uma sanção breve à matéria. "Queremos que o presidente possa se confraternizar com o Congresso, sancionando o projeto o mais rapidamente possível", declarou.


Diferenças de cálculo

 

A definição a respeito do rito do projeto de lei envolve um ponto de divergência entre a equipe técnica da Fazenda e a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, que chegaram a diferentes resultados no cálculo do impacto fiscal da versão aprovada na Câmara.


A proposta inicial era de um texto de impacto fiscal neutro: toda a perda arrecadatória com a isenção, em torno de R$ 30 bilhões, seria recuperada com as políticas de tributação sobre grandes fortunas. Ao analisar o relatório aprovado na Câmara, a Fazenda concluiu que esse parâmetro foi atendido. A IFI, por outro lado, indicou o risco de perda de R$ 1 bilhão em arrecadação.


Se houver uma mudança no conteúdo do projeto durante a análise do Senado, o texto deverá retornar à Câmara, prorrogando a discussão. O governo e o relator trabalham a possibilidade de votação do projeto como está, realizando apenas mudanças na redação, e em seguida aprovar um segundo projeto para solucionar a perda arrecadatória.

 

Fonte: Congresso em Foco - Do Blog de Notícias da CNTI -https://cnti.org.br


Pejotização ameaça conquistas da CLT e fragiliza proteção social


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Juristas e economistas apontam que o avanço da pejotização, intensificado após a Reforma Trabalhista de 2017, reduz direitos, enfraquece a Previdência e estimula fraudes nas relações de trabalho

Especialistas em Direito do Trabalho e economia voltam a criticar o avanço da chamada pejotização — prática em que empregados são transformados em PJ (pessoas jurídicas) para reduzir encargos trabalhistas.

Durante seminário do Cedes (Centro de Estudos e Debates Estratégicos) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (28), eles defenderam medidas urgentes para conter o fenômeno, que ameaça a estrutura de proteção social e a arrecadação de fundos como o FGTS e a Previdência Social.

Segundo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o desafio é encontrar ponto de equilíbrio entre a flexibilidade econômica e a proteção ao trabalhador.

“O avanço tecnológico e a globalização ampliaram as possibilidades de inserção no mercado, mas impõem a necessidade de preservar um mínimo de segurança social”, afirmou Motta.

 

Trabalho por aplicativo

 
Ele lembrou que a Câmara analisa o PLP 108/21, do Senado, que atualiza os limites de renda para MEI (microempreendedores individuais), e criou comissão especial para discutir o trabalho por aplicativo — PLP 12/24 — do Poder Executivo.

E ainda PLP 152/25, do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que também propõe garantir direitos como remuneração mínima, contribuição para o INSS, e regras de jornada e de segurança.

O objetivo de ambos os projetos de lei é criar legislação que equilibre a inovação tecnológica com a proteção social e trabalhista desses profissionais.

Efeitos da contrarreforma de 2017

A pejotização ganhou força após a Reforma Trabalhista de 2017, que flexibilizou regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e ampliou brechas para contratações precárias.

Desde então, o número de pessoas jurídicas cresceu 56%, enquanto o de empregados formais aumentou apenas 10%, segundo estudo apresentado pelo professor Nelson Marconi, da FGV (Fundação Getulio Vargas), com base em dados do IBGE.

Para o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), presidente do Cedes, o fenômeno já causou perda de R$ 109 bilhões em arrecadação entre 2022 e julho de 2025. “Estamos diante de uma corrosão silenciosa do sistema previdenciário e do próprio conceito de trabalho protegido”, alertou.

Fraude disfarçada de empreendedorismo

O ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Augusto César de Carvalho, afirmou que a pejotização não se confunde com o MEI ou com o regime do Simples Nacional, mas se caracteriza como fraude quando há subordinação disfarçada.

“Quando o empregado vira empresa apenas para reduzir custos, estamos diante de um golpe contra a legislação trabalhista”, disse o magistrado.

Ele destacou a importância do PL 1.675/25, em tramitação no Senado, que busca coibir esse tipo de fraude.

O ministro também demonstrou preocupação com a análise do tema pelo STF (Supremo Tribunal Federal) — atualmente, todos os processos sobre pejotização estão suspensos por decisão do ministro Gilmar Mendes, até que o plenário da Corte fixe entendimento definitivo.

Risco de desmonte do sistema trabalhista

O procurador Paulo Vieira, do MPT (Ministério Público do Trabalho), alertou que a pejotização deixou de ser um fenômeno restrito a profissionais de alta renda e agora atinge trabalhadores comuns, inclusive de baixa qualificação.

“Se o STF liberar a pejotização de forma ampla, será o início do fim da proteção ao trabalho humano no Brasil”, advertiu.

Vieira lembrou que o trabalhador-empresa perde acesso a políticas públicas voltadas à inclusão e à igualdade, e citou o PL 2.938/19, em análise na Câmara, que busca reforçar o combate às fraudes. Aquele está anexado a este — PL 7.839/17 — na Comissão de Trabalho, onde aguarda parecer do relator.

Fonte: Diap - https://www.diap.org.br


quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Pejotização é incompatível com futuro do trabalho inclusivo e sustentável, diz MPT

 

Notícia - Pejotização é incompatível com futuro do trabalho inclusivo e sustentável, diz MPT

O subprocurador-geral do Trabalho, Paulo Joarez, representou o Ministério Público do Trabalho (MPT) no seminário “Pejotização no Brasil: desafios jurídicos e econômicos para um futuro do trabalho inclusivo e sustentável”, realizado nesta segunda-feira (28) na Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento discutiu os impactos econômicos, tributários, previdenciários e trabalhistas da pejotização e reuniu autoridades, parlamentares, pesquisadores e representantes de entidades públicas e privadas.

Paulo Joarez iniciou sua participação chamando atenção para o conceito trazido pelo próprio Supremo Tribunal Federal em seu site, que diz que a “pejotização consiste na contratação de trabalhador subordinado, como sócio ou titular de pessoa jurídica, visando a mascarar vínculo empregatício por meio da formalização contratual autônoma, em fraude a relação de emprego. Daí se origina o neologismo pejotização, no sentido de transformar artificialmente o empregado em pessoa jurídica”.

O subprocurador ressaltou que o fenômeno tem sido erroneamente associado a profissionais de alta renda, mas que a realidade é oposta. “Cerca de 90% das pessoas contratadas como PJ ganham menos de R$ 6 mil por mês, e 70% recebem até dois salários-mínimos. Hoje, há garis e serventes de pedreiro pejotizados” observou. Joarez apresentou dados que evidenciam o crescimento da prática. Entre 2020 e 2024, o número de procedimentos sobre pejotização abertos no MPT saltou de 563 para 1.985. No mesmo período, os processos na Justiça do Trabalho praticamente triplicaram, passando de 136 mil para 376 mil novas ações com pedido de reconhecimento de vínculo empregatício. Ele também apontou o aumento de registros de Microempreendedores Individuais (MEIs), de 2,4 milhões em 2020 para 3,1 milhões em 2024, como reflexo da distorção do MEI para mascarar relações de emprego.

Ao comentar o julgamento em andamento no Supremo Tribunal Federal, do Tema 1389, que decidirá sobre a validade dos contratos de pejotização, o subprocurador fez um alerta: “Se o STF liberar a pejotização ampla e irrestrita, será o início do fim do sistema de proteção do trabalho no Brasil”. Ele destacou que o empresariado naturalmente optará pela modalidade mais barata, com menos direitos e menor contribuição previdenciária.

Para Joarez, a pejotização é incompatível com um futuro do trabalho inclusivo e sustentável, tema central do seminário. “No meu ponto de vista, um futuro do trabalho inclusivo e sustentável certamente não inclui pejotização. Porque essa forma é a antítese da inclusão e da sustentabilidade. É um modelo de exclusão de direitos sociais.”

O representante do MPT destacou que a pejotização exclui pessoas com deficiência das cotas legais, impede a contagem de aprendizes, retira proteções à maternidade e fragiliza o combate ao trabalho análogo ao de escravo. O subprocurador-geral do Trabalho apontou que o sistema jurídico brasileiro combate a fraude em todas as áreas do direito, mas no direito do Trabalho se discute legitimar a simulação. “O direito do Trabalho só existe se aplicada a primazia da realidade. E a pejotização é o oposto desse sistema porque ela faz a prevalência da forma sobre a realidade. O que pretende a pejotização é que prevaleça a forma, independente da realidade”, finalizou.

O seminário foi promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados e pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes), sob relatoria do deputado Márcio Jerry (PCdoB/MA), com o objetivo de subsidiar propostas legislativas que garantam segurança jurídica, proteção social e equilíbrio nas relações de trabalho.

Assista na íntegra: - https://youtu.be/EyiuTf1-tTs


Fonte:  MPT - 28/10/2025 
 
Transcrito do Site MUNDO SINDICAL

https://mundosindical.com.br/Noticias/67383,Pejotizacao-e-incompativel-com-futuro-do-trabalho-inclusivo-e-sustentavel-diz-MPT

Dissídio 2025: o que muda no salário e como calcular o reajuste


O dissídio de 2025 reajustou o salário mínimo nacional para R$ 1.518,00, representando um aumento de 7,5% em relação ao valor anterior. O impacto atinge milhões de trabalhadores de diferentes categorias, com efeitos a partir da data-base de cada setor. O cálculo leva em consideração a inflação acumulada e os acordos firmados entre sindicatos e empregadores. O objetivo é corrigir perdas salariais.


Cada categoria profissional negocia com base em sua convenção coletiva. O cenário envolve trabalhadores com carteira assinada, sindicatos laborais, representantes patronais e o governo federal como referência para o piso nacional. As negociações variam de acordo com o setor, e os reajustes são aplicados conforme as data-base definidas em convenção. O dissídio, embora comum a muitos trabalhadores, depende de acordos específicos e não é automático para todos.


O processo de reajuste envolve negociações que buscam equilibrar os interesses das partes. Os sindicatos apresentam reivindicações, muitas vezes baseadas no índice de inflação oficial, como o INPC. As empresas, por sua vez, avaliam a capacidade financeira e a situação do setor antes de aceitar as condições. Em casos de impasse, a Justiça do Trabalho pode ser acionada.


A decisão de aceitar um reajuste abaixo da inflação ou insistir em ganho real coloca os representantes dos trabalhadores diante de dilemas importantes. Em contextos econômicos instáveis, ceder pode garantir empregos, mas também pode gerar insatisfação. A negociação exige equilíbrio e compreensão dos impactos econômicos mais amplos, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores.


Gustavo Pádua, advogado, consultor sindical e diretor comercial da Bem Mais Benefícios, destaca que “o cenário das negociações coletivas no segundo semestre é desafiador, com a inflação acumulada em 5,20% até maio e aumentos ainda maiores em setores como alimentação, que registrou alta de 7,76% no último ano; segundo o Dieese, cerca de 20% das negociações ficaram abaixo da inflação do INPC, o que torna a recomposição do poder de compra dos trabalhadores um grande desafio, podendo o aprimoramento das cláusulas sociais servir como alternativa para equilibrar as relações econômicas e melhorar o ambiente de trabalho e a qualidade de vida.”


O desfecho do dissídio de 2025 resultou no reajuste do salário mínimo para R$ 1.518,00, com impacto direto sobre o piso de diversas categorias. A aplicação dos novos valores dependerá das cláusulas acordadas em cada convenção coletiva.

 

Fonte: Mundo Sindical - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Câmara debate pejotização e precarização do trabalho no Brasil

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Seminário discute impactos jurídicos, econômicos e sociais da contratação de trabalhadores como pessoas jurídicas, em meio ao debate no STF sobre a prática

O Cedes (Centro de Estudos e Debates Estratégicos) e a Conle (Consultoria Legislativa) da Câmara dos Deputados promovem, terça-feira (28), às 9 horas, seminário “Pejotização no Brasil: desafios jurídicos e econômicos para um futuro do trabalho inclusivo e sustentável”.

O encontro busca discutir os efeitos dessa prática sobre direitos trabalhistas, arrecadação previdenciária e equilíbrio econômico.

Leia também: A pejotização é a nova face da precarização do trabalho

O evento ocorre no contexto de debate nacional reacendido pela audiência pública realizada recentemente no STF (Supremo Tribunal Federal), que analisou os impactos da pejotização e da chamada “reforma trabalhista branca”, impulsionada por contratações via pessoa jurídica.

O tema mobiliza juristas, sindicatos e empresários diante da crescente informalização das relações de trabalho no País.

Fenômeno crescente e controverso

A pejotização consiste em contratar trabalhadores como PJ (pessoas jurídicas), em vez de empregar sob o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

A prática, cada vez mais comum em setores como comunicação, tecnologia e saúde, é criticada por fragilizar direitos trabalhistas e reduzir contribuições à Previdência Social.

Segundo o Cedes, responsável pela organização do seminário, o objetivo é avaliar “os impactos econômicos, tributários, previdenciários e trabalhistas dos processos de pejotização”, conforme o estudo coordenado pelo relator, deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).

A pesquisa integra o plano de trabalho do Cedes para o biênio 2025-2026 e busca propor diretrizes para aperfeiçoar o marco legal, conciliando proteção ao trabalhador e sustentabilidade fiscal.

Transformações no mundo do trabalho

O debate se insere em contexto mais amplo de transformações impulsionadas por novas tecnologias, plataformas digitais e reorganização produtiva, que desafiam os modelos tradicionais de regulação trabalhista.

Especialistas alertam que o avanço da pejotização exige respostas jurídicas e políticas capazes de equilibrar flexibilidade e proteção social.

O seminário vai contar com autoridades, empresários, acadêmicos e juristas. A transmissão será ao vivo pelo canal da Câmara dos Deputados no YouTube, e o público poderá participar de forma interativa.

Serviço

Seminário: Pejotização no Brasil: desafios jurídicos e econômicos para um futuro do trabalho inclusivo e sustentável

Data: 28 de outubro (terça-feira)

Horário: 9h às 13h

Local: Plenário 1, Câmara dos Deputados

Transmissão: Canal da Câmara no YouTube

Inscrições: não são necessárias

 

FONTE: DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar)

https://www.diap.org.br/index.php/noticias/noticias/92498-camara-debate-pejotizacao-e-precarizacao-do-trabalho-no-brasil

Sem sindicatos, até o ar teria dono

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O sindicalismo é contemporâneo da modernidade — e continua sendo o escudo que impede o trabalhador de voltar ao tempo dos senhores e servos.

Marcos Verlaine*

Os sindicatos não são resquício do passado — são uma das maiores invenções humanas e conquistas da modernidade. O sindicato é avanço civilizatório.

Como lembra Antônio Augusto de Queiroz, em sua cartilha “Para que serve e o que faz o movimento sindical” (Diap, 2017)1, o sindicalismo nasceu da necessidade de equilíbrio entre capital e trabalho, num mundo que transformou o ser humano em força produtiva descartável.

Sem o sindicato, o trabalhador enfrenta sozinho o poder econômico, jurídico e político do capital.

O movimento sindical é, portanto, a forma organizada da resistência, o instrumento que impõe limites ao lucro e faz do trabalho espaço de dignidade — e não de submissão e exploração desmedida.

Voz que protege o trabalhador

O papel do sindicato vai muito além das negociações salariais. Esse instrumento do trabalhador representa, defende e educa.

Representa, às mesas de negociação; defende os direitos conquistados; e educa para a consciência de classe e a cidadania ativa.

Foi a luta sindical que garantiu: jornada de 8 horas, 13º salário, férias e descanso remunerado, licença-maternidade e paternidade, Previdência e Seguridade Social.

Sem essa força coletiva, a história seria outra: o lucro seguiria sem limites, e o trabalhador teria de “pagar pelo ar que respira”, como provoca o autor deste — metáfora precisa para o que seria a vida sem contrapoder social.

Sindicalismo é modernidade

O sindicalismo é filho da Revolução Industrial (1760-1840) e irmão da democracia moderna2.

Nasce no mesmo impulso civilizatório que reconhece direitos, organiza o Estado e limita o poder econômico.

Por isso, atacar os sindicatos é negar a própria modernidade.

Nas novas formas de trabalho — aplicativos, plataformas, contratos precários —, o sindicato é o único elo capaz de transformar o trabalhador isolado em sujeito político.

Não é o passado que o sindicalismo representa, mas o futuro possível do trabalho humano.

Sem organização, não há liberdade

A história comprova: onde o movimento sindical é forte, há menos desigualdade, maior redistribuição de renda e mais democracia.

Onde é enfraquecido, prosperam o medo, o individualismo e o retrocesso.

O sindicato é a instituição que dá voz àqueles que vivem do próprio esforço — a tradução concreta da palavra “solidariedade”.

Não há liberdade no trabalho sem organização coletiva. Não há cidadania sem sindicalismo. Não há democracia sem sindicalismo.

O que o capital teme

O que o capital teme no sindicato não é a greve, mas a consciência.

Trabalhador que entende seu papel na engrenagem social é menos manipulável, mais exigente e mais livre.


É isso que o sindicalismo promove: a emancipação pelo coletivo.

É por isso que, em todos os momentos históricos, os sindicatos foram atacados pelos mesmos interesses que exploram o trabalho e concentram a renda.


Mas também é por isso que seguem vivos — porque representam a essência do direito à dignidade.

Respirar é um ato político

O sindicalismo é o que resta de moderno numa sociedade que insiste em retroceder.

Enquanto houver exploração, haverá sindicato — e será esse o primeiro a lutar para que ninguém precise pedir licença para viver, trabalhar ou respirar.

Porque, sem sindicatos, até o ar teria dono.

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

___________________

1 Antônio Augusto de Queiroz — Para que serve e o que faz o movimento sindical, publicado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), 2017, 3ª edição atualizada e ampliada.

2 A concepção de democracia moderna surgiu após as revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), que romperam com o Antigo Regime absolutista.

FONTE: DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar)

https://www.diap.org.br/index.php/noticias/artigos/92497-sem-sindicatos-ate-o-ar-teria-dono

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Quatro milhões de pessoas terão de fazer prova de vida no INSS

 

Notificações foram enviadas por aplicativo ou extrato bancário
 
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil

Brasília (DF), 14/05/2025 - Aposentada Neide Maria, recebeu o aviso no APP meu INSS, que teve desconto associativo nos últimos 5 anos.
A partir desta quarta-feira (14), os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) podem requerer a devolução de valores descontados indevidamente nos últimos anos. O pedido deve ser feito por meio do aplicativo Meu INSS, pelo site de mesmo nome ou pelo telefone 135.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
© Joédson Alves/Agência Brasil
Versão em áudio

Quatro milhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terão de fazer prova de vida para não ter seu benefício bloqueado. De acordo com o instituto, todos já foram notificados por meio do aplicativo Meu INSS ou por meio do extrato do banco no qual é feito o pagamento.

Segundo o INSS, a mensagem foi entregue somente para os beneficiários cuja comprovação de vida não pôde ser feita de forma automática pelo sistema.

Os beneficiários terão o prazo de 30 dias para fazer a prova de vida, contados a partir da data do aviso para realizar o procedimento.

O instituto divulgou um passo a passo para ajudar os beneficiários a regularizarem a situação:

  • Acesse o site ou aplicativo Meu INSS, faça login e siga as instruções para o reconhecimento facial, se for pedido;
  • Em alguns bancos, é possível realizar a Prova de Vida online, diretamente pelo aplicativo ou site do banco;
  • Se preferir, o beneficiário também pode comparecer presencialmente à agência bancária responsável pelo pagamento e apresentar um documento oficial com foto.

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Quem precisa fazer? 

Mesmo com o novo sistema automático, em alguns casos o INSS não consegue confirmar a Prova de Vida sozinho. Quando isso acontece, o próprio beneficiário deve realizar o procedimento, que pode ser feito pelo Meu INSS, pelo aplicativo ou site do banco, ou indo à agência bancária pessoalmente, se preferir.

Por que a Prova de Vida é importante?

A Prova de Vida é a confirmação de que o beneficiário está vivo e tem direito de continuar recebendo o benefício previdenciário. O procedimento é fundamental para prevenir fraudes e garantir que os pagamentos sejam feitos de forma correta, protegendo o sistema e o dinheiro de quem contribuiu a vida inteira para o país.

Alerta contra golpistas

Aposentados e pensionistas devem ficar atentos para os golpistas que tentam enganar os beneficiários com ligações e mensagens falsas, ameaçando corte do benefício, solicitando dados pessoais ou até marcando falsos agendamentos.

O INSS não realiza contatos diretos pedindo a realização da Prova de Vida nem envia mensagens por WhatsApp, SMS ou aplicativos, ameaçando o bloqueio do benefício. Também não envia servidores às residências dos beneficiários para recolher documentos ou para fazer o procedimento de comprovação de vida.

Dúvidas podem ser esclarecidas por meio dos canais oficiais do INSS:

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Patah defende redução da jornada no Senado


Terça (21), Audiência Pública na Comissão de Constituição e Justiça do Senado debateu a redução da jornada. O senador Paulo Paim (PT-RS), autor de PEC sobre o tema, presidiu a sessão, que teve a participação de economistas, juristas e representantes sindicais.

Ricardo Patah, presidente da UGT e dos Comerciários de SP, avalia que reduzir a jornada para 40 horas é justo e viável. Ele diz: “Essa é uma pauta cidadã, com amplo apoio popular. Se quisermos ser uma sociedade mais inclusiva, devemos aprová-la”.

Dia 10 de novembro, será a vez da Câmara discutir o tema em Audiência Pública. Patah diz: “Isso mostra que o Congresso está aberto a ouvir a sociedade sobre um tema tão importante. Acredito que é possível passarmos essa mudança ainda neste governo. Se não for possível, certamente será uma bandeira importante do presidente Lula nas eleições do ano que vem”.

Economistas – José Pastore, da USP, e Fernando de Holanda Barbosa Filho, da FGV, participaram da Audiência e discutiram possíveis impactos da mudança na produtividade das empresas. Para Patah, argumentação não se sustenta. “Em 1988, quando a jornada caiu de 48 pra 44 horas, nenhuma empresa quebrou por conta disso, apesar da gritaria dos empresários”, recorda.

6×1 – Em sua fala no Senado, Patah defendeu ainda o fim da escala 6×1, bandeira prioritária dos Comerciários de SP. Ele lembrou que essa prática afeta especialmente o setor de comércio e serviços. E clamou: “O trabalhador precisa ter momentos para descansar, curtir com a família e até viajar. Basta de exploração!”.

MAIS – Sites da UGT e dos Comerciários de SP.

 FONTE: Agência Sindical

 

CNTI marca presença no Fórum Interconselhos em preparação para a COP30

 


A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) esteve representada na quinta-feira (16) e na sexta-feira (17) por seu presidente, José Reginaldo, e por diretores da entidade durante a reunião do Fórum Interconselhos – Contribuições para a COP30. Estiveram presentes: a Secretária para Assuntos de Trabalho da Mulher, Idoso e Juventude, Sônia Zerino; o Secretário de Educação, Eduardo Annunciato (Chicão); e o Representante Profissional e Internacional, Eduardo Armound.


O encontro teve como foco a discussão das ações e contribuições da sociedade civil para a Agenda de Ação da COP30, que será realizada em Belém. A participação da CNTI reforça o compromisso da entidade com debates estratégicos sobre desenvolvimento sustentável e a transição para uma economia de baixo carbono.


Os eixos temáticos debatidos foram centrados em: Transição nos setores de energia, indústria e transporte; Gestão sustentável de florestas, oceanos e biodiversidades; Transformação da Agricultura e sistemas alimentares; Construção de resiliência em cidades, infraestrutura e água; Promoção do desenvolvimento humano e social e Catalisa
dores e aceleradores, incluindo financiamento, tecnologia e capacitação.

 

 

 FONTE: Site da CNTI ------   https://cnti.org.br

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Estudo reflete sobre redução da jornada no pós reforma trabalhista

Estudo reflete sobre a redução da jornada no contexto da reforma trabalhista e sobre a luta por melhores condições de trabalho.


O quarto artigo do dossiê “Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho”, organizado pelo Organizado pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) em parceria com as centrais sindicais, destaca “O fim da escala 6×1 е a possível reintrodução da padronização das jornadas no contexто pós-reforma trabalhista”. O artigo é assinado por Daniela Macia Ferraz Giannini.


A pesquisadora aponta que a Reforma Trabalhista de 2017 favoreceu o capital ao ajustar a jornada de trabalho às necessidades patronais, rompendo com a função histórica de impor limites à liberdade patronal. Isso resultou em maios horas de trabalho e na falta de pagamento por horas à disposição.


A partir de 2020, a crise da Covid-19 reacendeu o debate sobre a redução da jornada de trabalho. Nos países centrais, propostas como a semana de quatro dias ganharam destaque. No Brasil, movimentos como o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) resgatam a histórica luta sindical pela redução da jornada ao defenderem a o fin da escala 6×1.


As campanhas pela redução da jornada de trabalho ganham relevância ao reintroduzir a padronização no debate social, contrapondo-se à despadronização característica do capitalismo contemporâneo.


Leia aqui o artigo:

O fim da escala 6×1 е a possível da padronização das jornadas no contextо pós-reforma trabalhista

 

 Fonte: Rádio Peão Brasil - Do Blog de Notícias da CNTI  - https://cnti.org.br


quarta-feira, 22 de outubro de 2025

 

CNTI participa de audiência no Senado sobre Redução da Jornada de Trabalho

 


A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) marcou presença na audiência pública que discutiu a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, realizada nesta terça-feira (21) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal.


O debate integra a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 148/2015, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que busca adequar a carga horária semanal à realidade atual das relações de trabalho e ampliar a qualidade de vida dos trabalhadores.


A CNTI foi representada pelo presidente José Reginaldo Inácio, pelo secretário-geral Nelson Bonardi e pela secretária para Assuntos de Trabalho da Mulher, Idoso e Juventude, Sônia Zerino. A entidade reafirmou seu apoio à proposta e destacou a importância da redução da jornada como instrumento de valorização do trabalho, geração de empregos e promoção da saúde dos trabalhadores.

 

FONTE: Blog de Notícias da CNTI 


https://cnti.org.br/html/noticias/2025/CNTI-AudienciaReducaoJornadadeTrabalho.htm

 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

MTE cancela registros de entidades sindicais que não migraram para o Sistema CNES


O cancelamento do registro sindical não significa e nem pode ser confundido com encerramento da entidade. Além disso, as entidades sindicais com cadastro ativo no CNES não sofrerão nenhum impacto no seu registro sindical


O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Relações do Trabalho, publicou no Diário Oficial da União desta segunda-feira (20) despacho que cancela o registro sindical de entidades que, desde 2005, não migraram dos antigos sistemas de Carta Sindical e Processo Administrativo para o Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES). Os cancelamentos foram efetivados com base no artigo 38, inciso V, da Portaria MTE nº 3.472/2023.


É importante destacar que as entidades sindicais com cadastro ativo no CNES não sofrerão nenhum impacto no seu registro sindical. Somente aqueles registros baseados em Carta Sindical e Processo Administrativo anteriores ao ano de 2005 e que não migraram para o CNES serão abrangidos pelo cancelamento. Para verificar se a sua entidade possui registro ativo no CNES, consulte aqui, utilizando o CNPJ da entidade sindical.


Para o Secretário de Relações do Trabalho, Marcos Perioto, o cancelamento dos registros sindicais é uma medida saneadora. “Na maioria dos casos, trata-se de entidades encerradas e sem funcionamento, das quais o MTE não possui informações atualizadas tais como número de CNPJ, rol de dirigentes, endereços, telefones, e-mails etc”, explica Perioto.


A íntegra do despacho e a lista completa das entidades que tiveram seus registros sindicais cancelados pode ser consultada no Diário Oficial da União, aqui.


A campanha de atualização de informações sindicais teve início em 2005, com a Portaria MTE nº 197. Em 2023, a Portaria MTE nº 3.472 fixou o prazo de encerramento da campanha para 31 de março de 2024, posteriormente estendido para 30 de setembro e, por fim, para 31 de dezembro do mesmo ano. Mesmo após quase duas décadas de prazos sucessivos, muitas entidades não migraram para o CNES, o que terminou por gerar o cancelamento de seus registros sindicais pelo MTE.


O cancelamento do registro sindical não significa e nem pode ser confundido com encerramento da entidade. Além disso, as entidades sindicais com cadastro ativo no CNES não sofrerão nenhum impacto no seu registro sindical.


Segundo André Grandizoli, Diretor de Relações do Trabalho da Secretaria de Relações do Trabalho do MTE, o registro sindical é um procedimento administrativo que habilita as entidades sindicais para a representação de determinada categoria econômica ou profissional numa determinada base territorial nunca inferior ao município. “O registro confere personalidade sindical às entidades sindicais embora elas possam constituir-se e funcionar independentemente de prévia autorização governamental”


As entidades sindicais que tiveram seus registros sindicais cancelados poderão solicitar novo registro sindical mediante pedido à Secretaria de Relações do Trabalho, em estrita verificação da normativa constante na Portaria MTE nº 3.472/23.


Mais informações podem ser obtidas diretamente junto à Secretaria de Relações do Trabalho pelo e-mail atendimento.cgrs@trabalho.gov.br.

 

Fonte: MTE - Do Blog de Notícias da CNTI ---- https://cnti.org.br

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

REFORMA TRABALHISTA - Um grande atraso para o Brasi

 

Um grande atraso para o Brasil – Carolina Maria Ruy

A reforma trabalhista de 2017 foi instituída em um contexto de instabilidade política e avanço de pautas neoliberais no Brasil. Um discurso de modernização das relações de trabalho serviu de fachada para a imposição da reforma, mas sua implementação abrupta e sem amplo debate social levanta questões sobre o modelo de sociedade que ela propõe.

Qual ideia de país, de desenvolvimento e de classe trabalhadora está por trás das mudanças que, ao longo de oito anos, se consolidam criando novos – e piores – parâmetros de trabalho, como os trabalhadores por aplicativos?

Embora silenciado, ainda está em aberto o debate sobre os retrocessos sociais causados pela reforma, como o crescimento do trabalho informal, a perda de direitos, o enfraquecimento da fiscalização, o aumento da precarização e, principalmente, o enfraquecimento dos sindicatos como estratégia fundamental para todo o processo de desregulamentação. São questões que não apenas impactam diretamente trabalhadores e trabalhadoras, como também moldam o futuro da sociedade brasileira.

Celebrada pelo mercado – A reforma, tramada e votada sem a participação das organizações de trabalhadores, foi uma das mudanças mais radicais implementadas no país na Nova República. E ela é celebrada até agora – outubro de 2025 – pelo mercado como um passo “modernizador”. Tanto que neste início de outubro a imprensa comemora o lançamento de um estudo da Confederação Nacional da Indústria, do Movimento Brasil Competitivo e da Fundação Getúlio Vargas  que aponta que “A reforma trabalhista poupou cerca de R$ 15 bilhões ao país entre 2022 e 2024”.

Lendo mais atentamente, porém, percebe-se que esses dados dizem respeito à queda no número de processos trabalhistas e não à produtividade. A “economia”, assim, deu-se às custas do trabalhador que, sem a garantia de seus direitos ou a orientação de seu sindicato, deixa de recorrer à Justiça.

Em seu editorial “Emprego surpreendente” (de 4/10/25), a Folha de São Paulo também atribui à reforma trabalhista uma situação que julga “surpreendente”: a constatação de que o baixo desemprego da atualidade não pressiona a inflação.

Trabalhadores mais baratos – Mas isso está longe de ser obra da reforma. Em seus primeiros meses, ela provocou desemprego, precarização e rebaixamento salarial, como mostra um outro estudo – mais realista – elaborado pela pesquisadora Nikita Kohli, da Universidade Duke (EUA). A pesquisa foi divulgada no Brasil em reportagem de Thais Carrança (Reforma trabalhista aumentou informalidade ao enfraquecer sindicatos, diz estudo inédito, BBC Brasil, 1º de maio de 2025) e revelou o aumento da informalidade e da precarização com a reforma.

“O que é surpreendente nesses resultados é que os trabalhadores formais ficaram mais baratos, seus salários caíram, mas o emprego formal também diminuiu”, observou a pesquisadora em entrevista à BBC News Brasil.

Ela acrescentou: “Minha hipótese é que as empresas podem estar pensando: ‘Ok, os sindicatos desapareceram. Esses trabalhadores formais tornaram-se mais baratos, mas agora também é menos provável que sejamos inspecionados’”.

Kohli argumenta que “antes da reforma, sindicatos fortes ajudavam a orientar a atuação dos fiscais do Ministério do Trabalho, sugerindo onde as auditorias deveriam ser realizadas” e que “com a queda abrupta de receita após a reforma, provocada pelo fim da contribuição sindical obrigatória, as entidades tiveram de reduzir seus quadros de funcionários e fechar escritórios, o que pode ter diminuído sua capacidade de influenciar no processo de fiscalização”.

Para ela é fundamental “considerar o papel mais amplo que os sindicatos desempenham nos mercados de trabalho, especialmente em economias em desenvolvimento, onde a informalidade prevalece e a regulamentação é aplicada de forma imperfeita”.

Os prejuízos para os trabalhadores apareceram de diversas formas, tanto na precarização quanto na menor fiscalização, agravada pelo desmonte do Ministério do Trabalho. Isso colocou em risco a vida de milhões de trabalhadores e retrocedeu em conquistas no campo da saúde e da segurança do trabalho.

Projeto de dependência – Esse movimento não foi, entretanto, casual. Ele atende a uma orientação política e ideológica a qual Michel Temer, em seu governo, representou. No poder, Temer rompeu com o programa que o elegeu como vice na chapa de Dilma Rousseff e inaugurou um período de aprofundamento do neoliberalismo, implementando o maior ataque à legislação trabalhista em mais de 80 anos. Seu projeto baseava-se não na ideia de soberania e desenvolvimento social e econômico, mas na manutenção da dependência. Um projeto que remonta à República Velha, que ganhou fôlego com o golpe militar e que se manteve mesmo após a abertura democrática.

Para aprofundar o debate acerca da ideia de dependência e subdesenvolvimento que respaldam a reforma, vale resgatar a sistematização que o escritor Fabio Mascaro Querido apresenta em seu livro Lugar Periférico, Ideias Modernas (Boitempo, 2024). Segundo ele, “1964 marca a derrota da perspectiva nacional-desenvolvimentista”.

Ele explica que, embora Fernando Henrique Cardoso tenha sido perseguido pela ditadura militar, “do ponto de vista intelectual, o golpe de 1964 demarcaria o início do que se poderia chamar de ‘revanche dos paulistas’. Para eles, afinal, o golpe demonstrara na prática o que, havia alguns anos, vinham defendendo em teoria: a inexistência de uma burguesia nacional com compromisso com um desenvolvimento autônomo e socialmente integrador”.

O autor mostra que, ainda como acadêmico da USP, Cardoso defendia que a dependência “embora inibisse, não sufocava por completo as possibilidades de desenvolvimento na América Latina”. Dessa forma, “começava a se perfilar a alternativa do desenvolvimento dependente, ou desenvolvimento capitalista associado, baseado na internacionalização do mercado interno”.

Ele mostra também que os “intelectuais paulistas” fizeram “do nacional-desenvolvimentismo, do populismo e da herança varguista os grandes alvos a serem abatidos a fim de forjar uma nova cultura política democrática brasileira” e afirma que as criações do PT e do PSDB, em São Paulo, representaram essa “nova era da cultura política brasileira”.

Modernidade à brasileira – Interessante também é a noção de modernidade exposta no livro. Ela diz muito sobre a ideia de modernização que envolveu o anúncio da retirada de direitos em 2017.

Neste ponto, Querido recorre ao crítico literário, também uspiano, Roberto Schwarz, que afirmou que a ditadura de 1964 não era atrasada: “Era pró-americana e antipopular, mas moderna”. O estilo de modernização da ditadura, porém, “provava que o desenvolvimento econômico não necessariamente implicava integração social, diminuição das desigualdades, enfim, superação do nosso atraso”. Ao contrário, explica Querido, “o salto em direção ao moderno se fazia repondo, em novo contexto, aspectos típicos do atraso”, configurando uma “modernidade à brasileira”.

De fato, a palavra modernização, ostentada como um bem absoluto por aqueles que defendem a reforma, é vaga e pode assumir um sentido opressor para a classe trabalhadora. A “modernização trabalhista” de 2017 não contempla um futuro próspero comum, mas o sacrifício de muitos, o benefício de poucos e um avanço tecnológico sem compromisso social.

Passados os governos Temer e Bolsonaro, entretanto, o retrocesso na legislação e sobre os sindicatos mantém-se como o “novo normal”. A luta contra os retrocessos nas leis trabalhistas foi deixada de lado?

Carolina Maria Ruy. Coordenadora do Centro de Memória Sindical.