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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Governo Federal propõem mudanças na alíquota do IRRF

 


 

Recentemente, o Governo Federal anunciou mudanças importantes na tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF. Medida que poderá trazer alívio importante para milhões trabalhadores.


A isenção de IRRF para quem recebe até R$ 5.000 mensais. Promessa de LULA na campanha presidencial de 2022, que agora começa a tomar forma. No entanto, as alterações propostas junto com essa isenção, têm gerado um enorme dilema: otimismo e preocupação. É fundamental que os trabalhadores compreendam alguns fatores que compõem tanto os benefícios quanto os desafios (preocupações) acompanhados dessas mudanças.


O lado positivo (otimismo)


A faixa de isenção poderá atingir milhões de trabalhadores, pessoas deixarão de ser tributadas, de pagar injustamente imposto sobre o seu salário e, consequentemente, sobrará mais recursos para a composição do orçamento familiar.


A medida anunciada, pelo ministro da fazenda Fernando Haddad, embora só entre em vigor em 2026, representa um passo importante e significativo para a justiça tributária no país, principalmente para os trabalhadores que recebem até R$5000.


O último reajuste efetivo da tabela do IRRF, tinha ocorrido em 2015, com a Lei 13.149/15, no então governo Dilma, do PT e, desde então, o tema havia sido debatido pelas equipes de governos posteriores (Temer e Bolsonaro), inclusive no Congresso Nacional, mas tanto os dois anteriores e sucessivos presidentes, além da ampla maioria do parlamento Federal, inertes e omissos à ascendente injustiça tributária aos trabalhadores, já que se constatava, por exemplo, com os cálculos do Sindifisco, até 2021, que a tabela do IRRF acumulava uma defasagem de 134,53% desde 1996.


É importante lembramos que foi, de novo, num governo apoiado pela classe trabalhadora, com o presidente Lula, sancionado sem vetos a Lei 14.848/24, que houve reajuste na tabela do IRRF. Na prática quem ganha até dois salários-mínimos (R$ 2.824,00) se tornaram isentas do Imposto de Renda.


Durante a campanha eleitoral, o presidente Lula prometeu isentar, até o final do seu mandato (2026), do pagamento do Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até R$ 5.000 por mês. Caso essa mudança seja aprovada – já que foi anunciado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que “as propostas sobre alteração do Imposto de Renda não serão apreciadas neste ano” – mesmo entrando em vigor somente em 2026, conforme anunciado, milhões de trabalhadores serão beneficiados e isentos desta tributação, proporcionando justiça fiscal e alívio financeiro significativo para muitos brasileiros.


A preocupação: o custo e o efeito futuro aos trabalhadores e à população vulnerável


Nesse caso, sobretudo para a maioria da classe trabalhadora assalariada e, também, à população dependente de políticas públicas de assistência.


Porém, como sempre ocorre quando se fala em mudanças fiscais, que visam a melhoria na vida dos trabalhadores de renda mais baixa, de imediato aparecem os aspectos negativos, mas que precisam ser analisados com certa atenção porque criam certa apreensão sob a alegação de renúncia fiscal. Por sua vez o governo através do ministro Haddad, garante que com as medidas de contenção de gastos públicos, não haverá aumento de gastos e que a medida será "neutra" no impacto sobre a arrecadação. Mas, como fica o impacto negativo na renda de milhões de trabalhadores com os novos critérios da política de valorização do salário-mínimo, nas políticas públicas que os atingem diretamente e eleva suas despesas e impede o acesso a serviços públicos essenciais à vida da classe trabalhadora e da população deles dependentes, sobretudo quando se trata de saúde, educação e assistência social? Por que o austericídio nessas áreas e o fomento tão benévolo e vigoroso do Governo Federal, sob a tutela da ampla maioria do Congresso, a setores econômicos, como por exemplo, suster, como demonstra as Estatísticas Fiscais do Banco Central (29/11), aos bancos, nos últimos 12 meses, até outubro, R$ 869,3 bilhões em juros da dívida? Por isso o nervosismo do mercado? Por isso a elevação estridente da taxa de juros, junto à omissão extorsiva acerca da desvalorização do Real frente ao dólar, por parte do Banco Central?


Quando se observa diretamente em recorte dos números do documento divulgado pelo próprio Ministério da Fazenda, intitulado “Brasil Mais Forte. Governo Eficiente. País Justo”, notados pelo jornalista Carlos Lopes (Hora do Povo, 1/12), temos, entre 2025 e 2030 duros cortes de investimento em políticas públicas e drástico impacto no salário-mínimo: Abono salarial: R$ 18,1 bilhões (5,5%); Fundeb (tempo integral): R$ 42,3 bilhões (13%); Salário-mínimo: R$ 109,8 bilhões (33,5%); Bolsa Família: R$ 17 bilhões (5%); e BPC: R$ 12 bilhões (3,6%).


O Sistema Tributário e Seus Desafios


Embora as mudanças anunciadas tragam benefícios diretos a milhões de trabalhadores, mas omitir os malefícios é mentir ao povo brasileiro e se negar a medidas que atacam diretamente os cofres públicos. Nenhum Estado Nacional supera a injustiça fiscal sem enfrentar uma reforma tributária que vá além medidas isoladas. O sistema tributário brasileiro ainda precisa de ajustes para garantir um desenvolvimento econômico sustentável, com liberdade e justiça social, portanto com mais e melhor inclusão e igualdade social. O aumento da arrecadação precisa ser balanceado com políticas que promovam não somente a estabilidade econômica. Os sinais não podem ser invertidos: ampliar a concentração de riqueza, aumentar a desigualdade, afinal os números (cortes) acima advertem nesse sentido.


Em resumo: o caminho para um futuro mais justo está em disputa


Como trabalhadores, precisamos acompanhar de perto essas mudanças e lutar para que as promessas se tornem realidade de forma equilibrada, mas fundamentalmente justa. A CNTI em conjunto com as Federações filiadas, continuará defendendo os interesses da classe trabalhadora, para garantir que as mudanças no sistema tributário tragam não apenas alívio imediato, mas também um desenvolvimento econômico e social estável e justo para todos.


A luta por mais justiça tributária é um passo importante, mas não podemos esquecer que a verdadeira reforma tributária deve ser aquela que assegure equilíbrio fiscal, inclusão social efetiva e um futuro melhor para todos os brasileiros.


Conclamamos que todos, trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, acompanhem as atualizações do assunto, participem das discussões e pressionem o Governo Federal e os parlamentares para um futuro tributário com justiça social em nosso país.


A sua voz, interesse, mobilização e ação são de fundamental importância nessa transformação.


Pedro Luiz Vicznevski

 

Secretário de Finanças – CNTI

 

FONTE: https://cnti.org.br/html/noticias/2024/GovernoFederal-Mudan%C3%A7asnoIRRF.htm



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