Novas tecnologias vão exterminar postos de trabalhos e oportunidades criadas serão apropriadas por uma minoria,
devido a critérios de renda e formação
Relatório do Fórum Econômico Mundial publicado na
terça-feira (20) aponta que a pandemia de covid-19
deve acelerar a implementação de novas tecnologias
no setor produtivo. O avanço da automação, porém,
deve causar a extinção de cerca de 85 milhões de
empregos, nos próximos cinco anos, em pelo 15
setores de 26 economias do mundo, entre elas a
brasileira. O alerta é do diretor técnico do Dieese,
Fausto Augusto Junior, em sua coluna no Jornal
Brasil Atual desta quinta (22).
Além da perda de postos de trabalho, esse processo
também deve aprofundar o “abismo social” entre ricos
e pobres no Brasil. Segundo Fausto, isso se dá
porque as camadas mais pobres da população não têm
as mesmas oportunidades de acessar essas novas
tecnologias.
Como exemplo, ele cita a dificuldade que as crianças
de famílias mais pobres vêm tendo com o ensino
remoto durante a pandemia. Já que grande parte
dessas famílias não tem renda para comprar
computadores e pagar pela internet de alta
velocidade – isso quando a região em que reside têm
oferta deste serviço pelas operadoras.
Em ele lembrou ainda que a evolução tecnológica cria
novas oportunidades de trabalho, mas que ficarão
cada vez mais restritas a segmentos específicos da
população. Como uma das consequências de mais essa
desigualdade, afirmou que a informalidade deve se
aprofundar nesse novo cenário. “O próprio avanço
tecnológico vai ampliando o abismo entre ricos e
pobres. Não é só do ponto de vista de recursos
financeiros disponíveis, mas também do capital
social e cultural em que as classes mais altas e
mais baixas passam a se diferenciar. Cada vez mais a
tecnologia exige tipos de conhecimento, habilidades.
Exige o próprio acesso cotidiano a novas
tecnologias, que as classes mais pobres não têm.”
Desafios para os sindicatos
A implementação dessas novas formas de produção também impõe desafios para o movimento sindical brasileiro. Com as ferramentas de trabalho remoto, os laços entre os trabalhadores, e até mesmo suas identidades, ficam mais frágeis. Por outro lado, essas mesmas tecnologias podem servir para a mobilização. Ele destacou, como exemplo, a assembleia nacional dos bancários que, neste ano, contou com a participação virtual de cerca de 120 mil trabalhadores. “O trabalho muda. A forma como os trabalhadores estão alocados muda. Então, inevitavelmente o movimento sindical também vai mudar a sua forma de atuação. E já vem mudando”, disse Fausto. “É claro que é preciso certo tempo para as organizações sindicais se prepararem e se atualizarem. Mas é uma inevitabilidade”, completou.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
https://cnti.org.br/html/noticias.htm#Governo_promove_revoga%C3%A7o_de_normas_trabalhistas
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