Relatório aprovado da ‘reforma’ da Previdência coloca a conta sobre o trabalhador, diz Dieese
Segundo Clemente Ganz Lúcio, apesar de mudanças no novo texto,
problema de financiamento não será resolvido e aumentará a desigualdade
social
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Uma das provas de que a reforma não atinge todas as classes,
segundo o Dieese, é a isenção previdenciária para exportadores do setor
rural
São Paulo – A “reforma” da Previdência vai a plenário da Câmara,
após a aprovação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) à
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, na Comissão Especial, nesta quinta-feira (4).
Apesar de possuir algumas alterações, o texto ainda coloca a ‘economia
de R$ 1 trilhão”, principal argumento dos apoiadores da proposta do
governo Bolsonaro, na conta do trabalhador, avalia o diretor técnico do
Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Ele lembra que o relatório ainda mantém grande parte do projeto
original, como a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e
62 anos para mulheres. “É uma reforma que coloca todo o ônus sob os
trabalhadores, tanto os do regime geral quando os servidores. Os
trabalhadores estão pagando a conta do governo e o aumento da
arrecadação virá do bolso dos servidores públicos, que pagarão mais
contribuição à Previdência”, disse o analista à Rádio Brasil Atual.
Uma das provas de que a reforma não atinge todas as classes,
segundo o Dieese, é a isenção previdenciária para exportadores do setor
rural. Segundo economistas, a tributação poderia reverter cerca de R$
80 bilhões para a economia, mas foi rejeitada pela bancada ruralista.
“Os exportadores do setor rural não pagarem INSS, que é uma classe muito
rica, é outro absurdo. Os ruralistas não querem pagar a Previdência,
isso é a desigualdade materializada no projeto”, criticou o diretor do
Dieese.
Clemente lembra que o projeto substitutivo aprovado incorpora mudanças importantes comparado ao projeto original, especialmente referente a exclusão da capitalização. Por
outro lado, ele avalia que a reforma não resolve o problema do
financiamento. “Continuará se agravando, daqui para frente, e o próximo
governo vai continuar apresentando novas propostas de mudança na
Previdência, já que a informalidade tende a aumentar no mercado de
trabalho”, lamenta.
FONTE: REDE BRASIL ATUAL
https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/07/relatorio-aprovado-da-reforma-da-previdencia/
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