Além do acidente, conforme relataram os trabalhadores ao sindicato, as condições de trabalho também levaram à revolta no local
Trabalhadores terceirizados pela empresa Mip Engenharia decidiram, na
manhã desta quarta-feira (5/2), se mobilizar e paralisar o trabalho na
área da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, Região Central de
Minas Gerais, após a morte de um operário, de 38 anos, do mesmo grupo e
em razão de condições de trabalho no lugar.
Movimentos afirmam que já existiam problemas recorrentes, mas que o
estopim foi o acidente. Entretanto, ressaltam que ainda há muito medo de
que o contrato com a empresa seja desfeito e muitas pessoas sejam
demitidas.
Segundo André Viana, presidente do Metabase em Itabira e região,
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro e Metais
Básicos, houve uma manifestação no alojamento dos chamados “trecheiros”
– conforme explicou, aqueles que “vêm de outros estados, fazem a obra e,
depois, vão embora”.
O presidente destaca que, pouco antes das 15h, a movimentação já havia
cessado. Ele diz, ainda, que a Mip teria recebido uma comissão de
empregados e dado a opção do desligamento deles “sem prejuízo”, se essa
fosse a vontade. Ele informou, também, que o sindicato não representa
oficialmente os operários terceirizados, mas que, por ser majoritária no
local, acaba se envolvendo em determinadas situações.
Eduardo Armond, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção Pesada de Minas Gerais (Siticop-MG), disse que souberam da
denúncia por meio da Metabase. Conforme explicou, “a discussão não é
sobre quem representa ou não, mas sim organizar a situação para não
perder o controle e os direitos desses trabalhadores sejam garantidos”.
“Estão completamente descobertos”, ele destacou e afirmou que os
operários terceirizados estavam revoltados, para além da morte do
colega, com “a falta de um acordo coletivo, reajuste do salário, jornada
de trabalho apertada e falta de proteção”. Tudo isso, ele diz, “levou os
funcionários a uma situação de revolta” e que, inclusive, aqueles que
gravaram as situações foram ameaçados de demissão por justa causa.
Eduardo relata que, assim que souberam da morte, procuraram a Mip e a
Anglo American para entender a situação objetivamente e, além disso,
tentar garantir que a família da vítima fosse auxiliada. Porém, de
acordo com o diretor, não puderam conversar com ninguém. Ele garante que
autoridades competentes no estado foram notificadas e disse que uma
reunião estava marcada para ainda esta semana com o Ministério do
Trabalho em Minas Gerais.
O superintendente regional do ministério no estado (SRT-MG), Carlos
Calazans, reforçou que uma equipe também está sendo organizada para ir
até o local e apurar questões do acidente, mas ainda sem previsão.
“Pedimos que fosse o mais rápido possível”, afirmou. O cenário é de
muita tensão e, conforme Carlos, os funcionários estão muito agitados em
função das condições de trabalho e é preciso “reconstruir o ambiente
gerado em meio a tragédia”, já que houve, até mesmo, uma tentativa de
atear fogo em parte do local. Ele frisa que vai haver uma reunião com as
empresas e sindicatos a fim de um novo acordo nesta semana.
Consultada, a Anglo American informou que tomou conhecimento da
ocorrência de uma paralisação na manhã de hoje no alojamento da MIP
Engenharia, que presta serviços para a obra da filtragem. “Todas as
negociações foram conduzidas pela MIP e, após a realização das reuniões,
os empregados chegaram a um acordo pacífico com a direção da empresa,
com encaminhamentos imediatos das ações negociadas”, respondeu em nota.
A Mip, responsável pelos funcionários terceirizados, não respondeu aos
questionamentos até o fechamento desta matéria.
Fonte: Estado de Minas - Do Blog de Notícias da CNTI
https://cnti.org.br/html/noticias.htm#Funcion%C3%A1rios_protestam_ap%C3%B3s_morte_de_oper%C3%A1rio_em_empresa_mineradora
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