Exceto os Estados Unidos, o Brasil é o único país do continente americano que possui uma estrutura industrial consolidada. Embora concentrada nas Regiões Sudeste e Sul, essa indústria tem crescido pra outras áreas do País.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor industrial corresponde a 24,7% do PIB. Nossa indústria emprega 11,5 milhões de trabalhadores e responde por 21% dos empregos formais.
Quanto a salários, a CNI traz dois níveis, ligados ao grau de instrução. Para os que possuem formação Superior completa, o salário médio está em R$ 9.199,00 (já o salário médio dos demais setores com Superior completo é de R$ 6.765,00). Para os que possuem Ensino Médio completo, a situação é: salário médio de R$ 2.895,00 na indústria e de R$ 2.403,00 nos demais setores.
No ano passado, muitos analistas foram surpreendidos pelo desempenho industrial. A indústria liderou o crescimento do PIB. E os ventos continuam a favor. No primeiro trimestre de 2025, nossa indústria cresceu de forma consistente. O faturamento aumentou 4,7%.
Mas esses resultados positivos não acontecem por acaso. Ainda em 2023, o governo federal lançou o NIB (Nova Indústria Brasil), liberando crédito e toda ordem de incentivos. Outra alavanca do crescimento tem sido o BNDEs – banco criado por Getúlio Vargas pra dinamizar o crescimento econômico e social do País.
A simples vontade política de um governante não alavanca a economia. Mas essa vontade, se estiver acompanhada de apoios efetivos, faz a economia crescer, gerando emprego e renda. Ou seja, desenvolvimento.
O governo Lula tem muito mais acertos do que erros na condução da política econômica. O governo também acerta quando incentiva setores específicos, como construção civil, estaleiros (construção de barcos e navios) e a exploração de petróleo e gás.
Essa onda de crescimento é boa, mas ela precisa chegar aos salários dos trabalhadores. Atualmente, a indústria paga Pisos muito baixos, chegando a perder para alguns salários mínimos estaduais. O sindicalismo faz o que pode, buscando compensar os baixos salários com o pagamento de PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados.
Mas não basta. A indústria precisa agregar ganhos reais aos Pisos; investir mais em qualificação profissional; precisa implementar uma política permanente de qualificação da mão de obra, tendo como resultado o aumento da massa salarial.
O Brasil não é uma ilha isolada. Ao contrário: temos tradição em dialogar com países e povos diferentes, buscando o multilateralismo nas relações políticas e comerciais.
Porém, o que vai mesmo garantir nosso desenvolvimento efetivo é um mercado interno robusto. O pilar central desse mercado é o consumo. E só haverá consumo continuado se a massa salarial crescer mais.
Josinaldo José de Barros (Cabeça) – Preside o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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