Entenda o conceito de “Grande Demissão” e como se aplica ao Brasil: impacto nas jornadas de trabalho e na vida dos trabalhadores.
O sétimo artigo do dossiê “Fim da Escala 6×1 e
Redução da Jornada de Trabalho”, organizado pelo
Organizado pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e
de Economia do Trabalho) em parceria com as centrais
sindicais, aborda o tema: “Fractais do Tempo:
Jornadas, Sofrimento e a Grande Demissão no Brasil”.
O artigo é assinado pelos autores:
- Cássio da Silva Calvete, professor associado da UFRGS, doutor pela UNICAMP e pós-doutor pela Universidade de Oxford;
- Luciane Franke, doutora e pós-doutoranda em Economia Criativa e da Cultura pela UFRGS, professora na Univates e na Unisinos e;
- Tiago Pinheiro, graduando em Ciências Econômicas pela UFRGS.
“Grande Demissão”
O fenômeno da “Grande Demissão”, que ganhou força no Brasil após a pandemia, vai muito além das estatísticas de desligamentos voluntários. Segundo o estudo, o movimento reflete uma resistência silenciosa à intensificação e precarização do trabalho formal.
O artigo insere o fenômeno na pauta mais ampla da
redução da jornada sem redução salarial e da
valorização do tempo de vida fora do trabalho — tema
que volta a ganhar força com o avanço de debates
como a PEC 08/2025, de autoria da deputada Érika
Hilton (PSOL).
Trabalhadores querem tempo, respeito e saúde
A pesquisa utilizou dados do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), que realizou uma sondagem nacional
com mais de 53 mil trabalhadores.
Entre as principais motivações para os pedidos de
demissão estão:
- já ter outro emprego em vista (36,5%);
- baixos salários (32,5%);
- falta de reconhecimento (24,7%);
- ausência de flexibilidade na jornada (15,7%);
- adoecimento físico e mental causado pelo estresse laboral (31,2%).
Esses números revelam que o desejo de deixar o emprego está diretamente relacionado à busca por equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e não apenas a fatores econômicos.
Precarização empurra trabalhadores à ruptura
Os autores associam a “Grande Demissão” ao desgaste do trabalho formal precarizado, agravado pelas reformas que flexibilizaram a legislação trabalhista e ampliaram a informalidade.
A expansão dos trabalhos por aplicativos aparece
como um dos reflexos desse cenário: muitos
trabalhadores passam a vê-los como alternativas de
autonomia, ainda que ilusórias.
“Toda luta que envolve a modificação do tempo de
trabalho tem em comum o mesmo objetivo: a
apropriação, pelo trabalhador, do seu próprio
tempo”, afirmam os autores.
Tempo de vida é tempo de luta
O estudo conclui que o fenômeno da Grande Demissão é, ao mesmo tempo, econômico e existencial: uma reação coletiva às condições que transformam o tempo em mercadoria.
A crescente rejeição às escalas exaustivas, como a
6×1, e a defesa de jornadas mais curtas e humanas
demonstram que a centralidade do tempo de trabalho
voltou a ser tema das lutas contemporâneas da classe
trabalhadora.
“A luta pela redução da jornada é também uma luta
pela dignidade, pela saúde e pela vida fora do
relógio da produção.”
Leia aqui o artigo:
Fractais do Tempo: Jornadas, Sofrimento e a Grande
Demissão no Brasil
Fonte: Rádio Peão Brasil - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br/
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