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Audiência debateu papel da Justiça nas novas
relações de trabalho
Representantes da Justiça, do Ministério Público e
de auditores-fiscais, todos da área trabalhista,
mostraram posição contrária aos julgamentos do
Supremo Tribunal Federal relacionados a causas
trabalhistas. Nos próximos dias, o Supremo deve
analisar os fenômenos da “pejotização” e da “uberização”.
Eles participaram de audiência pública da Comissão
de Constituição e Justiça e da Comissão de Trabalho
sobre o papel da Justiça nas novas relações
trabalhistas.
Para o presidente do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), Luiz Philippe de Mello Filho, a pejotização
elimina a proteção do trabalhador porque, sendo uma
empresa, ele não tem os direitos previstos na
Constituição. Então pode ficar desamparado na
velhice, na doença ou em caso de acidente:
“O PJ é aquele que precifica, é aquele que escolhe o
momento do trabalho dele, é aquele que oferece o
trabalho dele. Eu quero saber se uma criança
pedalando uma bicicleta é empreendedora. Porque
ninguém está fiscalizando se tem uma criança
pedalando uma bicicleta. E ninguém está registrando
que tem 13.477 mortes de motoboys por ano neste
país. E se juntarmos os últimos anos, nós chegamos a
36 mil. Eu tenho cansado de dizer: isso está
acontecendo há mais de dez anos”, afirmou Mello
Filho.
Competência
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região, Valdir Florindo, explicou que o juiz
trabalhista analisa se existe uma fraude com base em
fatos e provas.
“Qualquer decisão do Supremo Tribunal Federal sobre
temas infraconstitucionais representa, sim, uma
intromissão desautorizada e indesejável na
competência de outros tribunais, inclusive tribunais
superiores. A propósito, indago, senhores,
independentemente do que decida o Supremo Tribunal
Federal, quando um juiz se deparar com uma fraude, o
que ele deve fazer com ela, nesses casos? Escondê-la
em uma gaveta com chave?”, observou Florindo.
Segundo Rodrigo Castilho, do Ministério Público do
Trabalho, o microempreendedor individual e o
trabalhador de plataforma são empregados, só a forma
de contratação é que muda. Ele disse que os
contratos feitos são contratos de adesão, nos quais
o trabalhador não tem a liberdade de discutir os
termos. Portanto, precisam ser regulados.
Perda previdenciária
O deputado Alencar Santana (PT-SP) destacou a questão
das perdas do governo com contribuições
previdenciárias reduzidas.
“É vendida ao trabalhador essa suposta liberdade.
Mas, logo adiante, ele fica na mão. E adiante é o
Estado que vai suprir suas necessidades com a
Previdência, com a assistência social, se ele ficar
numa situação delicada do ponto de vista econômico.
Quer dizer, aí não é o mercado, é o Estado. Estado
que eles querem tirar dessa regulação, dessa
proteção, mas que, lá adiante, é quem precisará
garantir a proteção efetiva”, disse o deputado.
Representantes de trabalhadores destacaram que
existe um movimento de ataque à Justiça do Trabalho
que vem desde a reforma trabalhista em 2017, quando
foram elevados os custos para que os trabalhadores
buscassem a justiça. Antes disso, foi admitida a
terceirização das atividades finalísticas das
empresas. Outros lembraram que a Inteligência
Artificial é outra fronteira que precisa de
regulação para que não cause mais danos às relações
de trabalho.
Fonte: Agência Câmara - Do Blog de Notícias da CNTI
https://cnti.org.br