O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz
Marinho, participou nesta quinta-feira (4) da abertura da Etapa São
Paulo da II Conferência Nacional do Trabalho (II CNT), na capital
paulista. No evento, ele citou a necessidade de debater temas como o
financiamento dos sindicatos e o fim da escala 6 por 1, que prevê seis
dias de trabalho e um de descanso semanais. 

“Que vocês tirem daqui uma bela contribuição para a conferência
nacional e que a gente possa, a partir do entendimento, enfrentar
problemas que a sociedade nos pede como o fim da 6 por 1”, disse o
ministro.
“Eu sempre sou da ideia de que o parlamento deve pensar as
legislações, mas sempre deixar um espaço para a mesa de negociação.
Sindicatos, trabalhadores, empregadores para construir a relação do
dia-a-dia”, declarou.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala de seis dias de trabalho por um de folga está em análise no Congresso Nacional.
O ministro defendeu ainda que é preciso garantir condições
financeiras aos sindicatos para que possam atuar em defesa dos
trabalhadores.
“Eu preciso que a bancada empresarial ajude no debate com o
parlamento para reconstituir o direito dos sindicatos dos trabalhadores
de poder sustentar financeiramente, decentemente, para representar o
segmento dos trabalhadores.”
Segundo Marinho, essa é uma questão importante, porque é difícil que
os sindicatos consigam representar bem as categorias de trabalhadores se
não tiverem condições.
O ministro ressaltou que há atualmente um processo acelerado
de transformação do mercado de trabalho a partir da inteligência
artificial.
“Portanto, nós temos desafios imensos de qualificar e capacitar a
nossa mão de obra, capacitar as nossas mentes para entender, interpretar
e atuar para evitar os vários problemas que possamos ter”, disse.
Realizado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São
Paulo, o evento reuniu representantes de trabalhadores, empregadores e
governo para debater desafios e prioridades do mundo do trabalho no
estado. As propostas aprovadas serão encaminhadas para a etapa nacional
da conferência, prevista para ocorrer em março de 2026, também em São
Paulo.
Mercado de trabalho
O Diagnóstico do Trabalho Decente de São Paulo,
divulgado pela pasta, mostra um mercado de trabalho com formalização de
70,8%, acima da média nacional. Ainda assim, 7,1 milhões de pessoas
seguem na informalidade.
A taxa de desocupação é de 5,1%, chegando a 8,1% entre jovens (18 a 29 anos).
Os dados mostram que o rendimento médio estadual (R$ 4.170) supera o
nacional, mas persistem desigualdades: mulheres ganham 77% do rendimento
dos homens, e pessoas negras, 61,5% do recebido por pessoas brancas. O
relatório também registra 197,5 mil crianças e adolescentes em trabalho
infantil e a necessidade de ampliar políticas de conciliação entre
trabalho e vida familiar.
“Tem o tema da igualdade. A igualdade de oportunidades, a igualdade
salarial, mas não somente de salário. Eu sei que há um esforço das
empresas em dar oportunidade cada vez mais. Mas tudo que nós fizemos até
agora, é totalmente insuficiente para as necessidades”, concluiu o
ministro. “Nós precisamos de mais mulheres nas direções das empresas,
das entidades”, acrescentou.
Ele mencionou que, se há na sociedade mais mulheres que homens, não
se explica ter mais homens nas várias representações.”Mas não é por
decreto. É por consciência, é por construção e essa construção deve ser
coletiva.”
O ministro comentou ainda a questão da violência contra a mulher, que teve repercussão recente devido aos casos ocorridos na capital paulista.
“Nós podemos nos nossos ambientes provocar debates que levem ao
amadurecimento de homens e mulheres, em especial dos homens. Porque, se é
feminicídio significa mulheres sendo agredidas pelos homens. E muitas
vezes no ambiente familiar”, destacou.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-12/marinho-pede-debate-sobre-escala-6x1-e-financiamento-de-sindicatos