Sem benefícios, desigualdade e pobreza seriam ainda maiores. País tem 12 milhões na extrema pobreza e 51 milhões na pobreza, segundo o IBGE
Com emprego e renda em queda em 2020, a desigualdade
e a pobreza no Brasil só não aumentaram devido aos
programas sociais, que o governo implementou sob
pressão. A queda na renda fez aumentar a dependência
de benefícios. De acordo com a Síntese de
Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta
sexta-feira (3) pelo IBGE, a proporção da população
em situação de extrema pobreza caiu para 5,7% no ano
passado (12,046 milhões de pessoas), mas sem os
programas teria aumentado para 12,9%.
O mesmo teria ocorrido com as pessoas em situação de
pobreza, que poderiam chegar a 32,1% da população.
Ainda assim, representam quase um quarto (24,1%).
São 50,953 milhões de brasileiros nessa situação.
A participação do rendimento do trabalho na renda
total caiu de 74,4%, em 2019, para 72,8%. Já o peso
dos programas sociais saltou de 1,7% para 5,9%. O
levantamento do IBGE já mostra queda drástica da
presença do Bolsa Família, que o atual governo acaba
de extinguir.
Desigualdade
No caso do índice de Gini, que mede a desigualdade, havia tendência de queda ate 2015. Naquele ano, o indicador estava em 0,540 (quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade), sem considera os programas sociais. Passou a subir em 2016 (ano do impeachment), estacionou em 2019 e subiu no ano passado, quando chegou a 0,573.
Incluídos benefícios de programas sociais, o índice
de Gini vai a 0,524 em 2015, repetindo esse
comportamento. Em 2020, voltou ao mesmo nível.
No caso da extrema pobreza, o melhor resultado dos
10 últimos anos também foi em 2014 (antes do
impeachment): 4,7% da população com e 7,3% sem
benefícios sociais. O mesmo acontece em relação à
pobreza, que naquele ano somava 23,8% e 26,2%,
respectivamente.
Metade fora do mercado
De acordo com o IBGE, a queda no emprego repercutiu também na da renda. O rendimento médio domiciliar per capita caiu 4,3% de 2019 a 2020, para R$ 1.349. Sem os programas sociais, recuaria 6%, para R$ 1.269. “O décimo da população com a menor remuneração teria perdido 75% de seus rendimentos.”
Com a pandemia, o nível de ocupação caiu para 51%, o
menor nível da série. Isso significa que quase
metade da população em idade de trabalhar estava
fora da força de trabalho. A taxa média de
desemprego foi de 13,8% em 2020, quase o dobro do
registrado em 2014 (7%). Até pela queda na ocupação,
a informalidade caiu para 38,8% dos ocupados – mas o
dado mais recente, divulgado nesta semana, já mostra
alta (40,6%).
O total de ocupados no país, na média, foi de 86,873
milhões em 2020. Houve queda de 8,7% na comparação
com o ano anterior (94,956 milhões). Em serviços de
alojamento e alimentação (que inclui bares e
restaurantes, por exemplo), essa queda foi de 21,9%.
Em serviços domésticos, de 19,6%. A ocupação caiu 7%
na agropecuária, 8,5% na indústria e 10,1% na
construção civil.
Brancos ganham até 73% mais
A SIS mostra enorme diferença na remuneração. A população ocupada branca teve rendimento médio de R$ 3.056, 73,3% maior que a de pretos e pardos (classificação do IBGE): R$ 1.764. No recorte por gênero, homens (R$ 2.608) ganhavam, em media, 28,1% a mais que as mulheres (R$ 2.037). “Com a pandemia, 18,6% dos trabalhadores foram afastados do trabalho. Esse afastamento foi maior entre as mulheres (23,5%) do que entre os homens (15,0%)”, informa o instituto.
Considerando o rendimento médio por hora, a
diferença é de 69,5% entre brancos (R$ 18,40) e
pretos/pardos (R$ 10,9). Entre trabalhadores com
ensino superior completo, fica em 44,2% – R$ 33,8 e
R$ 23,4, respectivamente.
Home office
O trabalho remoto (home office) envolvia 8,7% dos ocupados em novembro de 2020. Permaneceu acima de 10% de maio até agosto. Entre as mulheres, chegou a 12% em novembro e a 14% em agosto. No caso dos homens, de 6,3% (novembro) a 8,4% (maio).
Outro efeito da pandemia foi a alta expressiva do
número de mortes no Brasil. De 2019 para 2020, o
crescimento foi de 15%, para 1,6 milhão de óbitos.
Nos 10 anos anteriores, de 2010 a 2019, a média
anual foi de 1%.
Na questão da moradia, a Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), do IBGE, aponta 10,3% da população
em domicílios sujeito a inundação. Na região
metropolitana do Rio de Janeiro, esse percentual
sobe para 28,2%. Também no Grande Rio, mais de um
quarto (26,2%) dos trabalhadores demoravam mais de
uma hora para se deslocar de casa ao serviço. Na
região metropolitana de São Paulo, eram 22,8%. Para
26,9% da população branca, a moradia tinha pouco
espaço. Entre pretos e pardos, 38,2%.
Fonte: Rede Brasil Atual - Do Blog de Notícias da CNTI
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