As Centrais Sindicais emitiram Nota nesta segunda (6) em repúdio à proposta do governo de Jair Bolsonaro de tentar impor o desmonte da CLT. Segundo as entidades, a modificação em 330 dispositivos legais e a inclusão de 110 regras fortalece o patronal, ao invés de equilibrar as forças nas negociações. Dentre as mudanças, a principal é a legalização do locaute, penalizando trabalhadores e sociedade.
“A alegação é a mesma de sempre. Promover ampla
liberdade e, segundo eles, fortalecer a negociação.
Ampla liberdade aqui, cabe dizer, é o livro
exercício da lei do mais forte, em sua expressão
mais selvagem. Fortalecem os patrões, ao invés de
equilibrar as forças nas negociações”, denunciam as
Centrais.
Os sindicalistas denunciam que o governo trabalhou
por mais de dois anos sem assegurar o diálogo e a
participação dos trabalhadores por meio de suas
entidades sindicais. Agora, essas mudanças na CLT
serão prejudiciais à classe trabalhadora.
“Ao invés de modernizar, estão restabelecendo a
mentalidade da República Velha, a perversa lógica
escravista e o predomínio da força ao invés do
entendimento nas relações de trabalho”, criticam os
sindicalistas.
As Centrais ressaltam que essa nova proposta de
desmonte da CLT visa dar amplos poderes ao capital e
minar ainda mais as instituições, como as entidades
sindicais e a Justiça do Trabalho. “Que funcionam
como freios e contrapesos para que o sistema
econômico seja mais justo”, ressalta o documento.
Mais – Leia a Nota na íntegra abaixo.
Repudiamos a nova proposta indecente do
governo
Na contramão de países engajados no crescimento,
como EUA, Alemanha e China, o governo brasileiro
insiste em tirar direitos da classe trabalhadora
deixando o povo cada vez mais pobre e com menos
recursos.
O novo relatório do Grupo de Altos Estudos do
Trabalho – GAET, complementando o desmonte da CLT
iniciado em 2017, propõe a modificação de “ao menos
330 alterações em dispositivos legais, a inclusão de
110 regras —entre artigos, parágrafos, incisos e
alíneas—, a alteração de 180 e a revogação de 40
delas”, conforme noticiou o jornal Folha de SP.
Entre as medidas estão a desregulamentação do
trabalho aos domingos, deixando a gerencia do
serviço à bel prazer do patrão, a descarada
proibição do reconhecimento de vínculo empregatício
entre prestadores de serviço e aplicativos e a
legalização do locaute, institucionalizando o lobby
empresarial, penalizando de forma nefasta os
trabalhadores e a sociedade.
A alegação é a mesma de sempre: “promover ampla
liberdade” e, segundo eles, “fortalecer a
negociação”. Ampla liberdade aqui cabe dizer o livre
exercício da “lei do mais forte” em sua expressão
mais selvagem. Fortalecem os que já são fortes, os
patrões, ao invés de equilibrar as forças nas
negociações.
Trabalharam mais de dois anos sem assegurar o
diálogo social e a participação dos trabalhadores
por meio de seus sindicatos, federações,
confederações e centrais sindicais. Agora, propõem
mudanças imensas na legislação trabalhista, de novo
em prejuízo da classe trabalhadora. Ao invés de
modernizar estão restabelecendo a mentalidade da
República Velha, a perversa lógica escravista, e o
predomínio da força ao invés do entendimento nas
relações de trabalho.
Uma mentalidade contrária aos ajustes sociais que
visam minimizar as desigualdades. O mundo, após
pagar um alto preço pela fase de extravagâncias
neoliberais, caminha para retomar uma maior
regulação do trabalho. Isso porque, ao contrário dos
que defendem o indefensável: a desregulamentação e o
salve-se quem puder, as leis e os direitos
trabalhistas garantem maior segurança tanto ao
empregado quanto ao empregador.
No fim de novembro foi noticiado que “Greves e
pedidos de demissão em massa: o movimento que pode
resultar em ‘CLT’ nos EUA”. Em maio de 2021,
motoristas de Uber foram reconhecidos pela Suprema
Corte do Reino Unido como trabalhadores legalizados.
Na Alemanha, o novo primeiro ministro, Olaf Scholz,
tomou a decisão de aumentar o salário mínimo para
aumentar o consumo e diminuir o desemprego. No
Brasil o TRT-4 reconheceu ,em setembro, o vínculo
entre motorista e a empresa Uber. São exemplos que
mostram que há uma tendência à regulamentação e que
a precarização causa problemas sociais.
Mas a intenção do governo, ao que parece, é aumentar
o exército industrial de reserva , que é aumentar o
desemprego, que no Brasil sempre foi grande, para
daí normatizar a exploração e a precarização. É
criar dificuldade para vender facilidade. Neste
caso, criar miséria absoluta para vender pobreza. A
nova proposta de desmonte da CLT visa dar amplos
poderes ao capital e minar ainda mais instituições
como as entidades sindicais e a Justiça do Trabalho,
que funcionam como freios e contrapesos para que o
sistema econômico seja mais justo.
Reiteramos que o desenvolvimento e a geração de
empregos e renda vêm de investimentos no setor
produtivo e do consumo garantido por segurança,
direitos, salários valorizados e programas sociais.
Não aceitaremos imposições arbitrárias.
Estamos vigilantes. A luta é de toda a Classe
Trabalhadora!
São Paulo, 6 de dezembro de 2021
Sergio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos
Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Auersvald, vice-presidente da CST (Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Fonte: Agência Sindical - Do Blog der Notícias da CNTI
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