Para Marcelo Soares, coordenador do estudo, é errado dizer que a CLT “parou no tempo”, como se vê pela quantidade de alterações
A primeira legislação trabalhista que teve alcance
nacional no Brasil completa 80 anos. Em 1º de maio
de 1943, o presidente Getúlio Vargas sancionou o
Decreto-Lei Nº 5.452/1943, que criou a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho). Até sua
criação, o Brasil acumulava quase 15 mil normas,
leis e decretos incidentes sobre as relações de
trabalho, em nível federal, estadual ou municipal.
Na tentativa de organizar esse cipoal de marcos
legais, Vargas convocou cinco juristas – Arnaldo
Lopes Süssekind, Dorval Lacerda Marcondes, José de
Segadas Viana, Luís Augusto Rego Monteiro e Oscar
Saraiva. Coube a essa comissão redigir os 921
artigos da CLT e pôr o Brasil na vanguarda das
legislações do trabalho.
Passadas oito décadas, uma das importantes e
avançadas leis brasileiras já sofreu quase 4 mil
alterações – ou, precisamente, 3.946 –, entre
avanços, retrocessos ou meros ajustes. É o que
aponta um levantamento da Lagom Data para o Valor
Econômico, com base em “registros oficiais de
alteração da lei, disponíveis no site do governo
federal”.
A maior onda de ataques à CLT ocorreu nos seis anos
pós-golpe de 2016, sob os governos ultraliberais de
Michel Temer (MDB, 2016-2018) e Jair Bolsonaro (PL,
2019-2022). Juntos, esses dois presidentes
responderam por 1.397 das 3.946 alterações – o
equivalente a 35%. Já a ditadura militar – que durou
21 anos (1964-1985) – foi responsável por 1.286
mudanças.
Já os presidentes que mais mexeram na legislação de
Vargas, conforme o levantamento, foram Bolsonaro
(899 alterações), Castello Branco (597), Michel
Temer (498), Eurico Dutra (436) e Ernesto Geisel
(401). Boa parte das mudanças de Temer se concentrou
na nefasta reforma trabalhista, de 2017. Bolsonaro,
por sua vez, tentou criar, via medida provisória, o
“contrato verde-amarelo”, que retirava ainda mais
direitos dos trabalhadores.
Para Marcelo Soares, fundador da Lagom Data e
coordenador do estudo, é errado dizer que a CLT
“parou no tempo”, como se vê pela quantidade de
alterações. “Essa falácia (de projeto que não
evoluiu) circulou muito na reforma trabalhista de
2017″, diz Soares. “Foi por causa desse argumento
que decidi checar se era isso mesmo – e, obviamente,
não era.”
Fonte: Portal Vermelho - Do Blog de Noticias da CNTI - https://cnti.org.br
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