Das 41 empresas portuguesas que participaram do
projeto-piloto que mediu os impactos da iniciativa,
95% aprovaram
A vitória dos conservadores nas eleições de março
não deve afetar a luta pela redução da jornada de
trabalho em Portugal. Depois da Bélgica, da Nova
Zelândia e do Chile, agora é Portugal que, mesmo sob
o governo da direitista Aliança Democrática (AD),
planeja a implantação da “semana de quatro dias”.
No ano passado, empresas portuguesas participaram de
um projeto-piloto que mediu os impactos da
iniciativa. A ideia, lançada internacionalmente pela
rede The 4-Day Week Global (A Semana Global de 4
Dias), era ceder um dia de folga por semana para o
trabalhador, em troca da manutenção da
produtividade.
Por ter essas características, o projeto também
ficou conhecido como “100-80-100”. Para receber 100%
do salário com apenas 80% da jornada, o trabalhador
precisa manter 100% de sua produtividade. É uma
aposta para diminuir a jornada sem prejudicar os
salários.
Testes no Reino Unido, em 2022, mostraram a eficácia
da medida. No ano passado, foi a vez de Portugal
examinar a viabilidade da “semana de quatro dias”. O
governo português, ainda sob a liderança do então
primeiro-ministro António Costa, do Partido
Socialista, contratou o economista Pedro Gomes para
coordenar um programa experimental de seis meses.
Expoente da causa, Gomes é professor de Economia na
Universidade de Londres e autor do ensaio
Sexta-Feira É o Novo Sábado”. Em entrevista ao blog
Portugal Giro, o economista afirmou que as mudanças
na rotina de trabalho “foram bem-sucedidas”,
mediante adaptações. “As empresas sentem que todos
os objetivos semanais estão sendo cumpridos, aliado
a uma melhoria enorme no empenho e motivação dos
trabalhadores”, declarou. Das 41 empresas que
adeririam ao teste, 95% aprovaram.
A mudança do Partido Socialista para a Aliança
Democrática poderia pôr em risco a continuidade da
proposta. Mas, segundo o Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social, o “projeto ainda está sendo
avaliado”. Está previsto também um programa-piloto
no serviço público.
Até lá, Pedro Gomes está encarregado de finalizar o
relatório final com observações e análises sobre a
“semana de quatro dias”. “O projeto terminou e
estamos preparando o relatório final para maio ou
junho”, afirma. “Claro que (a mudança no governo)
afeta os próximos passos – mas primeiro tem que ter
o relatório para depois ver o posicionamento do novo
governo.”
Segundo o Portugal Giro – que teve acesso a
resultados preliminares da pesquisa de Gomes –, os
ajustes em horários e procedimentos trazem
contrapartidas para empresas e trabalhadores. Veja
abaixo os principais avanços listados pelo blog:
– “Quase metade (46%) considerava difícil conciliar
vida pessoal e profissional. O número caiu para 8%
durante os seis meses do programa. E 65% dizem ter
ficado mais com a família”
– “A média de horas semanais (trabalhadas) caiu de
39,3 para 34 (-13,7%). Mais da metade (58,8%) das
empresas deu um dia de folga por semana e 41,5%
decidiram implementar nove dias úteis de trabalho a
cada 15 dias”
– “Os trabalhadores (85%) disseram que, depois de
trabalhar em empresa com uma semana de quatro dias,
só mudariam para uma companhia com horário
tradicional se tivessem aumento de salário superior
a 20%”
Fonte: Portal Vermelho - Do Blog de Notícias da CNTI - https://cnti.org.br
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