O Brasil precisa resolver muitos problemas estruturais. Um problema persistente têm sido as más condições de trabalho, que geram doenças, acidentes, mutilações, mortes, sofrimento às famílias e muitas despesas previdenciárias.
Por isso, a explosão em Palotina, Paraná, que matou oito trabalhadores e deixou muitos feridos, não pode ser vista como fato extraordinário. Lamentavelmente, não.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorreram 612,9 mil acidentes de trabalho no ano passado. O número de mortes, oficialmente registradas, chegou a 2.358 – o que é um absurdo. Esses números se referem aos regularmente contratados. E os informais?
A mesma OIT informa que, de 2012 a 2022, foram comunicados 6,7 milhões de acidentes e houve 25,5 mil mortes. As informações se baseiam em Comunicações de Acidentes de Trabalho feitas ao INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
Eu nunca soube de dono de empresa ou alto executivo morto em acidente de trabalho. Os acidentes atingem mesmo é a massa trabalhadora, os operacionais, os braçais, como os sete haitianos mortos na gigante C.Vale.
Mas lamentar não resolve. O que vai resolver são atitudes firmes, organizar Comissão Interna de Prevenção de Acidentes atuante por empresa, treinar cipeiros, isolar áreas perigosas e promover a cultura preventiva. Só no mês de julho, nosso Sindicato notificou mais de 100 empresas para que regularizarem as Cipas. Se na sua empresa não tem, procure o Sindicato. Ligue 2463.5300.
Fazemos a nossa parte, mas o empresariado precisa fazer a dele. Cipa de fachada e maquiagem do local de trabalho só empurram o problema com a barriga. Gambiarra não dá certo e, mais dias, menos dias, o acidente acontece.
O governo precisa fazer a parte dele. Principalmente o Ministério do Trabalho e Emprego. Proponho que a Pasta lidere uma campanha nacional por segurança, mobilizando entidades sindicais, Fundacentro, Universidades, o Diesat, o Sistema S e outras organizações ligadas ao trabalho.
Entre 2012 e 2022, houve 2,3 milhões de afastamentos pelo INSS por doenças e acidentes de trabalho. O gasto com benefícios previdenciários acidentários, em valores nominais, já chega a R$ 136 bi, incluindo-se auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente relacionados ao trabalho.
Em primeiro lugar está a vida humana. Mas temos que pensar também na produtividade. Acidentes e doenças baixam a produtividade, pois abalam o psicológico e desfalcam o quadro produtivo. Quando a produtividade cai todos perdem. País que tenha projeto precisa colocar o trabalho no centro de sua estratégia. Trabalho decente.
Proponho também que o Ministério do Trabalho, com a OIT, estimule a certificação positiva, destacando as empresas exemplares no respeito à segurança e à vida dos trabalhadores.
Josinaldo José de Barros (Cabeça)
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
Diretoria Metalúrgicos em Ação
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