Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias cobra mudanças na legislação para melhorar segurança e evitar lesões
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM)
realizou na quinta-feira (25) audiência pública para
debater a situação dos trabalhadores lesionados no
Brasil. O evento reuniu especialistas e
trabalhadores que sofreram lesões, que sugeriram
mudanças na legislação para assegurar direitos aos
empregados portadores de lesão.
Autor de requerimento para realização do debate, o
presidente da CDHM, deputado Orlando Silva
(PCdoB-SP), culpou a desregulação do mercado de
trabalho nos últimos anos pelo aumento de acidentes
e doenças ocupacionais.
“A precarização das relações de trabalho no último
período agravou enormemente as lesões. Por isso é
importante que a Câmara adote medidas na legislação
que sejam protetivas do ambiente do trabalho”,
afirmou o parlamentar.
Segundo levantamento do Observatório de Saúde e
Segurança do Trabalho, ligado ao Ministério Público
do Trabalho (MPT), de 2012 a 2021 foram registradas
23 mil mortes no mercado de trabalho formal no
Brasil. Em 2021, ocorreram 578 mil acidentes e 2.487
mortes associadas ao trabalho – um aumento de 30% em
relação a 2020.
“Os dados são escandalosos. É preciso romper com a
precarização do trabalho, com a insegurança do
trabalho”, frisou Orlando, reiterando a necessidade
de o tema ser tratado em lei.
Uma das sugestões dos debatedores é para prever a
estabilidade no emprego, até a aposentadoria, nos
casos de lesão permanente adquirida no trabalho. A
lei atual garante a manutenção do contrato de
emprego, pelo prazo mínimo de 12 meses, após o fim
do pagamento do auxílio-doença acidentário.
A ideia é proteger esses profissionais que,
lesionados, muitas vezes são demitidos com a
justificativa de impossibilidade de executar a
função, após o período de estabilidade garantido em
lei.
“Estamos cada vez mais expostos à exploração, ao
assédio moral, às péssimas condições de trabalho,
aos salários cada vez mais rebaixados e
principalmente aos acidentes e doenças
profissionais”, denunciou o presidente da Associação
dos Trabalhadores Lesionados nas Indústrias
Metalúrgicas do Vale do Paraíba (SP), Luís Fabiano
Costa.
Ele observou que, nos últimos anos, foram revogadas
diversas normas aplicadas ao setor que funcionavam
como medidas de segurança para evitar acidentes e
lesões.
Dificuldade de comprovação
Segundo os debatedores, um dos impasses para receber indenização é a dificuldade em comprovar o nexo causal entre a lesão e o trabalho, uma vez que estas também podem ser causadas por prática de esportes e em atividades domésticas.
Pelas regras atuais, a empresa é responsável, quer
por ação ou omissão, pela lesão ou doença
ocupacional gerada no ambiente de trabalho. Dessa
forma, tem de arcar com os danos materiais, que são
contabilizados, como as despesas médicas, entre
outros; além dos danos morais, que não podem ser
contabilizados, como é o caso do sofrimento da
vítima.
Como solução, esses profissionais defendem que as
regras sobre o tema sejam fixadas em lei, e não em
acordos coletivos. Essa foi a demanda da
trabalhadora lesionada Renata Rothje Ruiz, que
adquiriu a lesão no trabalho e há sete anos pleiteia
o direito de indenização na Justiça.
“Desde que me tornei lesionada, fui perseguida,
maltratada e muitas vezes humilhada dentro da
empresa”, relatou a profissional, que também disse
ter sofrido de depressão.
Regras de análise
Os participantes do debate criticaram a medida provisória (MP 1113/22) que promoveu mudanças no modelo de análise de pedidos de benefícios pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Aprovada pelo Congresso, a MP ainda aguarda a sanção do Executivo.
A reclamação foi de que a medida deixa ainda mais
vulnerável o trabalhador com doença profissional, ao
obrigar segurados de auxílio-acidente a se submeter
a perícia médica administrativa.
Nesse sentido foi a queixa do trabalhador lesionado
Antônio Benedito Gonçalves. “A qualquer momento eu
posso ser chamado para uma nova perícia que pode
cortar meu benefício. Peço que olhem para nós não
como simples peças de reposição”, declarou.
Fonte: Liderança do PCdoB com Agência Câmara - Do Blog de Noticias da CNTI
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