Aos 94 anos, Previdência nunca esteve tão em risco
Encontro na CUT celebrou também Dia do Aposentado e apontou para necessidade de resistir aos ataques golpistas para salvar a Seguridade
Escrito por: Luiz Carvalho
Luiz Carvalho Sérgio Nobre durante intervenção no seminário dos trabalhadores aposentados
A Previdência Social completou 94 anos nesta terça-feira (24), data em
que se celebra também o Dia dos Aposentados. Para marcar a data, a CUT
promoveu um seminário em sua sede, na capital paulista, para tratar da
sobrevivência do regime diante dos seguidos golpes do governo golpista
de Michel Temer (PMDB).
Para o presidente da Fenapi (Federação Nacional dos Aposentados,
Pensionistas e Idosos), Wilson Ribeiro, ao atacar o poder de compra dos
inativos, o governo reforça a opção de tesourar a economia ao invés de
incentivá-la.
“Desvincular o aumento do salário do aumento da economia é um erro
terrível, porque, quando o governo passou a dar aumento real, o PIB
(Produto Interno Bruto) cresceu. O aposentado passou a comprar porque
precisava, devido aos anos de defasagem acumulados. Queremos aquilo que
pertence a nós, aquilo que é fruto da nossa contribuição durante anos”,
afirmou.
Mais do que pensar na economia, o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre,
ressalta que a preocupação de Temer é fazer um contraponto ao modelo de
desenvolvimento com inclusão dos mais pobres capitaneado pelo
ex-presidente Lula e pela presidente eleita Dilma Rousseff.
“A
grande diferença entre nós e os golpistas é que para nós o pobre
passaporte para mudarmos o país, fazermos crescer por meio da inclusão
economia, nas universidades. Estão desmontando todas as políticas
sociais porque não deram golpe para que conseguíssemos voltar em 2018,
mas para que fiquem 20, 30 anos no poder.”
O dirigente defendeu que a direção do golpe pela capacidade de reação da
classe trabalhadora. “O golpe de 1964 aconteceu porque a classe
trabalhadora não reagiu. Precisamos construir a unidade de todos os
trabalhadores, inclusive os aposentados dentro da CUT. O que está vindo
aí só se enfrenta se houver unidade.”
Visão equivocada
Secretário de Administração e Finanças da Central, Quintino Severo,
também apontou que o fim da Previdência, junto com a reforma
trabalhista, representa uma visão de Estado mínimo.
“Temos a missão de impedir que este governo golpista acabe com a
Previdência e a transforme apenas em uma questão de receita para
beneficiar o capital. Vimos o que representa esse direito, quando foi
atrelado ao ministério da Previdência, algo que nem a ditadura fez. Não é
possível ficar até 65 anos trabalhando na agricultura ou na boca de um
forno. Não podemos comparar trabalhador em péssimas condições com outro
fica em um escritório. Essa é a maior injustiça que esse governo
colocando nos ombros da classe trabalhadora neste país”, disse.
Desmanche
Na avaliação do supervisor técnico do escritório do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Victor
Pagnani, a PEC 241/55 (Proposta de Emenda à Constituição), que congela
os investimentos públicos por 20 anos, mostram como os gastos serão
enxugados no governo.
“É um novo regime fiscal do Estado, que congela as despesas primárias,
com serviços públicos, mas que não inclui as financeiras, para pagamento
de juros e amortização das dívidas. Corta dos pobres que necessitam dos
serviços públicos para poder pagar aos bancos, rentistas, aquele 1% dos
brasileiros que possuem altas aplicações financeiras.”
O governo parte, afirma, de um diagnóstico de que as despesas crescem de
forma descontrolada, mas ignora que o financiamento da Seguridade
ocorre de maneira tripartite. “Isso é uma falácia porque só considera as
contribuições feitas por empresas e trabalhadores e não as
contribuições feitas pelo governo. Impostos são recolhidos para
financiar a Seguridade Social, é um direito do cidadão em um sistema
tripartite”, alerta.
Para ele, seria possível um outro modelo de ajuste fiscal, que incluísse
a redução da taxa de juros, a volta do crescimento econômico, a reforma
tributária com o fim das desonerações e o imposto de renda sobre
lucros, dividendos e grandes fortunas.
Com a PEC do congelamento dos gastos aprovado, reformas que atingem os
mais pobres, como a mudança na Previdência, seria questão de tempo.
“É cruel igualar a idade de aposentadoria entre homens e mulheres, que
tem cuidados com casa e filhos e mais interrupções por conta da
maternidade. Assim como acabar com a aposentadoria especial para os
rurais, que tem um trabalho degradante. O objetivo é que desistam da
Previdência social e migrem para Previdência privada. Pela primeira vez
nos últimos 13 anos o mínimo teve ganho abaixo da inflação”, lamentou
Pagnani.
Durante o encontro, a Fenapi também aprovou um documento que será
entregue em Brasília com reivindicações dos trabalhadores aposentados.
Clique aqui para ler.
FONTE: site da CUT (http://cut.org.br/noticias/aos-94-anos-previdencia-nunca-esteve-tao-em-risco-907b/)
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