A sociedade deve se articular,
assumindo a defesa dos seus direitos sociais e a da Previdência Social
pública e solidária. O que se anuncia é fazer terra arrasada do maior
redistribuidor de renda do mundo ocidental.
Vilson Antonio Romero*
Nas pouco mais de três décadas de redemocratização, os governos
iniciaram seus mandatos sempre anunciando reformas nas áreas tributária,
trabalhista e previdenciária.
Nunca vimos as medidas objetivarem a redução da carga tributária, a
melhoria das condições de trabalho no campo ou na cidade ou a elevação
do poder aquisitivo das aposentadorias.
Novamente, o próprio governo faz o anti-marketing da previdência, apavorando aposentados e cidadãos aposentáveis.
O Palácio do Planalto anuncia fixar uma idade igual para a
aposentadoria dos trabalhadores rurais, urbanos, do serviço público e da
iniciativa privada, independentemente de sexo, e pretende desvincular
os benefícios do salário mínimo.
Mas esquece de dizer que o INSS faz parte da Seguridade Social criada
na Constituição de 1988, abrangendo previdência, saúde e assistência
social. Esse nosso “welfare state” conta com contribuições específicas,
como as sobre a folha, a receita bruta ou o lucro das empresas e as
loterias da Caixa. Se falam em rombo, há anos a Associação Nacional dos
Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) mostra o contrário,
desvendando a falácia do rombo. Houve sucessivos superávits na
Seguridade. Em 2014 foi de R$ 54 bilhões, reduzido a R$ 24 bilhões em
2015, em razão da crise e do desemprego.
Outrossim, segue a “esmola com o chapéu alheio” com o dinheiro das
aposentadorias. Todo o ano são retirados recursos do INSS para isentar
ou incentivar setores como o da micro e pequena empresa, o agronegócio, a
filantropia na saúde e na educação, mas este dinheiro não volta todo e
imediatamente aos cofres públicos. Só em 2016, serão quase R$ 70 bilhões
de renúncias. Que sistema deficitário é este que permite tal desvio?
Há, sim, a necessidade de ajustes na área rural, onde se arrecada R$ 7
bilhões e são pagos R$ 98 bilhões de aposentadorias – números de 2015.
Mas não esqueçamos que a solidariedade é princípio básico da Seguridade.
Mesmo havendo maior aporte pelo agronegócio, lembremos que o homem do
campo alimenta o da cidade e que, graças à agropecuária, o PIB nacional
não caiu ainda mais.
Quanto à idade mínima, como os países desenvolvidos podem ser
parâmetro se o Brasil está longe de acompanhar os parceiros do Brics –
terceira divisão mundial? E como fixar uma idade mínima de 65 anos se a
esperança de vida ao nascer de, por exemplo, um paraense, é de 64 anos?
Será que querem condenar metade dos nascidos nesse estado a não viver
até se aposentar?
Outra proposta é a desvinculação dos benefícios do salário mínimo. Se hoje, 70% dos benefícios do INSS já são iguais ou menores que o mínimo, se desvincular, em pouco tempo, a totalidade dos aposentados estará abaixo da linha da miséria.
Outra proposta é a desvinculação dos benefícios do salário mínimo. Se hoje, 70% dos benefícios do INSS já são iguais ou menores que o mínimo, se desvincular, em pouco tempo, a totalidade dos aposentados estará abaixo da linha da miséria.
A sociedade deve se articular, assumindo a defesa dos seus direitos
sociais e a da Previdência Social pública e solidária. O que se anuncia é
fazer terra arrasada do maior redistribuidor de renda do mundo
ocidental.
DO SITE DO DIAP (http://www.diap.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26334:por-uma-previdencia-justa-e-solidaria&catid=46:artigos&Itemid=207)
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