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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Marcio Pochmann: ou o Brasil se reindustrializa, ou não terá mais rumo


A retomada do receituário neoliberal no período recente foi o responsável principal pelo desencadeamento de novo quadro recessivo na economia que levou praticamente ao desfecho da industrialização brasileira. Isso porque o setor industrial terminou sendo o mais atingido pela queda no nível de produção, cuja alternativa tem sido a substituição de produtos nacionais por importados e prevalência de significativo déficit de manufatura na balança comercial.

Por Marcio Pochmann*

Esse desfazimento das políticas em defesa da produção nacional e de estímulo aos investimentos pode comprometer, em definitivo, as possibilidades da reindustrialização no país. Sem base industrial consolidada, dificilmente o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, poderá retomar novamente o rumo do desenvolvimento nacional.

Como se sabe, a industrialização brasileira transcorreu no espaço de tempo histórico de cerca de cinco décadas demarcadas por dois fundamentais parâmetros de dimensão externa. O primeiro associado à estabilidade no padrão técnico de produção alcançado com o desenvolvimento do fordismo, após a consolidação da segunda Revolução Industrial e Tecnológica (1870-1910).

O segundo parâmetro externo decorreu da perspectiva de capitalismo organizado estabeleceu durante o interregno da primeira onda de globalização capitalista (1870-1914), também definida por imperialismo. O segundo pós-guerra mundial permitiu, por cerca de três décadas, a manifestação do chamado anos dourados do capitalismo, com a regulação econômica de Bretton Woods e a combinação política do crescimento econômico com democracia e inclusão social.

Desde a segunda metade da década de 1970, esses dois parâmetros de dimensão externa mudaram radicalmente. A começar pelo fim do Acordo de Bretton Woods, que terminou por estimular o surgimento da segunda onda de globalização capitalista comandada pelas grandes corporações transnacionais desde 1980.

Também na década de 1970, os sinais de esgotamento identificados junto da organização fordista de produção foram respondidos por novos investimentos voltados à propulsão de uma terceira Revolução Industrial e Tecnológica. As intensas inovações de processos e produtos procedidas impuseram significativa instabilidade e descontinuidade no padrão técnico de produção de manufatura.

Em virtude da segunda onda de globalização capitalista e da instabilidade tecnológica, a industrialização nacional se viu diante de constrangimentos externos até então inesperados. As reações de parte dos governos brasileiros praticadas desde a década de 1970 foram permeadas por equívocos e insucessos.

Diante da primeira recessão detectada em 1973 nos países de capitalismo avançado desde o segundo após-guerra, o governo militar afastou-se da tentativa de adotar a agenda restritiva ao crescimento brasileiro defendida por Mário H. Simonsen e implementou o 2º Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979). O importante projeto do governo Geisel permitiu completar o ciclo da industrialização, sem responder aos desafios estabelecidos pela terceira Revolução Industrial e Tecnológica, conforme a Coreia do Sul, por exemplo, conseguiu realizar.

Além disso, a promoção da primeira recessão (1981-1983) desde a Depressão Econômica de 1929 provocou certo deslocamento da centralidade do desenvolvimento nacional do mercado interno para o externo diante do acordo de pagamento da dívida externa contraída anteriormente. O programa de ajuste exportador, em parceria com o FMI, levou ao maior fechamento da economia nacional, atrasando ainda mais a competitividade e a incorporação de novas tecnologias pela industrialização nos anos de 1980.

Na virada para o século atual, os governos neoliberais (1990-2002) impuseram o modo passivo e subordinado de inserção na segunda onda de globalização capitalista. Se, de um lado, a viabilização do Plano Real se mostrou favorável à estabilidade monetária, após mais de uma década de superinflação, de outro, restringiu brutalmente a capacidade da indústria nacional de competir, com elevadas taxas de juros e prevalência da valorização cambial.

Nos anos 2000, os governos do PT se mostraram capazes de reconstruir o dinamismo econômico, porém sem conseguir se afastar suficientemente da agenda do tripé macroeconômico. Os avanços na industrialização possibilitados pelas políticas desenvolvimentistas encontram maior resistência por parte das corporações transnacionais e dos Estados Unidos, que atuaram contrariamente ao processo de integração latino-americano e articulação com os BRICS.

Tudo isso terminou se perdendo no quadro geral da recessão, operações da lava Jato e retomada do receituário neoliberal. Essa situação terminará colocando os governos de Temer e de Bolsonaro no panteão dos presidentes que colocaram a pá de cal no ciclo da industrialização nacional.

* Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Unicamp

Fonte: Portal Vermelho do blog de notícias da CNTI

http://cnti.org.br/html/noticias.htm#Marcio_Pochmann:_ou_o_Brasil_se_reindustrializa,_ou_n%C3%A3o_ter%C3%A1_mais_rumo 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Trabalhadores com baixa renda perderão mais quando se aposentarem

Para Dieese, relatório da reforma da Previdência necessita de mais revisão para assegurar cumprimento dos direitos previstos na Constituição de 1988
15:04

 
Agência Brasil 
 
 
Trabalhadores mais pobres terão perdas nos valores das aposentadorias 

São Paulo – Em nota técnica sobre o relatório que alterou pontos do Projeto de Emenda Constitucional da reforma da Previdência, a PEC 6/2019, o Dieese alerta: trabalhadores com baixa renda terão perda substancial quando se aposentarem, caso não sejam feitas mais mudanças na proposta apresentada pelo governo Bolsonaro.

“As regras de transição estão longe de reconhecer o tempo acumulado em contribuições para a maioria dos trabalhadores, o que é ainda mais nítido nas regras de cálculo de valores”, explica.

O estudo aponta que o substitutivo mantém e aprofunda a desconstitucionalização, pois remete para leis específicas dos entes públicos a definição dos parâmetros de concessão de benefícios e valores dos RPPSs (a Previdência dos servidos públicos). “A desconstitucionalização de regras previdenciárias, um dos pontos mais controversos da proposta de reforma encaminhada pelo governo, foi mantida em grande parte no substitutivo do relator”, avaliam os técnicos do Dieese.

E delega a leis ordinárias a fixação, em caráter permanente, de alguns parâmetros do RGPS, com destaque para o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria, aumentando a incerteza dos segurados em relação aos benefícios que obterão futuramente.

“Nesse sentido, a proposta do relator aprofunda a insegurança, dado que mudanças na legislação infraconstitucional são aprovadas com muito mais facilidade e estão sujeitas ao sabor de conjunturas políticas de curto prazo”, critica o documento, destacando que no caso dos servidores, além dessa incerteza, soma-se a probabilidade de que as leis estaduais e municipais estabeleçam parâmetros diferenciados entre si, criando disparidades de condições na mesma carreira.

Privatização da Previdência

O Dieese avalia que, apesar de o texto do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) não utilizar a expressão “segregação” – como consta da proposta do governo Jair Bolsonaro –, está mantida a intenção de separar as fontes de alterar a forma como está organizado o sistema de proteção social na Constituição.

Uma novidade no relatório, destaca o Dieese, é a permissão para que a administração da previdência complementar dos servidores seja feita por entidade aberta, sem exigência de licitação, o que favorece a expansão do mercado privado de previdência. “Atualmente, a Constituição Federal determina que o fundo de pensão que administra o RPC tenha “natureza pública”, o que não será mais exigido após a aprovação da PEC.”

Aposentados ganharão menos

O substitutivo do relator, afirma o estudo, manteve a regra de cálculo do valor dos benefícios proposta pelo governo: para a aposentadoria dita “integral” – com valor equivalente a 100% da média dos salários de contribuição – serão necessários 40 anos de contribuição.

“Esse dispositivo terá o efeito prático de reduzir o valor dos benefícios em relação às regras atuais, pois no RGPS (a aposentadoria pelo INSS), o benefício equivalente a100% da média é concedido mediante 30 anos de contribuição, se mulher; e 35 anos, se homem, condicionado ao fator previdenciário e à regra 85-95 progressiva.”

O relator acolheu, ainda, a regra de cálculo dos benefícios proposta pelo governo, correspondente a 60% da média dos salários de contribuição mais 2% para cada ano de contribuição que exceder a 20 anos.

A nova fórmula do cálculo, explica a nota do Dieese, reduz o valor inicial do benefício, por dois motivos: a média considerada será “rebaixada” em relação à atual, pois incluirá todos os salários de contribuição desde 1994 ou do início do período contributivo, sem mais desprezar os 20% menores valores como atualmente; e a regra atualmente em vigor garante ao segurado 100% da média (exceção para o caso da aposentadoria por tempo de contribuição, quando é utilizado o fator previdenciário).

“A nova regra geral, além de utilizar a ‘média rebaixada’, não assegura os 100% dessa média, exceto aos que atingirem o período contributivo de 40 anos. Ao considerar a média de todas as contribuições, a fórmula de cálculo do benefício da PEC original causa distorção em certos casos, pois pode gerar maior valor para aposentadorias com menor período de contribuição.”

O Dieese aponta ainda que, o relator introduziu uma pequena mudança na aplicação da regra geral de cálculo, permitindo desprezar parte do período de contribuição, se isso resultar em benefício de maior valor. Por exemplo: serão considerados apenas 60% da média sobre 20 anos de contribuição, caso seja mais vantajoso do que a inclusão de todo o tempo de contribuição e dos 2% adicionais a cada ano.

“O mencionado ajuste do substitutivo, contudo, não assegura, necessariamente, que o cumprimento de maior período contributivo – além do tempo mínimo requerido – terá reflexo positivo no valor do benefício.”

Tem de mudar mais

O Dieese avalia que o relatório, que está sendo debatido em comissão especial da Câmara dos Deputados, retirou do texto original algumas medidas que colocavam em risco a preservação do sistema público de previdência de caráter solidário. E menciona a supressão da criação da previdência por capitalização individual; a manutenção do tempo de contribuição mínimo de 15 anos para a mulher; a forma de contribuição dos trabalhadores rurais da agricultura familiar; as regras para concessão do Benefício de Prestação Continuada, além de medidas que atenuam as alterações originalmente no abono salarial, no auxílio-reclusão e no valor das pensões.

Afirma, ainda que o relator criou alternativas de regra de transição, tanto para o RGPS quanto para os RPPSs, que ampliam, ainda que não satisfatoriamente, seu alcance.

“Porém, muitas das determinações da PEC 6/2019 foram mantidas e são motivo de preocupação e insegurança para os trabalhadores”, ressalta o estudo. “A desconstitucionalização de regras previdenciárias, em especial para servidores de estados e municípios, gera incertezas sobre o futuro e, possivelmente, resultará em diferenciações que não contribuem para a equidade no país”, avalia.

“A reforma proposta não considera que o tempo de contribuição tenderá a se tornar um obstáculo cada vez mais difícil de ser superado por trabalhadores expostos a um contexto tecnológico e social desfavorável ao emprego de longa duração e formalizado”, critica.

“Portanto, embora se deva reconhecer avanços no relatório ora apresentado, quando comparado à PEC original, continua necessária a revisão de vários pontos do projeto, para que se assegure o cumprimento efetivo dos direitos sociais inscritos na Constituição de 1988.”

FONTE: REDE BRASIL ATUAL

https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2019/06/trabalhador-baixa-renda-aposentadoria/

quarta-feira, 19 de junho de 2019

MAIS DE 3 MILHÕES DE BRASILEIROS ESTÃO DESEMPREGADOS HÁ DOIS ANOS, REVELA IPEA



O tempo médio em que os trabalhadores e trabalhadoras ficam desempregados no Brasil é de 24 meses e as perspectivas futuras não são nada boas. Enquanto o país corre o risco de entrar novamente em recessão, com a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em menos de 1% este ano, ao invés de projetos para gerar emprego e renda, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) se preocupa com tomada de três pinos.

De acordo com estudo sobre o Mercado de Trabalho no primeiro trimestre de 2019, divulgado nesta terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o tempo médio de recolocação no mercado de trabalho é de dois anos para 3,3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras – um aumento de 17,4% para 24,8% entre o primeiro trimestre de 2015 e o mesmo período de 2019. Em quatro anos, cresceu 42,4% o total de brasileiros que ficam 24 meses sem emprego.

Segundo o Ipea, que utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad),  a crise econômica mantém a taxa de desemprego elevada e também contribui para permanência no desemprego. No trimestre encerrado em abril, a taxa de desemprego atingiu 12,5% dos brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que 13,2 milhões de brasileiros estão desempregados.

Mulheres - E as mulheres são as que mais têm dificuldade de conseguir um novo emprego (28,8%). Na sequência vêm os adultos com mais de 40 anos (27,%) e os trabalhadores com ensino médio completo (27,4%).

Norte e Nordeste - As Regiões Norte, com 28,6%, e a Nordeste, com 27,6%, registram os maiores percentuais de desempregados há pelo menos dois anos no país.

Impacto na renda familiar - Além do aumento no tempo de permanência no desemprego, o estudo do Ipea mostra que os efeitos da crise econômica sobre o mercado de trabalho também vêm impactando a renda domiciliar. Apesar de algum ganho real, os dados da Pnad mostram que, no 1º trimestre de 2019, 22,7% dos domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de renda proveniente do trabalho, e que os domicílios de renda mais baixa foram os que apresentaram menores ganhos salarias. A análise mostra, ainda, que a renda dos domicílios mais ricos é 30 vezes maior que a dos domicílios mais pobres.

Desalento - Sem conseguir emprego há dois anos, trabalhadores e trabalhadoras de 18 a 24 anos estão entre os grupos mais atingidos e, portanto, desalentados, desiludidos - grupo que, segundo o IBGE para de procurar emprego, depois de muito tentar e não conseguir uma recolocação.

Com baixo crescimento da ocupação e queda no rendimento real, os jovens são 27,3% do total de desempregados. Pelo quinto trimestre consecutivo, os mais jovens e com ensino fundamental incompleto tiveram a maior queda de rendimento (-2,4%).

Reforma de Temer gerou precariedade - Como vem acontecendo desde a aprovação da reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), o mercado vem criando mais emprego informal, sem direitos. A taxa de crescimento anual do emprego, considerando-se apenas trabalhadores com carteira assinada, permanece negativa e com variação quase nula, segundo o Ipea que, além da PNAD se baseou em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A análise sobre os efeitos da reforma Trabalhista revela que de novembro de 2017 a abril de 2019, foram abertas 507.140 novas vagas de trabalho, das quais 58.630 de contratos de trabalho intermitente, quando a empresa paga por hora trabalhada, chama o trabalhador nos dias e horários em que precisa e, portanto, pode pagar por mês até menos de um salário minimo, dependendo de quantas horas o empregado foi requisitado a prestar serviços; e 19.765 de trabalho parcial, em sua maioria no setor de comércio e serviços.

Apesar da geração de emprego, os dados mostram que cerca de 7 milhões faziam parte da população de trabalhadores que se ocupam menos de quarenta horas semanais. A chamada subocupação por insuficiência de horas trabalhadas combinada com a desocupação atingiu em abril deste ano 19,1%, índice acima dos três anos anteriores.

Das vagas de emprego intermitentes e parciais, a maioria foi ocupada por jovens de até 29 anos e trabalhadores com ensino médio completo.

Fonte: CUT

Produtividade do trabalho no país recua 1,1% no primeiro trimestre


A produtividade por hora trabalhada no país, calculada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2018. O dado é calculado com base nas Contas Trimestrais e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No trimestre anterior, a produtividade havia crescido 0,1%. Considerando-se os grandes setores da economia, apenas a agropecuária teve alta na produtividade do trabalho na comparação do primeiro trimestre do ano com o mesmo período de 2018 (0,4%). Na indústria e nos serviços, houve recuo de 1,2% no período.

No acumulado de quatro trimestres, a produtividade no trabalho recuou 0,3%. Entre os setores, apenas os serviços tiveram queda nesse tipo de comparação (-0,8%). Na indústria, houve crescimento de 0,6% e, na agropecuária, 1,5%.

Fonte: Agência Brasil - do blog de notícias da CNTI

http://cnti.org.br/html/noticias.htm#Produtividade_do_trabalho_no_pa%C3%ADs_recua_1,1%_no_primeiro_trimestre 


sexta-feira, 14 de junho de 2019

CONTRA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

HOJE, SEXTA FEIRA DIA 14 DE JUNHO DE 2019 - ÀS 17:OO HORAS

LOCAL: PRAÇA DA INCONFIDÊNCIA

EM DEFESA DA APOSENTADORIA

VENHA PROTESTAR CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA NOS MOLDES PROPOSTOS PELO GOVERNO

 

terça-feira, 4 de junho de 2019

Depois do 30 de Maio histórico, movimentos preparam greve geral contra reforma da Previdência


Milhões nas ruas do país, em defesa da educação, fortaleceram a luta contra a reforma da Previdência e a paralisação do dia 14 de junho

Após os quase 2 milhões de pessoas nas ruas, nesta quinta-feira (30) pelos atos do #30M, em defesa da educação pública de qualidade e o arrocho orçamentário promovido pelo governo Bolsonaro na Educação, o próximo passo dos movimentos sindical, sociais e estudantil é ampliar a mobilização para a greve geral contra a reforma da Previdência, marcada para 14 de junho. “Os (atos dos) dias 15 e 30 foram importantes na construção do 14 de Junho, para discutir os cortes na educação e o desmonte da Previdência. Isso mostra que temos força para fazer uma greve geral enorme”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, que na manhã desta sexta-feira (31) foi entrevistado pelos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria na Rádio Brasil Atual.

O dirigente, que também ontem visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, reafirmou que as manifestações de ontem foram “muito grandes, capitaneadas pelo povo da educação, pelos estudantes, pelos trabalhadores, e estamos rumo à greve geral muito forte dia 14″ e que Lula mostra grande expectativa de que a greve geral “venha para barrar a reforma da Previdência. Esse governo foi eleito pelos banqueiros, que estão ávidos por esse filão bilionário da capitalização da Previdência.”

Em entrevista ao Brasil de Fato, o secretário-geral da CUT-SP, João Cayres, enalteceu a importância da unificação do campo progressista contra o desmonte promovido por Bolsonaro. Na avaliação do sindicalista, tanto nos atos dos trabalhadores pelo 1º de Maio, com a união de todas as centrais sindicais, quanto nas mobilizações estudantis recentes, o povo brasileiro mostra que está disposto a dizer não às reformas que retiram direitos, precarizam o trabalho, reduzem a renda do trabalhador e aumentam a desigualdade. “Foi muito bom porque foi um sucesso, e neste momento todo a gente também está agregando à discussão da Previdência, da Seguridade Social, e já estamos agregando também para a greve geral a questão dos cortes na Educação”, afirmou.

Para a União Nacional dos Estudantes (UNE), os próximos passos são mobilizar “a estudantada” para a greve geral, em que se soma a luta contra os cortes da educação e a “reforma da Previdência”. “A UNE, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação nacional de Pós Graduandos (ANPG) convocam os estudantes a se manterem mobilizados, iremos às ruas e nos somaremos à greve geral, no dia 14, convocada por diversos movimentos contra os cortes na educação e a Reforma da Previdência”, declarou a entidade, em nota.

Unificados
Ainda de acordo com a UNE, o segundo dia nacional de mobilização pela educação foi maior que no dia 15 de maio. A entidade levantou que foram realizados atos em 208 cidades, com participação de cerca de 1,8 milhão de pessoas. Pelos cálculos, foram 300 mil pessoas em São Paulo, 200 mil em Belo Horizonte, 100 mil no Rio de Janeiro e o mesmo, no Recife.

“O dia 30 de maio entra para história do nosso país, quando estudantes, professores, trabalhadores e pais voltaram às ruas num grande tsunami. Para quem não acreditava, nós estamos aqui. Nós somos milhões. Nós somos rebeldes. Nós somos questionadores”, disse a presidenta da UNE, Marianna Dias.

“Nós derrotaremos (o governo Bolsonaro). Bolsonaro não governará enquanto os cortes não forem revertidos. Essa é a promessa do povo que tá indo pras ruas do Brasil. Bolsonaro, você não vai ter paz e nós não temos medo de você”, acrescentou ela.

O presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, falou sobre a construção das mobilizações em todos os estados brasileiros. Segundo ele, a unidade nas ações de trabalhadores e estudantes fortalece todas as pautas. “As nossas reivindicações por direito e contra cortes orçamentários são mais do que didáticas e provam mais uma vez ao presidente Bolsonaro que aqui não há idiotas úteis e nem massa de manobra. Aqui tem luta e sabedoria popular para barrar todos os retrocessos impostos por este governo de extrema direita e contrário ao povo”, acrescentou.

Fonte: Rede Brasil Atual
do blog de notícias da CNTI
http://cnti.org.br/html/noticias.htm#Depois_do_30_de_Maio_hist%C3%B3rico,_movimentos_preparam_greve_geral_contra_reforma_da_Previd%C3%AAncia 

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Cresce o desemprego no Brasil. Já são 13,2 milhões, segundo IBGE


Economia estagnada e falta de propostas concretas do governo Bolsonaro para a retomada do crescimento são apontadas como principais causas da alta taxa de desempregados, segundo presidente da CU


Escrito por: André Accarini


Reprodução
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Desempregados formam imensa fila à procura de emprego em São Paulo 
 
A taxa de desemprego no Brasil, no trimestre encerrado em abril, atingiu 12,5% dos brasileiros, segundos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira (31), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já são 13,2 milhões de desempregados, número 4,4% maior que o trimestre anterior (12,6 milhões) – uma  redução de 552 mil postos de trabalho.

A pesquisa traz um recorde na série histórica: o número de trabalhadores subutilizados, ou seja, aqueles que poderiam trabalhar mais, chegou a 28,4 milhões. A alta foi de 3,9% em relação ao trimestre anterior (27,3 milhões). Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 3,7%. No trimestre encerrado em abril de 2018, o total de subutilizados foi de 27,4 milhões de pessoas.

Número de trabalhadores informais aumenta mais do que os formais

A pesquisa traz também dados sobre o número de informais, os trabalhadores por conta própria. Em relação ao trimestre anterior o índice se mostrou estável em 23,9 milhões de pessoas, mas registrou aumento de mais 939 mil trabalhadores (4,1%), em relação ao ano passado.

Isto significa que cresceu muito mais o número de informais do que os trabalhadores registrados no setor privado . Essa parcela que trabalha com direitos garantidos como férias, 13° salário, fundo de garantia e outros direitos, subiu apenas 1,5% (mais 480 mil pessoas), em comparação com 2018. Com isso, o número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável em 33,1 milhões. O mesmo ocorreu com os trabalhadores sem carteira assinada, cujo número permaneceu em 11,2 milhões. Porém, subiu 3,4% (mais 368 mil) em relação a igual período do ano passado.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, o aumento no número de desempregados demonstra que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) não tem nenhum plano de recuperação econômica para o Brasil. “Não tem nenhuma proposta concreta de retomada do crescimento, de geração de emprego e renda, pelo contrário, o que se vê é diminuição da projeção do PIB, arrocho salarial e ataque aos direitos”, critica.

Ele afirma também que a exemplo do que foi a reforma Trabalhista, que ao contrário das promessas do ilegítimo Michel Temer (MDB), não gerou empregos, a reforma da Previdência também não vai aquecer a economia: “Tirar o direito dos brasileiros se aposentarem no futuro não vai gerar crescimento e gerar empregos”.

Vagner diz que “crescimento econômico, entre outras coisas, se consegue com a volta do investimento do setor público, sobretudo em obras de infraestrutura que estão paradas. Não é o congelamento do investimento em saúde e educação que gera emprego, tampouco acabar com direitos trabalhistas”.

Desalento chega a quase 5 milhões de pessoas

O número de trabalhadores que desistiram de procurar emprego porque perderam a esperança, os chamados desalentados, aumentou 4,3% e já chega a 4,9 milhões de pessoas. Em relação ao trimestre anterior, são mais 202 mil pessoas sem expectativas de conseguir trabalho.

Salários e força de trabalho

O rendimento médio real do brasileiro, de R$ 2.295,00, ficou estável nas comparações tanto com o trimestre anterior quanto em relação ao mesmo período do ano passado.

Se somadas as pessoas desempregadas, as subutilizadas por jornadas de trabalho menores e o número de pessoas com potencial de trabalho, o índice chega a 24,9%. A alta foi de 0,7 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, encerrado em janeiro de 2019 (a taxa foi de 24,2%) e alta de 0,4 pontos em relação ao trimestre encerrado em abril de 2018, quando a taxa era de 24,5%.

O número de brasileiros fora da força de trabalho chegou a 65 milhões de brasileiros

FONTE: CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES (CUT)

https://www.cut.org.br/noticias/cresce-o-desemprego-no-brasil-ja-sao-13-2-milhoes-segundo-ibge-e1b1